segunda-feira, 27 de julho de 2015

DE PASSAGEM - Estereótipos

Estava eu sentada num banco de jardim comendo uns bolinhos de queijo (de São Jorge, comprados no Espaço Açores, muito bons) quando um homem veio sentar-se no banco ao meu lado. Eu estava mesmo alapada no meio do banco e cheguei-me mais para a ponta oposta, para lhe dar mais espaço e ficar também eu com mais distância dele. Ele disse "obrigado" e eu respondi "de nada". Depois reparei que ele estava com um cigarro e um isqueiro na mão, nitidamente hesitando em o acender dada a minha presença e o facto de eu estar a comer. E disse-lhe "Pode fumar à vontade, sou fumadora, não me incomoda que fume mesmo eu estando a comer.". Ele fez um ar espantado e disse "Fala português muito bem." Eu ri-me "Claro! Sou portuguesa.", e ele "É???? Não parece nada!". Ainda tentei que ele me explicasse porque é que eu não parecia nada portuguesa mas ele apresentou-se "João Smart" e lançou-se numa converseta de que falava inglês "very good", que o pai dele era inglês (daí o "Smart") e etc.. Fui-lhe dando alguma  "trela" (pouca, só o suficiente para manter a conversa, que me estava a divertir, mas sem dar azo a esticanços) e algum tempo depois ele foi levado por um amigo que queria que ele o acompanhasse não sei onde. Mas sei perfeitamente porque é que ele achou que eu não era portuguesa. Porque o estereótipo da portuguesa cinquentona não anda a passear sózinha,  não se senta a comer um farnel num banco de jardim, quem faz isso são as estrangeiras turistas ou residentes.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

DE PASSAGEM - A história estava mesmo mal contada

Isto também podia chamar-se "eu dava um bom investigador criminal", eh! eh! Em 24 de Abril passado publiquei uma mensagem "DE PASSAGEM - História mal contada", sobre um assassínio acontecido na Rua Morais Soares. Na altura achei que a história contada pela filha da vítima tresandava a mentira e que tinha sido ela própria a matar o pai. BINGO! Acabo de ver uma notícia sobre o assunto e foi isso mesmo que a polícia concluiu. Matou o pai para o roubar e depois engendrou a história do homem das telecomunicações que a tinha agredido e deixado KO mal ela lhe abriu a porta.

COISAS QUE EU DETESTO - Falta de condições para ser peão

Fiz um trajecto a pé do Saldanha até ao Rossio indo pelas ruas paralelas à Fontes Pereira de Melo até à Rua de São Sebastião da Pedreira, que desci, seguindo pelas ruas de Santa Marta e São José. E encontrei várias situações de travessia de peões de um total absurdo, que obrigam os peões a atravessar em risco ou a ter de dar voltas e reviravoltas para atravessar em segurança. Uma das travessias, junto a um cruzamento de 3 ruas,com passadeiras e semáforos, obriga o peão a atravessar metade da rua até ao passeio central, depois a atravessar o corte do passeio central correspondente à passagem de automóveis do cruzamento, depois atravessar para a "ilha" de passeio entre as outras duas ruas e atravessar novamente sendo que lhe é apenas permitido atravessar para um dos lados de qualquer uma dessas ruas. Ou seja, se o peão apenas quer atravessar a rua que tem o passeio central, onde circula, bem pode andar mais uns bons metros até outra passadeira porque naquela não tem como. E se quiser ir para uma das outras ruas é obrigado a ir para a direita de uma e para a esquerda da outra tendo também de andar uns bons metros para atravessar em segurança para o lado oposto. Noutro cruzamento/entroncamento o peão que circula do lado da rua onde a outra entronca não tem passadeira nem para atravessar essa rua nem para atravessar para o outro lado da rua onde circula, se quiser atravessar numa passadeira, ou volta para trás muitos metros, ou tem de ir até ao fundo da outra rua, atravessar e voltar a fazer toda a rua. E na travessia de outro cruzamento, entre 4 ruas, com passadeiras e semáforos que permitem ao peão ir de um lado ao outro linearmente seja qual fôr o trajecto que quer seguir, de um dos lados a passadeira está exactamente em frente a uma garagem de um prédio (de onde, durante os minutos que eu esperei que o sinal ficasse verde para mim, sairam três automóveis) obrigando o peão a esperar desviado do local de travessia, e do outro lado grades colocadas pela polícia a sinalizar um buraco no passeio impediam totalmente a circulação no dito passeio (apesar de o buraco não ocupar o passeio todo) e ainda havia um automóvel estacionado mesmo no local da grade, por acaso uma curva no cruzamento oblíquo de duas das ruas, que obrigava o peão a circular pelo meio da rua.
Além disto, ainda me deparei com vários, muitos, troços de passeio totalmente obstruídos, por estacionamento, por obras, ou por prédios em risco de ruína ou buracos no piso. É assim que Lisboa trata os seus peões. E depois admiram-se que haja um enorme quantidade de atropelamentos e pouca gente a andar a pé.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

COISAS DE QUE EU GOSTO - O à vontade dos putos

Num café, uma senhora que estava sentada ao balcão com duas crianças, um menino e  uma menina, de uns 7 ou 8 anos, vem perguntar se eu estou para sair, para ficar atenta e vir ocupar a mesa onde estou sózinha logo que eu saia, pois ficou no balcão porque as mesas estão todas ocupadas mas preferia estar numa mesa. Eu estou, de facto, quase a sair mas digo-lhe que não precisa esperar que eu saia, que podem vir os três sentar-se ao pé de mim. Eles vêm. e os putos sentam-se primeiro, à minha frente, porque a senhora ainda fica para trás  a trazer do balcão para a mesa o que eles estavam a comer e beber. O menino, assim que se senta, no lugar mesmo à minha frente, diz-me, olhando para mim olhos nos olhos e tratando-me por tu, como se eu fosse uma velha conhecida, "Sabes?!? Eu tenho um traumatismo craniano.", respondi-lhe "Como fizeste isso? Bateste com a cabeça onde?" e ele "Caí das cavalitas de um amigo." Entretanto a senhora também se sentou e eu disse-lhe "Ele contou-me que fez um traumatismo craniano, é a aventura do dia dele." Ele corrigiu-me logo o "fez", "Eu TENHO um traumatismo craniano, ainda tenho!". Conversei mais um pouquinho, também com a senhora, que também se mostrou à vontade para conversar com uma desconhecida, e depois fui embora. Mas adorei aquele à vontade, que eu também tenho, embora tenha 8 anos mais 50, mas que a maior parte dos adultos não tem. Já por várias vezes ofereci a mesa onde estou sózinha a desconhecidos que estão à espera e depois, para não ficarmos todos calados numa situação desconfortável para quem está a partilhar uma mesa, sou eu quem tem de puxar conversa. E se por vezes depois de eu "puxar" a conversa flui, outras vezes nem eu "puxando", fica mesmo incómodo e eu fico com vontade de dizer às pessoas que "desofereço" a mesa! Nunca disse mas ainda alguma vez vou dizer...