sábado, 29 de setembro de 2012

PODE??? Ética?



O Conselho Nacional de Ética (de seu nome completo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida), conforme descrito no seu ‘site’,  “é um órgão consultivo independente, que tem por missão analisar os problemas éticos suscitados pelos progressos científicos nos domínios da biologia, da medicina ou da saúde em geral e das ciências da vida” .

Este Conselho emitiu recentemente, a pedido do Ministro da Saúde, um “Parecer Sobre um Modelo de Deliberação para Financiamento do Custo dos Medicamentos” que levantou um coro de protestos, de políticos, de médicos, de administradores hospitalares, de associações de doentes, por propor racionamento no uso de medicamentos em vez de racionalização no uso de medicamentos.

E a Ordem dos Médicos abriu processos aos médicos que integram o  Conselho Nacional de Ética por considerar que o referido documento, ao aconselhar racionamento no uso de medicamentos, vai contra o Código Deontológico dos Médicos.

Uma vez que o Código Deontológico dos Médicos é, como qualquer Código Deontológico, um guia para uma conduta profissional ética...  o actual Conselho Nacional de Ética devia mudar o nome para Conselho Nacional para a Falta de Ética, não?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

COISAS QUE EU DETESTO - Prosélitos religiosos



Não acredito em Deus nem percebo como é que alguém pode acreditar. Mas respeito quem acredita, tem fé, segue uma qualquer religião e não tento convencer nenhuma dessas pessoas de que estão erradas porque Deus não existe, apesar de ter a certeza de que Deus é uma invenção delas. Por isso DETESTO prosélitos religiosos. Hoje estava na Alameda à espera de um autocarro e fui abordada por uma senhora que queria dar-me um jornal. Já anteriormente me tinham dado um jornal naquele local, que eu aceitei porque ia em andamento e porque pensei que era um jornal normal, com notícias de actualidade, dos vários gratuitos que são distribuídos na cidade. Mas quando comecei a lê-lo percebi que era um jornal-prosélito da Igreja Universal do Reino de Deus que tem a sua igreja-sede ali mesmo, no edifício do antigo cinema Império. Por isso desta vez desconfiei e, em vez de aceitar o jornal, perguntei à senhora “Que jornal é esse? É da IURD?”. A senhora confirmou e eu disse “Não quero, obrigada.”. E ela “O que é que tem contra a IURD?”, respondi “Nada de especial. Não sou religiosa de nenhuma religião nem quero ser, é só isso.” Ela aproveitou para levar mais longe o seu proselitismo “Sabe que Deus é paz e que o mundo está assim por as pessoas não praticarem nenhuma religião. Concorda comigo, não concorda?”, obviamente que a minha resposta foi “Não. Não concordo mesmo nada, discordo em absoluto. Eu sou boa pessoa, não faço mal a ninguém, sou uma pessoa de paz e não sou religiosa. E conheço mais imensas pessoas como eu”. E ela, insistente “Mas Deus não é uma religião, Deus é Deus.”. Respondi “Eu não acredito em Deus.”, aí a mulher  perdeu a compostura “Ai não acredita???? Pois vai ver se não chama por ele quando tudo desabar!!!” e eu (apesar de não saber o que era o “tudo” que ia “desabar”) respondi-lhe “Se isso acontecer, quando acontecer, logo se vê, é problema meu!”.  Ela já estava vermelha de frustração e fez a última tentativa de me converter, estendeu-me o jornal, “Mas fique com o jornal na mesma.”, e eu pus ponto final na conversa “Não, não fico. Já lhe disse que não quero o jornal!”. Foi embora furibunda, quase que eu via fumo a sair-lhe das orelhas (pelos vistos acreditar em Deus e praticar uma religião não faz com que ela seja assim tanto de paz, ou teria ficado tranquila com a minha recusa).

domingo, 2 de setembro de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Visitas Cantadas na Mouraria


Cheguei  5 minutos antes da hora marcada e já umas dezenas de pessoas formavam um semi-círculo em frente à entrada da Ermida da Senhora da Saúde. Lá no meio consegui vislumbrar dois músicos sentados e mais 3 ou 4 pessoas. Na hora marcada uma dessas pessoas fez uma breve apresentação do que ia seguir-se, apresentou a fadista e pediu que depois dela cantar seguíssemos os guias. Terminado o fado o grupo dividiu-se em dois, falantes de português de um lado, com um guia que só ia falar português, cerca de 40 pessoas quase todas portuguesas, acho que só 4 ou 5 pessoas, aparentemente familiares umas das outras, eram brasileiras, e falantes de qualquer outra língua do outro lado com um guia poliglota, cerca de 20 pessoas.  E depois do guia ter contado um pouco da história da Mouraria e ter chamado a atenção para a Torre do Jogo da Péla, um resquício da Muralha Fernandina entalada entre dois prédios do outro lado do Largo, e para a placa, no prédio que faz esquina com as Escadinhas da Saúde, que assinala a porta de S. Vicente, de entrada na cidade muralhada de Lisboa, que existiu naquele local, seguimos viagem pela Rua da Mouraria, parámos na entrada da Esquadra da PSP, que está instalada no edifício do Real Colégio dos Meninos Orfãos, para apreciar o portal manuelino com as colunas montadas de cabeça para baixo na reconstrução feita pós terramoto de 1755, (não sei porque não entrámos para ver a azulejaria..., talvez por sermos muitos???), e depois de nova paragem para apreciar os edifícios medievais, com andares de ressalto, (recuperados) na esquina com a Rua do Capelão e ouvir o guia contar a história da Maria Severa cuja casa fica nessa rua (assinalada com uma placa, assim como a casa de Fernando Maurício), foi por ela que seguimos. No larguinho chamado “da Severa” onde a rua termina, houve nova sessão de fado, com o público engrossado por residentes. A fadista começou a cantar colocada entre os dois músicos que a acompanhavam mas a meio do fado, e para melhor interagir com o público, deslocou-se para alguns passos à frente dos músicos. Quando quis regressar ao lugar inicial para começar a cantar outro fado, o lugar estava ocupado por um gato, bem refastelado e com ar de “dono-do-pedaço” que não mostrou a menor intenção de sair de lá. A fadista comentou isso para o público dizendo que o gato, pelos vistos, gostava de fado. Um residente na assistência esclareceu que o gato era uma gata e se chamava Severa. E a Severa lá ficou até ao fim do espectáculo em que a fadista cantou mais 3 ou 4 fados, todos muito conhecidos e permitindo a participação da assistência, cantando refrões, ou lá-lá-lá, ou batendo palmas. A fadista e os músicos despediram-se e nós continuámos com o guia. Que nos mostrou um registo de azulejos (São Marçal e Santa Bárbara) num prédio ali mesmo, e depois a tasquinha “Parrerinha” com uma esplanada coberta de parreira já na Rua da Guia e que integra a “Rota das Tasquinhas e Restaurantes da Mouraria”, e um pouquinho mais acima a janela do último andar de um dos prédios onde o morador colocou uma “placa toponímica” com o nome do Fadista Fernando Maurício, em protesto por a CML ter dado o seu nome a uma rua em Marvila em vez de ali, na Mouraria, onde ele nasceu e viveu. Mal o guia nos tinha resumido esta história e o residente pôs um fado de Fernando Maurício a tocar para a rua e veio à janela reiterar de viva voz o seu protesto por a CML ter dado o nome de Fernando Maurício a uma rua em “Chelas”. Conheço a rua, que fica em Marvila, tal como Chelas, mas num bairro novo e bonito, a Urbanização do Vale Formoso, em Braço de Prata, (e fiquei a pensar que talvez também fosse bom organizar visitas dos Mourarianos antigos ao resto da cidade pois, pelos vistos, para eles tudo o que fica para oriente da zona histórica é “Chelas”, ou, pelo menos, toda a Marvila é “Chelas”). Mais à frente, no Largo das Olarias, encontramos a Ermida do Senhor Bom Jesus da Boa Sorte (que o guia disse ser de Nossa Senhora da Boa Sorte, lapso desculpável já que o guia não é um profissional mas sim um guia-voluntário) e seguimos atravessando a Rua dos Lagares e subindo a Calçada do Monte onde virámos para a Travessa da Nazaré que percorremos até ao Antigo Palácio dos Távora, onde funciona a Associação Desportiva da Mouraria que visitámos. A casa é belíssima e possui um terraço com uma vista espectacular. Também gostei da associação, há mais de 30 anos que não entrava numa associação do género e a sensação foi de “regresso ao passado”. Ignorando pequenos pormenores que remetem para a actualidade, como por exemplo uma fotografia da fadista Carminho, toda a decoração e ambiente são iguaizinhos às minhas memórias de há 30 anos.  Depois descemos até à Rua das Olarias, passando por uma antiga Vila Operária para a qual o guia nos chamou a atenção, para grande desagrado de um morador que ia a entrar  e o ouviu e que nos gritou, furioso, que aquilo não era uma Vila Operária, era “Privado”,  e seguimos, descendo,  até à Rua do Bem Formoso, regressando ao ponto de partida.

Esta foi a minha primeira Visita Cantada na Mouraria, na 6ª feira 24 de Agosto, que fiquei a saber durante a visita ser o Percurso 2 destas visitas, e que adorei.

Ontem repeti para fazer o percurso 1. E também gostei. O guia era outro, por coincidência a fadista era a mesma – Teresa Tapadas, uma pessoa agradável e simpática com óptima interacção com o público – mas o reportório que cantou foi diferente. E, claro, o percurso, a partir do Largo da Severa, também foi diferente, e muito mais curto. O guia ainda nos levou, num sobe e desce pela Rua João de Outeiro, até à Rua Marquês de Ponte de Lima, e eu aproveitei para indagar ao guia o nome das duas igrejas existentes nessa rua e num Largo num dos topos dela (só uma delas visível do ponto onde estivemos) que conheço das minhas deambulações por conta própria pela Mouraria mas das quais ainda não tinha conseguido ter a certeza do nome, cada uma junto de seu palacete (aos quais provavelmente pertenceriam???), junto do Palácio da Rosa a Igreja de São Lourenço, e junto ao Coleginho a Igreja de Nossa Senhora do Socorro. Os divertimentos espontâneos e imprevistos desta vez resumiram-se à senhora que durante o espectáculo no Largo da Severa se juntou ao coro do restante público, no refrão de “Canto o Fado”, fora de tempo, em altos berros e completamente desafinada. A gata Severa não apareceu mas foi mencionada pela fadista, que perguntou por ela. E um residente (o dono?) esclareceu que estava a dormir num local fresquinho por estar muito calor.

Estas Visitas, e outros eventos na Mouraria, são organizadas pela Associação Renovar a Mouraria (ligação para a página da associação abaixo).
Associação Renovar a Mouraria 











quinta-feira, 2 de agosto de 2012

BANALIDADES - Adeus Geca


Ontem, por volta da meia-noite, a Geca iniciou um movimento inusual. Caminhou decidida uns 50 cm, em paralelo ao tecto, na direcção da janela. Parou. Arrancou de novo poucos minutos depois e caminhou quase um metro, em linha recta, parede abaixo. Voltou a parar. Mais uns minutos e arrancou de novo, voltando a subir, uns 30 cm em diagonal, na direcção da janela. Voltou a parar. Depois andou mais um pouquinho e voltou a parar, e voltou a andar mais um pouquinho e voltou a parar, e voltou a andar mais um pouquinho e deixei de a ver porque ficou atrás do cortinado. Ainda espreitei pelo lado de fora da janela (que estava aberta) a ver se a via passar, mas ela tinha com certeza feito mais uma das suas paragens, não apareceu. Fui dormir. Esta manhã ela não estava visível. Procurei-a por todo o lado e nada, nem em casa, nem na varanda, não encontrei a Geca. Espero que tenha resolvido ir-se embora de vez por não ter comida suficiente. Os mosquitos não aparecem cá em casa e as moscas, que costumam aparecer em abundância quando não tenho o mosquiteiro a proteger a janela, como aconteceu durante a estadia da Geca,   também não apareceram em abundância. Mas ainda temo que a Geca tenha apenas resolvido ir buscar a família...

segunda-feira, 30 de julho de 2012

BANALIDADES - A Geca


Tenho uma Geca no tecto da sala. Vi-a no muro da varanda anteontem mas depois desapareceu e pensei que se tinha ido embora. Afinal tinha resolvido entrar sem ser convidada. Não posso dizer que a presença dela me agrade mas as alternativas agradam-me ainda menos..., sou incapaz de a matar, a minha capacidade de exterminar animais abrange apenas insectos, e também sou incapaz de lhe tocar pelo que apanhá-la para a pôr fora não é opção. Pensei que se fosse embora durante a noite mas enganei-me, continua instalada no tecto da sala. Resta-me portanto esperar que ela resolva sair e torcer para que enquanto cá estiver não me caia em cima, ou, eventualmente, descobrir alguém que seja capaz de agarrá-la e que possa vir cá a casa  pô-la fora. Até lá tenho um anti-insectos natural em funcionamento, o mosquiteiro que tenho na janela está aberto desde que ela entrou, porque acho que com ele fechado é mais difícil ela  sair, e o facto é que as moscas que entram desaparecem rapidamente pelo que presumo que ela as cace. É uma osga vulgar e pequenina, uma Gequinha. Na ‘googlagem’ que fiz para tentar descobrir uma maneira de me livrar dela, sem ter de a matar nem de lhe tocar, (que não descobri, as soluções que encontrei não são exequíveis, fazer uma fumigação com ervas que não eram especificadas e portanto não sei que ervas são, e borrifá-la com água que iria, evidentemente, molhar os móveis, as almofadas, os livros e ainda ia fazer com que ela me caisse em cima na fuga) fiquei a saber que é uma osga-comum, de seu nome científico Tarentola-mauritanica, um réptil da família das Gekkonideas, e que, pelo tamanhinho que tem, é uma junior. E fiquei também a saber que “fala”, ou seja, emite ruídos, ao que li uma espécie de grito para se comunicar com as suas parentes. Até agora a “minha” Geca tem estado caladinha, mas foi bom ficar a saber que pode gritar pois se resolver fazê-lo vou saber que é ela a “falar” em vez de ficar a pensar de onde provém o “grito”. Esta casa, em plena cidade, é invadida por tantos animaizinhos que parece que estou no meio do campo. Dos pombos às formigas voadoras passando pelas osgas, fico com tantos conhecimentos da vida animal que qualquer dia posso seguir o exemplo do ministro Relvas e pedir equivalência a uma licenciatura em biologia... eh! eh!. 

sábado, 23 de junho de 2012

DE PASSAGEM - Piricó


Estava eu muito bem sentada a ler o jornal, sem música nem TV ligadas aproveitando a tranquilidade dos fins de semana em que há muito pouco trânsito aqui na rua, quando comecei a ouvir uma barulheira infernal – e, obviamente, inusitada - de motas. Parecia que, de repente, estavam a circular centenas de motas aqui na rua. Fui à janela, claro! O que parecia... era mesmo. Centenas de motas, com os ‘motards’ todos de ‘T-shirt’ branca com uma fotografia de uma cara estampada na frente, a acelerar e fazer ‘raters’ acompanhando um carro funerário. E ainda vários carros, um dos quais com uma buzina imitando o ruído de uma aceleração e um ‘rater’ de mota. Depois alinharam as motas todas em frente à entrada do cemitério, parando o trânsito, e fazendo barulheira com acelerações e ‘raters’. Finalmente percorreram o cemitério já a pé mas com um de mota lá no meio a fazer barulho e gritando e batendo palmas, “Quem é que é o maior?”, “Piricó! Piricó! Piricó!”, clap-clap-clap, VRUMMM! VRUMM! PÁ! PÁ! Estranhamente a iniciar o cortejo ia um carro funerário com um caixão logo seguido de um grupo de 'motards' apeados e carregando outro caixão?!?!?! Quando passaram aqui à porta só vi um carro funerário, o mesmo que vi passar já dentro do cemitério. Será que o 2º caixão levava a mota do falecido ‘motard’ Piricó? 

Desde que moro aqui que já me habituei a funerais ruidosos, de militares, sempre com paragens de trânsito e salvas de tiros à entrada do cemitério, e de ciganos, que não param o trânsito nem fazem nenhuma cerimónia à porta do cemitério mas têm  carpideiras que fazem uma gritaria e uma choradeira  que se ouve em toda a zona. Mas funeral de ‘motard’ nunca tinha assistido e pelos vistos é o mais ruidoso de todos.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

DE PASSAGEM - no autocarro 2


O autocarro transportava pouca gente. Algumas pessoas iam de pé mas porque queriam, existiam vários lugares sentados vagos. Reparei num casal muito bem vestido, o homem de fato apesar do calor que estava, porque os vi correr desenfreadamente para apanhar o autocarro e porque eram nitidamente índios, achei que seriam brasileiros ou, pelo menos, sul ou centro americanos. Um pouco depois deste casal ter entrado no autocarro, na primeira paragem depois da inicial onde eu o tomara, comecei a ouvir uns “ais”, repetidos e sonoros, que pareciam de uma mulher a ter um orgasmo. Eu vinha sentada no penúltimo banco pelo que tinha uma boa visão de todo o autocarro. Achei que os “ais” eram uma brincadeira parva de alguma das passageiras adolescentes (3 ou 4). Estava observando todas as passageiras adolescentes para tentar descobrir quem era a emissora dos “ais” - e ainda só tinha conseguido eliminar a que ia no banco logo à frente do meu, (apesar de ela ir tão enrolada num namorado que até podia estar mesmo a ter um orgasmo), porque os “ais”, sem sombra de dúvida, estavam a ser emitidos mais longe de mim -, quando vejo uma passageira, não adolescente mas sim trintona, sentada na coxia meio autocarro à minha frente, ter uma espécie de “espasmo” e quase cair do banco em simultâneo com mais um sonoro “ai”. Nesse momento o senhor bem-vestido, que ia em pé logo à frente da ‘aiadora’, segurou-a e colocou-lhe a mão aberta sobre a cabeça. Houve quem pedisse ao motorista para parar e chamar uma ambulância. O homem parou e veio ver o que se passava. O ‘bem vestido’, sempre com a mão colocada na cabeça da ‘aiadora’, ajudou-a a mudar-se da coxia para a janela e a ‘bem vestida’ que o acompanhava sentou-se ao lado. Não houve mais “ais” nem mais espasmos. O motorista regressou ao seu lugar e o autocarro retomou a marcha. Na paragem seguinte o ‘bem vestido’ saíu. A ‘bem vestida’ que o acompanhava ficou no autocarro, mas voltou a pôr-se de pé. Uma senhora velhota, que ia no banco atrás da ‘aiadora’, e que entretanto tinha metido conversa com ela, mudou-se para o lugar ao lado dela. Essa velhota e outros passageiros próximos comentaram que a ‘aiadora’ tinha tido um ataque de epilepsia. Mal o autocarro arrancou da paragem a dita velhota pôs-se de pé e pediu para o motorista parar para deixar sair a ‘aiadora’, porque tinha acabado de descobrir que a dita cuja queria ir para o Largo do Rato (o autocarro de que falo ia da Alameda para Chelas, ou seja, para um lado totalmente oposto ao Largo do Rato). E sairam ambas. 
Eu fiquei com a sensação de ter acabado de assistir a uma sessão da IURD...  Os ais e o espasmo, não foram um ataque de epilepsia, (sei o suficiente sobre eplilepsia para ter a certeza disto), a aposição da mão aberta na cabeça da fulana é um gesto usado pelos pastores da IURD nos seus “exorcismos” (já vi na TV). A minha dúvida é se a ‘aiadora’ era meia maluca e aquela cena toda foi só e apenas porque entrou em pânico quando percebeu que estava no autocarro errado, e a atitude do ‘bem vestido’, mesmo que seja pastor da IURD, foi apenas uma atitude solidária, e casual, para a acalmar?!?!?!? ou se toda a cena foi mesmo uma cena, uma encenação da IURD, uma forma “em espectáculo” (tão ao gosto da IURD) de proselitismo?????

quarta-feira, 23 de maio de 2012

BANALIDADES - Formigas Voadoras


A minha casa de banho sofreu uma invasão de jovens formigas-rainhas em busca de local para porem seus ovinhos e criarem um novo formigueiro. Devem ter nascido em algum formigueiro próximo da janela da casa de banho, (e das janelas das escadas, que ficam ao lado e  que elas também invadiram), e devem ter-se enfiado pelas janelas ou por engano, ou porque se enfiam mesmo por qualquer sítio. E tiveram azar... (e eu também).

Bom, pelo menos esta foi a explicação que encontrei, depois de algumas pesquisas via ‘google’, para a invasão de formigas aladas que aconteceu, há dias, como já referi, na casa de banho de minha casa e nas escadas do prédio. Elas vieram a voar e entraram pelas janelas.

Houve duas invasões em dois dias seguidos, no primeiro dia entraram muitas mais nas escadas do que na casa de banho, algum vizinho as exterminou e os cadáveres faziam um monte de alguns centímetros no peitoril da janela da escada,  no segundo dia foi ao contrário, muitas mais na minha casa de banho. E na primeira vez devo ter apanhado a invasão logo que aconteceu. Na segunda só dei por isso algum tempo depois pelo que elas já tinham “ocupado” o território (e vá lá, vá lá, não tinham – ainda – saído da casa de banho), algumas já não tinham asas e havia ovos de formiga pelos cantos. Isto eu observei. E, ignorante de formigas, não percebi nada. Mas fiquei curiosa. Depois, na pesquisa sobre o assunto, descobri  que só podiam ser as tais jovens rainhas porque fazia todo o sentido com o que encontrei relatado sobre o assunto.

As formigas-jovens-rainhas de um formigueiro são fecundadas, matam o macho, ganham asas e voam para outro local, para fundar um novo formigueiro, põem os ovos e arrancam as asas pois já não precisam mais de voar, as asas já cumpriram a sua missão.

As “minhas” formigas-aladas não eram formiguinhas daquelas que costumam assolar as casas, eram formigas grandonas daquelas que se vêem nos jardins. Não sei se as formiguinhas também têm esta estratégia alada de expansão???? Também não sabia que estas tinham, descobri agora com a  experiência. Que foi péssima na parte em que fui obrigada a pulverizar Bio-Kill por toda a casa de banho e depois limpar o Bio-Kill e os cadáveres de formiga. Mas..., pensando positivo, foi uma boa experiência,  digamos, intelectual.. (eh!eh!), levou-me a conhecer  um pouco da vida das formigas.

domingo, 13 de maio de 2012

DE PASSAGEM - 'Vox Populi' na Procissão


“O São Jorge já está atrasado, nem parece inglês.”
 (não estava atrasado, a procissão iniciou-se pontualmente na hora marcada)

“Esta procissão é muito antiga, começou por causa da guerra”
(o culto, como o nome "da Saúde" da Nª Senhora indica, começou por causa da peste, não da guerra)

“Olha, olha, até cá está a Mocidade Portuguesa.”
(a “Mocidade Portuguesa”, que era uma instituição do Estado Novo  que, obviamente, deixou de existir há décadas, era, no caso e na realidade, um batalhão de militares do Regimento de Transmissões de Odivelas com farda caqui)

“Olha o António Costa, este é socialista mas pelos vistos converteu-se.”
(António Costa é o presidente da câmara da cidade que, evidentemente, participa na procissão independentemente de ser ou não devoto, a sua participação é o cumprimento de uma tradição)

Miúda vendo a imagem de São Jorge a cavalo: “Ó Mãe, quando as pessoas morrem depois põem-nas em cima de um cavalo, não é?”

Velhota para outra velhota que a acompanhava e  que apanhou um bocado de rosmaninho do chão antes da procissão passar, “Deita fora, esse não presta, ainda não foi pisado por Nª Senhora”.
(nos dois anos que assisti a procissão o que vi foi quase toda a gente a apanhar o rosmaninho, às molhadas, mal é lançado da camioneta que precede a procissão, - no ano passado até assisti cenas de pancadaria por causa do rosmaninho que a polícia teve de acalmar -, mas acho que o que esta velhota disse faz sentido embora por motivos diferentes dos dela, o rosmaninho supostamente deveria ficar no chão até a procissão passar,  para libertar o seu perfume ao ser pisado.)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão da Senhora da Saúde (3)


O que eu descobri sobre a Senhora da Saúde e a sua procissão acompanhada de mais 4 santos:

A Ermida foi mandada construir em 1500 e poucos pelos Artilheiros do Castelo de S. Jorge, em honra de S. Sebastião e em agradecimento a terem sido poupados a uma epidemia de peste, criando a Irmandade de S. Sebastião.
Em 1565, por causa de outra epidemia de peste que entretanto passou e em agradecimento a Nª Senhora,  que  tinham invocado para os livrar da peste, o povo e a nobreza de Lisboa mandaram fazer uma imagem de Nª Senhora à qual chamaram "da Saúde". Esta imagem foi colocada no oratório do Real Colégio dos Meninos Orfãos (edifício ainda hoje existente, um pouco mais adiante e do lado oposto da Ermida, na Rua da Mouraria) e criou-se a Irmandade de Nª Senhora da Saúde para tomar conta dela.Em 1662, por causa de um diferendo havido entre a Irmandade de Nª Senhora da Saúde e a admnistração do RCMO,  as duas irmandades juntaram-se numa única, a Irmandade de Nª Senhora da Saúde e S. Sebastião e a imagem de Nª Senhora da Saúde passou a "morar" na ermida de S. Sebastião que também tomou o nome de Nª Senhora da Saúde, "roubando" o lugar principal ao S. Sebastião que, no entanto, continuou a "morar" na ermida embora relegado para um papel secundário. Esta Ermida de Nª Senhora da Saúde teve protecção real e em 1861 foi-lhe concedida a dignidade de capela real. Em 1871 a Condessa de Edla (à época viúva do Rei D. Fernando II) criou a Real Irmandade de Sto. António Lisbonense e instalou-a na Ermida de Nª Senhora da Saúde. Santa Bárbara é, como S. Sebastião, padroeira dos artilheiros pelo que também "mora" na ermida.

A 1ª procissão aconteceu em 1570 e continuou sempre sem interrupções até 1910 (implantação da república) altura em que deixou de se fazer, tendo recomeçado a fazer-se em 1940. Voltou a deixar de se fazer com o 25 de Abril e foi retomada novamente em 1981. Além da Senhora da Saúde, seguem na procissão: S. Jorge, que vem do Castelo de S. Jorge, montado num cavalo e acompanhado de uma banda militar também a cavalo e faz uma cerimónia de cumprimento à Senhora da Saúde quando chega, (e quando parte), e que abre a procissão. Seguem-se Santa Bárbara, Santo António, São Sebastião, e a Senhora da Saúde que encerra a procissão, todos acompanhados da Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e São Sebastião e da Irmandade de Santo António Lisbonense. Integram também a procissão elementos de todos os ramos das Forças Armadas e algumas respectivas bandas de música, PSP e a respectiva banda de música, Bombeiros, Cruz Vermelha, Voluntários dos Hospitais Civis de Lisboa, várias irmandades e confrarias de igrejas da cidade (S. Roque, Anjos, etc), 1ª Dama, Presidente da Câmara, Bispo das Forças Armadas e, claro, povo anónimo.

Seguindo a tradição, antes da procissão a imagem da santa é vestida com um manto (tem mais de vinte mantos) e é coroada, missão que, antigamente, estava a cargo das rainhas, e agora é da responsabilidade da primeira-dama. Noutros tempos, a investidura da imagem, que culminava com a imposição da coroa, era uma cerimónia íntima, reservada apenas a mulheres (da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de S. Sebastião). Hoje, a cerimónia de colocar o manto  ainda é efectuada à porta fechada, mas a imposição da coroa já pode ser presenciada. Alvo de grande devoção, a Senhora da Saúde tem recebido, por parte dos fiéis, inúmeras ofertas, nomeadamente mantos valiosos.

terça-feira, 8 de maio de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão da Senhora da Saúde (2)


Sei da existência da Procissão da Senhora da Saúde de Lisboa desde a infância, vivida longe de Lisboa, por causa duma história, contada pela minha avó materna e passada na infância dela vivida em Lisboa. Estava com a mãe dela e as irmãs na dita procissão e houve pancadaria e grande rebuliço e a minha bisavó correu, para fugir da confusão, levando a filha mais nova pela mão, e dizendo às outras duas para a seguirem e não a perderem de vista. A minha avó e a irmã mais velha correram atrás da mãe mas, no meio da confusão de montes de gente a fugir,  só não se perderam da minha bisavó porque conseguiram ver sempre o penacho do chapéu que ela usava acima das cabeças da multidão.

Quando vim morar para Lisboa a procissão já não se fazia havia muitos anos, recomeçou a fazer-se por essa altura. Mas eu morava nos arredores de Lisboa e não mesmo na cidade como moro desde há 5 anos, a procissão é pouco publicitada, e passaram anos e anos sem eu satisfazer a curiosidade de ir assistir à dita, curiosidade que, com o passar dos anos, foi aumentando.

Finalmente o ano passado descobri a tempo e horas a data da procissão e fui assistir. Tive a sorte de ir acompanhada por um amigo recente habituado a ir à procissão desde a infância com a mãe, que me explicou todo o cerimonial que ia acontecer,  permitindo-me assistir a tudo o que há de interessante nesta procissão que excedeu,  - e  muito -, as minhas expectativas, fiquei apaixonada.

E percebi o que tinha visto há uns dez anos, num domingo em que subi a pé da Baixa ao Castelo, que na altura achei divertido e bizarro mas não percebi: uma imagem de São Jorge montada num cavalo, acompanhada duma xaranga de cavaleiros da GNR em traje de gala, a descerem para a Baixa.

Mas fiquei intrigada com o porquê de o São Jorge vir do castelo para abrir a procissão e do porquê de, além da Senhora da Saúde e do São Jorge, participarem também da procissão a Santa Bárbara, o Santo António e o São Sebastião.

Pesquisando via ‘internet’ aqui e ali, lá fui encontrando umas informações que me permitiram perceber tudo remontando às origens (conto no próximo ‘post’).

E voltei a ir assistir à procissão este ano, e voltei a adorar. O ritual desta procissão é fantástico (com o São Jorge a vir a cavalo do seu castelo, etc.), a Senhora da Saúde muda de roupa de ano para ano, a maior parte das pessoas que assistem são devotos (e não meros curiosos como eu), que se ajoelham e benzem à passagem da imagem da Senhora da Saúde e que criam um clima emotivo, é uma manifestação interessantíssima do folclore da cidade. Nem sei como é possível haver tantos lisboetas que a desconhecem (incluindo alguns católicos praticantes).

segunda-feira, 7 de maio de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão da Senhora da Saúde (1)

A Senhora da Saúde à espera do São Jorge

Chega São Jorge acompanhado da sua charanga de cavaleiros

São Jorge cumprimenta a Senhora da Saúde

São Jorge e os seus cavaleiros abrem a procissão

São Jorge

Santa Bárbara vem em segundo

Em terceiro vem Santo António

Em quarto São Sebastião

E a Senhora da Saúde encerra a procissão

quarta-feira, 2 de maio de 2012

COISAS QUE NÃO ENTENDO - 1º de Maio consumista

O ponto de vista da cadeia de supermercados que fez a campanha de 50% de desconto no dia 1º de Maio... eu  entendo, embora DISCORDE TOTALMENTE E ABSOLUTAMENTE desse ponto de vista, na realidade acho-o um NOJO TÃO GRANDE que  fiquei com vontade de nunca mais pôr os pés nos ditos supermercados cujo nome estou a omitir propositadamente e pela mesma razão. 
O que eu não entendo  é o  povinho que “embarcou” na promoção aos magotes sujeitando-se a passar horas numa fila para entrar no supermercado, sujeitando-se a fazer compras num supermercado a abarrotar de gente e com stocks permanentemente em ruptura,  portanto sem as mínimas condições para comprar com discernimento e escolha sensata, arriscando-se a comprar o que não precisava, arriscando-se a comprar produtos com o prazo a acabar e sujeitando-se a mais umas largas horas de espera para passar nas caixas e sair do supermercado.  A ganância pelo desconto de 50% fez de certeza muita gentinha gastar dinheiro que lhe vai fazer falta para outras coisas e comprar muita coisa que não lhe faz falta nenhuma. Para já não falar das cenas de pancadaria em que alguns se envolveram. Povinho estúpido, mesquinho e ganancioso que por um desconto se comporta com a mesma avidez que os desgraçados subnutridos e famintos de alguns países africanos que recebem uma distribuição de arroz ou farinha. E nem sequer foram os muitos necessitados que correram para esses supermercados a abarrotarem-se de compras como se em muitos dias seguintes não fosse possível comprar nada em parte alguma, a campanha tinha um valor mínimo de compra e os muito necessitados não têm dinheiro suficiente para gastar esse mínimo. O meu desejo é que esse povinho acabe por ter de deitar fora metade do que comprou porque se estraga antes de ser consumido, espero que muitos alimentos fiquem fora de prazo e impróprios para consumo,  que os vinhos azedem, que os papeis sejam comidos pelas traças e pelos ratos, e que se não levaram uns pêros de outros gananciosos no próprio supermercado, sofram dores nas pernas, nos pés, nas costas pelas longas horas que passaram nas filas.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

COISAS QUE NÃO ENTENDO - Pequenos ridículos

Leggings – há imenso mulherio a usá-las com o “rabo de fora”, isto é, com camisolas ou camisas curtinhas que terminam na cintura, ou acima da cintura, que não cobrem o rabo. Mesmo quando as ‘leggings’ são totalmente ‘outwear’ (ou seja, são de malha grossa opaca, sem costuras nem reforços) e os rabos que as vestem bonitos, bem feitos, parece que se esqueceram de vestir a saia ou os calções mas... enfim...  Acontece que na maior parte dos casos é bem pior, os rabos são gordos, descaídos, feios, e as ‘leggings’ são totalmente ‘underwear’, pouco grossas, pouco opacas, com reforços, com costuras, autênticos ‘collants’ sem pés (o que por vezes nem se percebe, só se suspeita, já que a portadora usa botas ou botins). É tão deselegante e tão ridículo que dá mesmo vontade de ir dizer à mulher em questão que se esqueceu de vestir uma peça de roupa. E pelos olhares, dirigidos a estas (tristes) figuras, que observo em outros transeuntes, olhares de crítica, de escândalo, de escárnio, não sou a única a achar que se esqueceram de vestir uma peça de roupa...

Franjas tapa-olho – é uma moda entre os putos adolescentes, uma franja até à ponta do nariz “artisticamente” penteada para o lado, cobrindo metade da cara  e um olho. Dá para perceber que usam uma franja dessas a “kms” de distância pois muito antes de se ver a franja vê-se o tique comum a todos eles, inclinam a cabeça ligeiramente para a frente e para o lado oposto ao da franja e depois lançam-na para trás, para o lado da franja, com um movimento brusco. Acho que vão levar meses para se livrarem desse tique depois do momento em que decidirem eliminar a franja...

Unhas dos pés impecavelmente arranjadas e pintadas... dentro de sandálias de tirinhas totalmente abertas, expondo todo o pé, com calcanhares nojentos, cheios de calosidades, desidratados, com gretas e às vezes até sujidade. ???? não olham para a parte de trás dos pés? acham que as unhas pintadas são o bastante para ter os pés bonitos? Há muitos calcanhares, em exibição em sandálias, maltratados, com péssimo aspecto, mas quando as unhas estão, quando muito, apenas cortadas... é feio mas coerente, a pessoa não arranja os pés, limita-se a cortar as unhas. Agora quando as unhas são impecavelmente arranjadas, verniz incluído, como é possível deixar o resto do pé em mísero estado?