quarta-feira, 23 de maio de 2012

BANALIDADES - Formigas Voadoras


A minha casa de banho sofreu uma invasão de jovens formigas-rainhas em busca de local para porem seus ovinhos e criarem um novo formigueiro. Devem ter nascido em algum formigueiro próximo da janela da casa de banho, (e das janelas das escadas, que ficam ao lado e  que elas também invadiram), e devem ter-se enfiado pelas janelas ou por engano, ou porque se enfiam mesmo por qualquer sítio. E tiveram azar... (e eu também).

Bom, pelo menos esta foi a explicação que encontrei, depois de algumas pesquisas via ‘google’, para a invasão de formigas aladas que aconteceu, há dias, como já referi, na casa de banho de minha casa e nas escadas do prédio. Elas vieram a voar e entraram pelas janelas.

Houve duas invasões em dois dias seguidos, no primeiro dia entraram muitas mais nas escadas do que na casa de banho, algum vizinho as exterminou e os cadáveres faziam um monte de alguns centímetros no peitoril da janela da escada,  no segundo dia foi ao contrário, muitas mais na minha casa de banho. E na primeira vez devo ter apanhado a invasão logo que aconteceu. Na segunda só dei por isso algum tempo depois pelo que elas já tinham “ocupado” o território (e vá lá, vá lá, não tinham – ainda – saído da casa de banho), algumas já não tinham asas e havia ovos de formiga pelos cantos. Isto eu observei. E, ignorante de formigas, não percebi nada. Mas fiquei curiosa. Depois, na pesquisa sobre o assunto, descobri  que só podiam ser as tais jovens rainhas porque fazia todo o sentido com o que encontrei relatado sobre o assunto.

As formigas-jovens-rainhas de um formigueiro são fecundadas, matam o macho, ganham asas e voam para outro local, para fundar um novo formigueiro, põem os ovos e arrancam as asas pois já não precisam mais de voar, as asas já cumpriram a sua missão.

As “minhas” formigas-aladas não eram formiguinhas daquelas que costumam assolar as casas, eram formigas grandonas daquelas que se vêem nos jardins. Não sei se as formiguinhas também têm esta estratégia alada de expansão???? Também não sabia que estas tinham, descobri agora com a  experiência. Que foi péssima na parte em que fui obrigada a pulverizar Bio-Kill por toda a casa de banho e depois limpar o Bio-Kill e os cadáveres de formiga. Mas..., pensando positivo, foi uma boa experiência,  digamos, intelectual.. (eh!eh!), levou-me a conhecer  um pouco da vida das formigas.

domingo, 13 de maio de 2012

DE PASSAGEM - 'Vox Populi' na Procissão


“O São Jorge já está atrasado, nem parece inglês.”
 (não estava atrasado, a procissão iniciou-se pontualmente na hora marcada)

“Esta procissão é muito antiga, começou por causa da guerra”
(o culto, como o nome "da Saúde" da Nª Senhora indica, começou por causa da peste, não da guerra)

“Olha, olha, até cá está a Mocidade Portuguesa.”
(a “Mocidade Portuguesa”, que era uma instituição do Estado Novo  que, obviamente, deixou de existir há décadas, era, no caso e na realidade, um batalhão de militares do Regimento de Transmissões de Odivelas com farda caqui)

“Olha o António Costa, este é socialista mas pelos vistos converteu-se.”
(António Costa é o presidente da câmara da cidade que, evidentemente, participa na procissão independentemente de ser ou não devoto, a sua participação é o cumprimento de uma tradição)

Miúda vendo a imagem de São Jorge a cavalo: “Ó Mãe, quando as pessoas morrem depois põem-nas em cima de um cavalo, não é?”

Velhota para outra velhota que a acompanhava e  que apanhou um bocado de rosmaninho do chão antes da procissão passar, “Deita fora, esse não presta, ainda não foi pisado por Nª Senhora”.
(nos dois anos que assisti a procissão o que vi foi quase toda a gente a apanhar o rosmaninho, às molhadas, mal é lançado da camioneta que precede a procissão, - no ano passado até assisti cenas de pancadaria por causa do rosmaninho que a polícia teve de acalmar -, mas acho que o que esta velhota disse faz sentido embora por motivos diferentes dos dela, o rosmaninho supostamente deveria ficar no chão até a procissão passar,  para libertar o seu perfume ao ser pisado.)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão da Senhora da Saúde (3)


O que eu descobri sobre a Senhora da Saúde e a sua procissão acompanhada de mais 4 santos:

A Ermida foi mandada construir em 1500 e poucos pelos Artilheiros do Castelo de S. Jorge, em honra de S. Sebastião e em agradecimento a terem sido poupados a uma epidemia de peste, criando a Irmandade de S. Sebastião.
Em 1565, por causa de outra epidemia de peste que entretanto passou e em agradecimento a Nª Senhora,  que  tinham invocado para os livrar da peste, o povo e a nobreza de Lisboa mandaram fazer uma imagem de Nª Senhora à qual chamaram "da Saúde". Esta imagem foi colocada no oratório do Real Colégio dos Meninos Orfãos (edifício ainda hoje existente, um pouco mais adiante e do lado oposto da Ermida, na Rua da Mouraria) e criou-se a Irmandade de Nª Senhora da Saúde para tomar conta dela.Em 1662, por causa de um diferendo havido entre a Irmandade de Nª Senhora da Saúde e a admnistração do RCMO,  as duas irmandades juntaram-se numa única, a Irmandade de Nª Senhora da Saúde e S. Sebastião e a imagem de Nª Senhora da Saúde passou a "morar" na ermida de S. Sebastião que também tomou o nome de Nª Senhora da Saúde, "roubando" o lugar principal ao S. Sebastião que, no entanto, continuou a "morar" na ermida embora relegado para um papel secundário. Esta Ermida de Nª Senhora da Saúde teve protecção real e em 1861 foi-lhe concedida a dignidade de capela real. Em 1871 a Condessa de Edla (à época viúva do Rei D. Fernando II) criou a Real Irmandade de Sto. António Lisbonense e instalou-a na Ermida de Nª Senhora da Saúde. Santa Bárbara é, como S. Sebastião, padroeira dos artilheiros pelo que também "mora" na ermida.

A 1ª procissão aconteceu em 1570 e continuou sempre sem interrupções até 1910 (implantação da república) altura em que deixou de se fazer, tendo recomeçado a fazer-se em 1940. Voltou a deixar de se fazer com o 25 de Abril e foi retomada novamente em 1981. Além da Senhora da Saúde, seguem na procissão: S. Jorge, que vem do Castelo de S. Jorge, montado num cavalo e acompanhado de uma banda militar também a cavalo e faz uma cerimónia de cumprimento à Senhora da Saúde quando chega, (e quando parte), e que abre a procissão. Seguem-se Santa Bárbara, Santo António, São Sebastião, e a Senhora da Saúde que encerra a procissão, todos acompanhados da Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e São Sebastião e da Irmandade de Santo António Lisbonense. Integram também a procissão elementos de todos os ramos das Forças Armadas e algumas respectivas bandas de música, PSP e a respectiva banda de música, Bombeiros, Cruz Vermelha, Voluntários dos Hospitais Civis de Lisboa, várias irmandades e confrarias de igrejas da cidade (S. Roque, Anjos, etc), 1ª Dama, Presidente da Câmara, Bispo das Forças Armadas e, claro, povo anónimo.

Seguindo a tradição, antes da procissão a imagem da santa é vestida com um manto (tem mais de vinte mantos) e é coroada, missão que, antigamente, estava a cargo das rainhas, e agora é da responsabilidade da primeira-dama. Noutros tempos, a investidura da imagem, que culminava com a imposição da coroa, era uma cerimónia íntima, reservada apenas a mulheres (da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de S. Sebastião). Hoje, a cerimónia de colocar o manto  ainda é efectuada à porta fechada, mas a imposição da coroa já pode ser presenciada. Alvo de grande devoção, a Senhora da Saúde tem recebido, por parte dos fiéis, inúmeras ofertas, nomeadamente mantos valiosos.

terça-feira, 8 de maio de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão da Senhora da Saúde (2)


Sei da existência da Procissão da Senhora da Saúde de Lisboa desde a infância, vivida longe de Lisboa, por causa duma história, contada pela minha avó materna e passada na infância dela vivida em Lisboa. Estava com a mãe dela e as irmãs na dita procissão e houve pancadaria e grande rebuliço e a minha bisavó correu, para fugir da confusão, levando a filha mais nova pela mão, e dizendo às outras duas para a seguirem e não a perderem de vista. A minha avó e a irmã mais velha correram atrás da mãe mas, no meio da confusão de montes de gente a fugir,  só não se perderam da minha bisavó porque conseguiram ver sempre o penacho do chapéu que ela usava acima das cabeças da multidão.

Quando vim morar para Lisboa a procissão já não se fazia havia muitos anos, recomeçou a fazer-se por essa altura. Mas eu morava nos arredores de Lisboa e não mesmo na cidade como moro desde há 5 anos, a procissão é pouco publicitada, e passaram anos e anos sem eu satisfazer a curiosidade de ir assistir à dita, curiosidade que, com o passar dos anos, foi aumentando.

Finalmente o ano passado descobri a tempo e horas a data da procissão e fui assistir. Tive a sorte de ir acompanhada por um amigo recente habituado a ir à procissão desde a infância com a mãe, que me explicou todo o cerimonial que ia acontecer,  permitindo-me assistir a tudo o que há de interessante nesta procissão que excedeu,  - e  muito -, as minhas expectativas, fiquei apaixonada.

E percebi o que tinha visto há uns dez anos, num domingo em que subi a pé da Baixa ao Castelo, que na altura achei divertido e bizarro mas não percebi: uma imagem de São Jorge montada num cavalo, acompanhada duma xaranga de cavaleiros da GNR em traje de gala, a descerem para a Baixa.

Mas fiquei intrigada com o porquê de o São Jorge vir do castelo para abrir a procissão e do porquê de, além da Senhora da Saúde e do São Jorge, participarem também da procissão a Santa Bárbara, o Santo António e o São Sebastião.

Pesquisando via ‘internet’ aqui e ali, lá fui encontrando umas informações que me permitiram perceber tudo remontando às origens (conto no próximo ‘post’).

E voltei a ir assistir à procissão este ano, e voltei a adorar. O ritual desta procissão é fantástico (com o São Jorge a vir a cavalo do seu castelo, etc.), a Senhora da Saúde muda de roupa de ano para ano, a maior parte das pessoas que assistem são devotos (e não meros curiosos como eu), que se ajoelham e benzem à passagem da imagem da Senhora da Saúde e que criam um clima emotivo, é uma manifestação interessantíssima do folclore da cidade. Nem sei como é possível haver tantos lisboetas que a desconhecem (incluindo alguns católicos praticantes).

segunda-feira, 7 de maio de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão da Senhora da Saúde (1)

A Senhora da Saúde à espera do São Jorge

Chega São Jorge acompanhado da sua charanga de cavaleiros

São Jorge cumprimenta a Senhora da Saúde

São Jorge e os seus cavaleiros abrem a procissão

São Jorge

Santa Bárbara vem em segundo

Em terceiro vem Santo António

Em quarto São Sebastião

E a Senhora da Saúde encerra a procissão

quarta-feira, 2 de maio de 2012

COISAS QUE NÃO ENTENDO - 1º de Maio consumista

O ponto de vista da cadeia de supermercados que fez a campanha de 50% de desconto no dia 1º de Maio... eu  entendo, embora DISCORDE TOTALMENTE E ABSOLUTAMENTE desse ponto de vista, na realidade acho-o um NOJO TÃO GRANDE que  fiquei com vontade de nunca mais pôr os pés nos ditos supermercados cujo nome estou a omitir propositadamente e pela mesma razão. 
O que eu não entendo  é o  povinho que “embarcou” na promoção aos magotes sujeitando-se a passar horas numa fila para entrar no supermercado, sujeitando-se a fazer compras num supermercado a abarrotar de gente e com stocks permanentemente em ruptura,  portanto sem as mínimas condições para comprar com discernimento e escolha sensata, arriscando-se a comprar o que não precisava, arriscando-se a comprar produtos com o prazo a acabar e sujeitando-se a mais umas largas horas de espera para passar nas caixas e sair do supermercado.  A ganância pelo desconto de 50% fez de certeza muita gentinha gastar dinheiro que lhe vai fazer falta para outras coisas e comprar muita coisa que não lhe faz falta nenhuma. Para já não falar das cenas de pancadaria em que alguns se envolveram. Povinho estúpido, mesquinho e ganancioso que por um desconto se comporta com a mesma avidez que os desgraçados subnutridos e famintos de alguns países africanos que recebem uma distribuição de arroz ou farinha. E nem sequer foram os muitos necessitados que correram para esses supermercados a abarrotarem-se de compras como se em muitos dias seguintes não fosse possível comprar nada em parte alguma, a campanha tinha um valor mínimo de compra e os muito necessitados não têm dinheiro suficiente para gastar esse mínimo. O meu desejo é que esse povinho acabe por ter de deitar fora metade do que comprou porque se estraga antes de ser consumido, espero que muitos alimentos fiquem fora de prazo e impróprios para consumo,  que os vinhos azedem, que os papeis sejam comidos pelas traças e pelos ratos, e que se não levaram uns pêros de outros gananciosos no próprio supermercado, sofram dores nas pernas, nos pés, nas costas pelas longas horas que passaram nas filas.