sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

PODE??? - Ensinar o "padre nosso" ao "vigário"



Como quase sempre faço quando passo lá à porta, porque gosto deste santo e desta igreja onde estão sempre a acontecer coisas (desta vez, por volta das 4 da tarde, decorria uma missa em língua francesa) entrei na Igreja de Santo António. Foi a primeira vez que lá entrei depois de ter ido à procissão em Junho do ano passado ("COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão de Santo António", de 13 de Junho de 2016) e reparei que a imagem de Sto. António que está no altar-mor é igualzinha à que desfila na procissão mas lá no alto, e no meio dos floreados do altar, pareceu-me muito mais pequena. Quando saí estava à porta, já na rua,  um “guardião do templo”, identificado por uma plaquinha pendurada ao peito, e resolvi perguntar-lhe se era aquela imagem que desfilava na procissão. Disse-me que era uma réplica daquela, exactamente do mesmo tamanho mas ligeiramente menos pesada, que costuma estar guardada e só é exposta na igreja, num altar lateral, por uns dias, antes de sair em procissão. Tendo eu ficado com uma curiosidade em relação à procissão: para onde vão todos os santos de Alfama e arredores que nela participam quando o Sto. António recolhe à sua igreja, perguntei-lhe também. Resposta dele “O Sto. António vai sozinho, não há mais santos na procissão.”. Contrariei-o “Desculpe mas está enganado, o Sto. António sai daqui sozinho mas depois vai buscar todos os santos da vizinhança e quando regressa aqui todos esses santos, S. João da Praça, S. Miguel, Sto. Estevão, S. Vicente e S. Tiago vêm à frente dele.”, o homem muito admirado “Está a falar a sério? Nunca reparei e já trabalho aqui há 5 anos.”, eu garanti que estava a falar a sério e que tinha a certeza que a procissão ia integrando todos esses santos, à frente do Sto. António, no percurso que fazia. Um outro “guardião do templo”, mais velho do que o primeiro e natural de Alfama segundo disse depois, que se tinha aproximado entretanto,  meteu-se na conversa dizendo que eu tinha razão e explicando que os outros santos ficavam “a lanchar” no Largo da Sé enquanto decorria a missa que encerra a procissão na Igreja de Sto. António, recolhendo depois às igrejas respectivas. O primeiro “guardião do templo” com quem falei fica tão stressado com a confusão que se gera à porta da igreja no final da procissão, com magotes de pessoas a tentarem entrar na igreja que já está cheia com pessoas que não foram à procissão, e a ter de cumprir o seu trabalho que é garantir que o Sto. António consegue entrar na igreja são e salvo no meio do caos, que nunca reparou que antes de o Sto. António chegar passam cinco outros santos nos seus andores. E fui eu, com as minhas curiosidades, que fui ensinar o “padre nosso” ao “vigário”, no caso, ensinar que o Sto. António leva cinco santos na procissão a um “guardião do templo” de… Sto. António…

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

HISTÓRIAS ANTIGAS - Colegas estranhos - história nº2 do Sr. L

Na casa de banho dos homens da empresa estavam uns armários roupeiro metálicos que tinham sido usados, na época em que a empresa tinha uma indústria a funcionar naquelas instalações, para os funcionários da fábrica guardarem as suas roupas quando vestiam a roupa-farda que usavam para trabalhar. Um dia recebi ordem da administração da empresa para tratar de organizar a mudança dos ditos armários para outro edifício onde iriam ser utilizados com outro fim. Fui à casa de banho dos homens, acompanhada de um colega homem a quem pedi que me antecedesse não fosse eu surpreender alguém nos urinóis (que não me incomodaria mas era provável que incomodasse quem fosse por mim apanhado), ver os ditos armários, para poder depois organizar o seu transporte, e descobri que um deles estava fechado à chave e a chave não estava na fechadura. Indagado o colega que me acompanhava se sabia quem - e para quê - usava aquele armário ele disse-me que era o Sr. L que o usava para guardar uma toalha e mais umas tretas que não faziam falta nenhuma mas que o Sr. L, com as suas manias, achava não só necessárias como tão preciosas que tinham de estar aferrolhadas. Fui falar com o Sr. L que estava no seu posto de trabalho, uma secretária do Departamento Administrativo que funcionava num 'open-space'. Num tom de voz normal e com toda a educação e cordialidade expliquei-lhe que tinha recebido ordens para enviar os armários para outro edifício e pedi-lhe para retirar as coisas dele do armário que estava a usar e deixar a chave na fechadura. Com o ar mais arrogante do mundo respondeu-me, alto e bom som "Tiro as minhas coisas se me apetecer, se não me apetecer não tiro!". Odeio estupidez e arrogância e por isso, também alto e bom som, respondi-lhe "Então vou pôr o assunto de outra maneira: os armários vão ser transportados para o outro edifício conforme as ordens da administração que recebi. Se o Sr. L lhe apetecer tirar as suas coisas e deixar lá a chave seguem todos vazios e com chave na fechadura. Se o Sr. L não lhe apetecer tirar de lá as suas coisas aquele armário é levado fechado, com as suas coisas lá dentro e eu vou informar a administração que é o Sr. L quem tem a chave porque não lhe apeteceu tirar as coisas que lá guarda!" E virei-lhe as costas indo embora mas ainda vi que ele - que era muito branquinho - tinha ficado vermelho que nem um pimento. Quando me virei quase me ia desmanchando a rir porque todos os colegas dele estavam a rir desalmadamente embora de forma mais ou menos disfarçada, o que o deve ter deixado ainda mais vermelho e mais furioso. E, claro!, tirou as tralhas dele do armário e deixou lá a chave, como devia ter aceitado fazer ao meu primeiro pedido.