sábado, 24 de dezembro de 2016

BANALIDADES - Requiem para uma aranha



Ela já estava quando eu cheguei. Como tinha a teia no canto da janela da cozinha junto ao tecto, e nessa zona só está a máquina de lavar roupa, decidi deixá-la ficar. Embora pensando que provavelmente a aranha não iria ter muito com que se alimentar porque eu ponho mosquiteiros nas janelas, para evitar moscas e mosquitos e outros insectos voadores. Mas como não ponho os mosquiteitos completamente herméticos, só colo a rede em cima e em baixo, sempre há um insecto ou outro, geralmente mosquitos pequeninos e borboletas nocturnas também pequenas, que lá vão entrando uma vez por outra. Vi-a uma vez a devorar uma dessas borboletas que tinha capturado na sua teia. E vi-a outra vez a comer outra borboleta, que tinha sucumbido a uma esguichadela de extermina insectos que eu lhe tinha dado, e que ela tinha ido buscar, já cadáver, ao parapeito da bandeira da janela próximo da teia, para onde a borboleta tinha ido morrer e que de onde eu ainda não a tinha tirado. Nessa altura pensei que a aranha estava cheia de fome e também que ia morrer por comer a borboleta envenenada. Mas ela não a comeu. Algum tempo depois largou a borboleta na teia e começou uma actividade frenética para trás e para a frente, entre o centro da teia, onde estava a borboleta, e a bandeira da janela. Suponho que estava a reforçar os fios da teia que iam até à janela. Depois foi buscar a borboleta e largou-a no mesmo sítio onde tinha ido buscá-la. Mas ontem... a aranha morreu. Não sei se chegou ao fim da vida normal dela ou se morreu de inanição. Sei é que, desde a manhã de ontem, está toda encarquilhada num pedacinho da teia junto ao vidro da bandeira da janela. E que amanhã vou ter de usar o escadote para a retirar e retirar a teia.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

BANALIDADES - Sonho preconceituoso?



Considero-me uma pessoa com zero preconceito. Mas esta noite tive um sonho, ou melhor dizendo, um pesadelo que, como todos os pesadelos (não sei porquê), foi bem mais realista do que os sonhos agradáveis, que ao recordar achei que tinha origem num preconceito. Mas talvez não... pode ter sido só preocupação com as minhas vizinhas de andar, duas senhoras mais velhas do que eu 10 a 20 anos, que vivem sózinhas (sózinhas mesmo, cada uma em seu apartamento) e seguramente meio tãtans coisa que eu (ainda) não sou.  Ontem pela hora de almoço alguém tocou várias campainhas do prédio, a minha incluída. Como sempre em casos que tais, nem me mexi. Mas  uma das senhoras, ou ambas, ou até mais pessoas no prédio porque  a pessoa que tocou andou para cima e para baixo, abriram. Era um homem a vender perfumes. Pela conversa (e pelos perfumes seguramente de fancaria) era um cigano. As senhoras daqui do andar não só lhe abriram a porta do prédio como lhe abriram as portas dos apartamentos e uma delas até lhe comprou um perfume. O homem foi a outros apartamentos e passado um bocado saíu. A meio da noite acordei assustadézima na sequência de um pesadelo. Sonhei que o homem tinha voltado, àquela hora, à casa da senhora que lhe comprara o perfume e que estava a ameaçá-la de morte se não lhe desse dinheiro. Ela gritava que não tinha dinheiro em casa e ele gritava que precisava do dinheiro “já!” porque tinha de ir embora “amanhã” e precisava do dinheiro para pagar a viagem. Eu pegava no telemóvel para ligar para a polícia mas cheia de medo que o homem me ouvisse a falar com a polícia e arrombasse a minha porta. Felizmente acordei neste momento. O sonho era tão real que só quando realizei que nem sequer tinha o telemóvel na mão é que percebi que era um pesadelo e não a realidade. Não sei se houve alguma gritaria que deu início ao pesadelo, é provável, há várias pela vizinhança embora sejam de curta duração e nunca me tenha apercebido de nenhuma durante a noite, ou se foi só por ter ficado preocupada por as vizinhas abrirem a porta a qualquer um.

sábado, 24 de setembro de 2016

PODE??? - Gente xereta até dizer basta



Aproveitando as portas do prédio e do apartamento abertas e o facto do apartamento ser no rés-do-chão, a vizinha xereta do prédio ao lado veio xeretar a mudança com o maior dos descaramentos. E fez-me um interrogatório e falou do prédio dela e do senhorio dela e fui-lhe dando alguma conversa, sem nenhuma informação, durante alguns minutos até me fartar e a despachar com um “adeus” como sou perita em fazer. Alguns dias depois venho a chegar a casa e ela está a sair do apartamento ao lado. Digo-lhe “boa tarde” e ela responde e aproveita logo para tentar xeretar, outra vez, para dentro do meu apartamento aproximando-se até estar mesmo ao meu lado “Então, já está instalada?”. A partir daí foi um esforço para eu não me rir. Porque, apesar de estar com a chave na mão, decidi que não ia dar-lhe o gostinho de “meter o nariz” e não ia abrir a porta até ela se ir embora. Depois de lhe responder que estava quase instalada virei a conversa do interrogatório sobre a minha vida que ela se preparava para fazer para a vida dela e ela, como eu esperava, não se fez rogada, falou das doenças, do marido, do prédio dela, das obras no prédio ao lado, do meu prédio, da vizinha de casa de quem estava a sair quando eu entrara, etc. etc. etc. De vez em quando afastava-se na direcção da porta do prédio para logo voltar para o meu lado quando pensava que eu ia abrir a porta. E eu... nada, chave na mão sem sequer a dirigir à fechadura. Parecia um bailado, ela ia e ela voltava, e tornava a ir e tornava a voltar, e ia novamente e novamente voltava, e eu comecei a também ir uns passos atrás dela quando ela se afastava a ver se ela percebia que eu não ia abrir a porta enquanto ela ali estivesse. A coisa estava difícil, a curiosidade da senhora deve ser gigantesca e ela não queria desistir, e eu controlar a vontade de rir também estava cada vez menos fácil. Já eu estava a pensar numa solução alternativa, fingir que me tinha esquecido de fazer algo na rua e sair do prédio com ela na próxima vez que ela se afastasse como se fosse sair, quando ela finalmente! desistiu e foi mesmo embora.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

HISTÓRIAS ANTIGAS - Colegas estranhos: a I



A primeira vez que a vi nem queria acreditar. Tinha à minha frente uma versão mais feia da Miss Piggy na pessoa de uma mulher da minha idade, à época trinta e picos anos. O cabelo pintado de louro-amarelo, a pele rosada, côr de rosa mesmo, carradas de maquilhagem, umas unhas gigantes pintadas de rosa berrante, uma roupa indescritível de tão cheia de rendas e folhos e brilhantes, e uns sapatos igualmente indescritíveis de tão feios, com um salto agulha de 15 cms. Era a nova secretária de um dos departamentos comerciais da empresa, recomendada por uma irmã do director desse departamento, que tinha sido colega dela noutra empresa, como uma profissional excelente. A excelência enquanto conhecimentos da profissão veio a provar-se mas para ser excelente enquanto profissional faltava-lhe bom senso, não tinha nenhum. Logo no dia a seguir a ter iniciado funções resolveu fazer uma “partidinha” a um dos comerciais do departamento onde trabalhava. Chegando mais cedo do que os comerciais encheu a secretária desse dito cujo de pimenta. Depois dele ter passado o dia todo a espirrar acabou por se perceber que o problema estava na mesa de trabalho dele porque ele deixava de espirrar quando saía de lá e porque outras pessoas espirravam quando se aproximavam de lá. E uma observação atenta detectou a pimenta, às carradonas. Então ela assumiu a autoria da “gracinha” embora ninguém tivesse percebido o porquê. Aparentemente foi uma “praxe” e ter sido aquele colega e não outro foi uma escolha aleatória. Sorte dela que era um fulano tranquilo e boa pessoa e embora tivesse ficado atónito não ficou chateado. Depois de muitas peripécias, que incluíram começar a aparecer de quando em vez com um ou os dois olhos negros que ela alegava terem sido causados por quedas em que batera com a cara, na realidade porque tinha um namorado que lhe dava porrada, decidiu, porque ficou chateada por não lhe darem um aumento que pediu, passar os dias a jogar “solitaire” e não fazer nenhum excepto o que lhe era solicitado directamente pelo próprio director do departamento. E assim decorreram uns 3 ou 4 meses. Os prejudicados eram os comerciais do departamento que não quiseram fazer queixa dela e aguentaram a situação. E fora eles só eu me apercebi do que se estava a passar mas como não tinha nada a ver com o assunto limitei-me a aconselhá-la a não ter aquela atitude, conselho que caiu em saco-rôto. Até que um director de outro departamento comercial, que com frequência passava pelo posto de trabalho dela porque ambos os departamentos partilhavam o mesmo 'open-space', se apercebeu de que ela passava os dias a jogar “solitaire” e disse-o ao director do departamento onde ela trabalhava. Os comerciais foram chamados para confirmar a situação e confirmaram. E a "Miss Piggy" foi despedida. Cerca de um ano e meio depois de ter chegado.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

HISTÓRIAS ANTIGAS - Colegas estranhos: o Sr. L



O Sr. L, funcionário dos serviços administrativos, na época com uns cinquenta e picos anos, era uma pessoa desagradável e muito irritante. Achava-se o máximo, arvorava-se em chefe dos colegas, aos quais passava a vida a “picar os miolos” metendo-se onde não era chamado, e era, de um modo geral, antipático e arrogante para toda a gente. Além destas características que o tornavam 'persona non grata' para toda a gente dentro da empresa, ainda era um fulano cheio de manias, parvas como todas as manias, mas das quais fazia gala pois achando-se o máximo achava também o máximo as suas manias. Um dia, por uma questão estética, a administração trocou as cadeiras do bar da empresa, daquelas vulgares cadeiras de café em plástico côr de laranja, por outras exactamente iguais mas em côr azul forte que ficavam melhor com os tons cinza, branco e amarelo das paredes, portas, balcões e mesas. O Sr. L dedicou meia-hora a experimentar todas as cadeiras para “escolher a mais confortável” para os seus problemas de coluna. E escolhida uma colou-lhe uma etiqueta na parte de baixo do assento. Ficámos então a saber, pelos funcionários do bar, que já nas cadeiras côr de laranja ele tinha feito o mesmo. E decidimos, eu e um grupinho de colegas que detestávamos o homem e adorávamos fazer brincadeiras e pregar partidas, dar-lhe cabo do juízo com as etiquetas até ele desistir. Foi uma semana de gáudio. Com a conivência dos funcionários do bar e das funcionárias da limpeza, para nos contarem as reacções e actos do Sr. L, e para inspeccionar as cadeiras, e para nos darem acesso ao bar quando estava encerrado, começámos a campanha “Irritar o Sr. L”. Primeiro tirámos a etiqueta que ele tinha posto. Ele voltou a experimentar as cadeiras e a etiquetar uma. Nós voltámos a tirar a etiqueta. Ele voltou a experimentar as cadeiras e a etiquetar uma delas. Então nós arranjámos etiquetas iguais e etiquetámos metade das cadeiras do bar exactamente da mesma maneira como ele tinha etiquetado a “sua cadeira”. Aparentemente ele desistiu. Ou então arranjou alguma maneira de identificar a “sua cadeira” que nós não conseguimos descobrir, ou nunca percebeu que a cadeira etiquetada não era uma mas sim metade das cadeiras do bar.

terça-feira, 26 de julho de 2016

PODE??? - Bacoradas nos média XXV



Ligo a TV, pelas 8H00, e faço um zapping pelos canais que estão a transmitir notícias. Na CMTV, que noticia sempre – à exaustão - todas as desgraças que acontecem nos quatro cantos de Portugal e do Mundo, imagens de uma auto-estrada com uma carrinha de passageiros despistada e carros de bombeiros e ambulâncias, e em rodapé “Acidente Valongo, dois feridos graves”,  o locutor diz que foi o despiste de uma carrinha de nove lugares do qual resultaram dois feridos graves encarcerados e 3 ou 4 feridos ligeiros. Entretanto a repórter no local chega à fala com o comandante da corporação de bombeiros que está a prestar socorro à carrinha acidentada. Este diz que a carrinha apenas transportava duas pessoas que ficaram encarceradas mas que são feridos ligeiros. O rodapé continua a indicar “Dois feridos graves”.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

COISAS QUE EU DETESTO - Histeria futebolística




É permitido andar a buzinar ininterruptamente só porque sim e ainda por cima durante a noite? Sim, se houver uma vitória futebolística para festejar.
É permitido andar de automóvel sentado nas janelas com o corpo todo de fora? Sim, se houver uma vitória futebolística para festejar.
É permitido andar a gritar, tocar apitos e cornetas pelas ruas durante a noite? Sim, se houver uma vitória futebolística para festejar.
Percebo que se fique contente com uma vitória futebolística, eu própria fico quando essa vitória é da selecção, mas não percebo que esse contentamento seja estratosférico e seja festejado com esta histeria, uma barulheira infernal sem qualquer respeito por quem quer e precisa dormir, nem percebo que as autoridades permitam todas as infrações à lei que são cometidas. Sempre achei, e continuo a achar, que quem quer festejar vitórias futebolísticas histericamente, fazendo imenso ruído, devia ser obrigado a fazê-lo dentro dos estádios, dos clubes respectivos, ou do nacional e nos de todos os clubes quando é uma vitória da selecção.  Tudo bem que se vá para a rua aplaudir a passagem duma equipa ganhadora. Mas é só. Tudo o resto que os fãs histéricos de futebol fazem nas ruas para manifestar a sua alegria acho muito, muito, muito mal.
O futebol, que muito mais do que um desporto é uma indústria milionária para todos os envolvidos, manipula essas pessoas, fá-las esquecer problemas, sentir vitórias como se fossem suas, sentir que pertencem a um grupo,enfim, sentir imensas coisas boas mas também momentosas e falsas, e essas pessoas nem sequer percebem a manipulação. Do meu ponto de vista é triste e lamentável. Mas neste assunto, como em muitos outros, ... eu sou ET.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

BANALIDADES - Cenaça no supermercado

Entrei para comprar manteiga e estava tudo tranquilo. Enquanto estive a escolher uma manteiga, algum tempo porque não havia a que costumo comprar, no balcão refrigerado mais ou menos a meio do supermercado, ouvi - e depois olhei e vi  junto às caixas - um jovem a perguntar "Quer que eu chame a polícia?". O supermercado estava a receber mercadoria pelo que havia muitos funcionários, do espaço e do fornecimento, em circulação e pensei que aquilo era apenas uma brincadeira entre eles. Mas quando me dirigi à caixa percebi que não era uma brincadeira entre colegas mas sim uma confusão entre uns clientes, mãe de uns 50 anos e filho duns 20's, e uma funcionária do supermercado. A mulher, cliente, berrava estupidamente fazendo ameaças à funcionária "Ainda hoje a ponho na televisão!", "Sabe onde eu trabalho? Trabalho na DECO!", "A senhora foi mal-educada com o meu filho!". A funcionária não respondia nada. Entretanto outro rapaz que estava na fila para pagar meteu-se e disse à cliente para se acalmar porque mesmo que tivesse toda a razão não tinha de estar a gritar daquela maneira. Ela desatou a gritar também com ele "Cale-se! Não tem nada que se estar a meter, não sabe o que se passou! E sabe onde eu trabalho? Trabalho na DECO!", o rapaz respondeu-lhe "Não sei o que se passou mas sei que a senhora não tem nada que estar a falar dessa maneira lá porque trabalha na DECO não é mais do que eu ou do que a senhora funcionária do supermercado com quem está a gritar!" Entretanto o filho ligou para a polícia e pediu para irem lá porque "os funcionários do supermercado" estavam "a tratar mal" a ele e à mãe, "só falta baterem-nos". Quando paguei a minha manteiga perguntei à funcionária da caixa o que se estava a passar mas a rapariga estava tão "a leste" quanto eu, ainda não tinha percebido a origem daquela confusão. Entretanto eu saí e a mãe "eu trabalho na DECO" e o filho sairam também e ficaram lá plantados à porta, à espera da polícia, suponho. Fui a outro sítio ali perto e acho que não foi polícia algum ao supermercado, a menos que se deslocassem a pé, o que duvido, teriam de ir pelo local onde eu estava e não foram. Voltei a passar em frente ao supermercado, a caminho de casa, cerca de meia-hora depois. A mãe "eu trabalho na DECO" e o filho estavam numa das caixas, com um funcionário do supermercado, a preencher o livro de reclamações e não havia polícia algum. Imagino que ela fez aquela gritaria toda e chamou a polícia em vez de pedir o livro de reclamações e que foi a polícia que ligou para o filho dela, ou para o supermercado, a dizer que resolvessem o assunto com o livro de reclamações. E também imagino que o trabalho dela na DECO deve ser nas limpezas, ou teria logo começado por pedir o livro de reclamações em vez de fazer a peixeirada que fez e chamar a polícia.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

BANALIDADES - Caminhando por Lisboa

Ontem andei uns bons quilómetros a pé por Lisboa. Com algumas paragens pelo caminho devo ter andado cerca de 5 quilómetros. E só não foram mais porque decidi terminar o percurso de autocarro. O que foi uma má escolha já que um autocarro da carreira que eu ia tomar avariou e estive mais de uma hora na paragem o que dava perfeitamente para ter terminado o percurso a pé. Fui do Alto do Pina à Paiva Couceiro, tomei depois a Morais Soares até à Parada do Alto de S. João, segui a Rua Lopes, desci pela Igreja para a Afonso III, entrei na D. Fuas Roupinho onde fiz uma paragem, voltei à Afonso III, desci até à Nelson de Barros, segui pela Cruz da Pedra e Santa Apolónia e Bica do Sapato e Caminhos de Ferro até Santa Apolónia (estação), segui depois pela Rua do Jardim do Tabaco de onde me enfiei por Alfama em direcção à Sé de Lisboa (graças às minhas várias incursões por Alfama já consigo, mais ou menos, orientar-me naquele labirinto, não sei bem que ruas tomei mas fui dar à Rua Cruzes da Sé e à Sé como pretendia). Daí desci para a Rua da Madalena e depois para a dos Fanqueiros por onde segui até à Praça da Figueira, e daí  para o Rossio, depois para os Restauradores e subi a Av. da Liberdade até ao Marquês de Pombal. Subi a Fontes Pereira de Melo, tomei depois a Andrade Corvo para a Duque de Loulé e fui até à Praça José Fontana local onde tomei a estúpida decisão de apanhar um autocarro para as Olaias. Conclusão desta caminhada: Lisboa está cheia de turistas e de tuc-tuc's de várias "marcas". Não havia nenhum navio de cruzeiro atracado em Sta. Apolónia. Há obras, diversas, por todo o lado. Há muitos prédios antigos restaurados e renovados e também muitos a cair aos pedaços. E também alguns que já foram demolidos e onde estão a construir de novo, presumo que monstros horrorosos que não têm nada a ver com a envolvente como é costume. E há vários buracões, verdadeiras crateras, no meio do piso, em várias ruas, assinalados com grades e fitas "oficiais" (da polícia, da câmara, dos bombeiros) ou assinalados com caixotes e trapos vermelhos e outras coisas informais nitidamente colocados por residentes ou comerciantes da zona. Nem um único a ser reparado. Lisboa é linda mas está muito maltratada.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

COISAS DE QUE EU GOSTO - Locais que não mudam



Hoje fui a um sítio onde ia muitas vezes há 30 e tal anos, quando morava em Oeiras e trabalhava na Baixa de Lisboa e parava lá ao fim da tarde a tomar uma cerveja antes de apanhar o comboio para casa, e onde já não entrava para aí há uns 20 anos. Fui lá porque passei à porta e reparei que tinha um letreiro – raro – de local para fumadores, estranhamente exclusivo para fumadores, não tem área para não fumadores. O local é o British Bar, no Cais do Sodré. Que continua igual ao que era há 30 e tal anos. Nos móveis e na decoração, na grande variedade de cervejas e na permissão de fumar. Além disso tem um prato do dia a preço de McDonalds que não me lembro se tinha ou não “in illio tempore” e um serviço simpático mas pouco competente que tenho ideia que já tinha. Enquanto lá estive fartei-me de rir (para dentro) com a cena de 3 pessoas, um homem obeso até à 5ª casa (metade do rabo dele ficava a transbordar da cadeira) e duas mulheres, todos na faixa etária 40/50 anos, que entraram no momento a seguir a eu ter entrado e foram lá almoçar. Pediram uma tábua de queijos, dois pratos do dia e um prego no pão. Antes de lhes trazerem a tábua de queijos trouxeram os pratos do dia. Eles passaram-se. Reclamaram que não fazia sentido nenhum servirem-lhes o prato principal antes das entradas. A empregada pediu desculpa e disse-lhes que não tinha problema, que cancelavam o pedido da tábua de queijos. Mas o gordalhão não quis cancelar, nitidamente preferia comer os queijos ao mesmo tempo ou depois do prato do que dispensá-los. E depois de uma grande demora trouxeram o prego no pão que era para uma das fulanas. O prego estava mal passado e ela achou que estava crú e pediu para o passarem melhor. O empregado levou o prego. E passado um grande bocado voltou a trazê-lo ainda não tão passado como a cliente pretendia. O empregado tentou convencê-la de que o prego mais passado do que estava ia ficar uma porcaria. (E tinha razão, bife de vaca super passado é mesmo uma porcaria, se aquela mulher só gosta de carne esturricada devia abster-se de comer bifes de vaca). Mas ela não se convenceu e lá voltou o prego para a cozinha. E quando eu saí ainda não tinha voltado para a mesa. Vou (re) começar a ir lá tomar uma cerveja quando passar no Cais do Sodré. Adorei.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

HISTÓRIAS ANTIGAS - Valentões de treta



A empresa onde eu trabalhava estava a falir e tinha imensas dívidas a fornecedores. Uma manhã apareceram à porta da empresa dois matulões muito mal encarados a exigir o pagamento duma dívida a um despachante. Queriam falar com o proprietário e administrador da empresa. A directora financeira foi falar com eles, mentiu dizendo que o administrador não estava lá, e  conseguiu que eles saíssem das instalações. Mas saíram ameaçando que não iam embora dali e que esperavam o que fosse preciso pelo administrador. À hora de almoço saí para almoçar com um grupo de colegas (já tínhamos combinado ir almoçar em dois grupos, cada um de sua vez, e trazer almoço para o administrador para ele não sair) e fomos olhando à procura dos matulões mal encarados. Apesar de estarmos preocupados com a situação, íamos morrendo de riso quando os topámos, qual filme de espionagem de 3ª categoria, sentados dentro de um carro estacionado, com jornais abertos à frente das caras (suponho que tinham uns buracos nos jornais para controlar a porta da empresa). Quando estávamos a almoçar, num restaurante das proximidades, os matulões apareceram lá. Falaram com o empregado e foram embora. Perguntámos ao empregado, que conhecíamos bem pois íamos àquele restaurante quase todos os dias, o que é que os matulões tinham falado com ele. Tinham perguntado se algum dos homens do nosso grupo era o administrador. Ele disse que não e por isso eles saíram. Durante toda a tarde os meus colegas andaram armados em valentões dizendo ao administrador que se os matulões aparecessem faziam e aconteciam. Só eu fui avisando o administrador que se os matulões aparecessem era a primeira a fugir e a fugir bem rapidamente. Depois de fugir chamava a polícia mas não ia arriscar-me a levar porrada. Alguns de nós fomos saindo, dois a dois, por alguns minutos, para tomar café e controlar os matulões que lá continuavam no carro estacionado com os seus jornais a tapar as caras. Mas ao fim da tarde os meus colegas valentões foram todos saindo e eis senão quando só lá ficámos eu e o administrador. Que como habitualmente, mas com um ar completamente “enfiado” me perguntou “Queres boleia para casa?”, eu respondi “Querer não quero, sair daqui contigo hoje é muito perigoso, mas tudo bem, como os meus colegas valentões já se piraram todos...  eu saio à frente a ver se os matulões ainda estão por aí. Se não estiverem fico à tua espera, se estiverem continuo a andar e chamo a polícia para te tirar daqui.”  Ele concordou e assim combinados, eu saí. Observei cuidadosamente todas as redondezas e nem sinal dos matulões. Fiquei portanto à espera como tínhamos combinado e ele saiu também e deu-me boleia para casa. A situação resolveu-se no dia seguinte com uma reunião com o despachante que tinha enviado os matulões.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

BANALIDADES - Não é má-língua, é só crítica



Na fila para ser atendida numa papelaria a senhora que estava atrás de mim olhando as capas das revistas no escaparate ao nosso lado foi dizendo mal de todas as pessoas retratadas nessas capas, do Bruno de Carvalho porque fez plástica e porque isto e aquilo, da Cristina Ferreira porque se ri muito e quem ri muito não é de confiança e mais isto e aquilo, da Ana Rita Clara por ter sido fotografada grávida e em topless, e ainda debitou uma qualquer teoria da conspiração sobre a morte do filho da Judite de Sousa e a própria Judite, “paga o justo pelo pecador”, que nem sequer percebi. Toda esta conversa era dirigida a mim. E embora eu seja excelente a dar conversa a desconhecidos sou ainda melhor a não dar quando a conversa não me interessa nada. E foi o que fiz neste caso. Às tantas ela deve ter tomado a minha falta de réplica por censura e  resolveu justificar-se “Isto não é má língua, é só crítica.”, respondi-lhe “Quero lá saber, não conheço nenhuma dessas pessoas, por mim está à vontade para dizer o que lhe apetecer sobre elas.” Estranhamente, (ou, pensando bem, talvez não tão estranhamente assim), esta minha resposta mudou radicalmente o tema da conversa e ela começou a contar-me que lhe doía imenso a canela porque no supermercado, ao desviar-se  para dar passagem a uma zorra com mercadoria para reposição (conduzida por uma funcionária que ela identificou com nome e cargo como se eu soubesse quem era), tinha batido com a perna no tubo metálico de retenção dos carrinhos de compras. Não percebi como porque no supermercado que ela referiu o armazém tem a porta directamente para a área de compras e o local de arrumação dos ditos carrinhos é completamente fora da área de compras,  as zorras com mercadoria para reposição não circulam perto do estacionamento dos carrinhos. Mas lá lhe dei então um pouco de conversa, enquanto era atendida pois tinha chegado entretanto a minha vez. Suponho que ela queria era conversa, não importava o tema, e deve ter ficado arrependida de ter gasto tanto tempo a fazer “só críticas” às pessoas nas capas das revistas em vez de ter logo falado do hematoma na canela.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão de Santo António



Decidi ir à procissão de Santo António quando descobri que é mais uma procissão sui generis de Lisboa. Esta descoberta já aconteceu o ano passado mas no dia da procissão estava a chover e ir meter-me por Alfama no meio duma multidão de guarda-chuvas não se coadunava com os meus planos de ir indo à frente da procissão e fotografando os santos de todas as igrejas da zona que o Santo António vai buscando para integrar a sua procissão.  Fui este ano. Em matéria de Santos a procissão ganha por um à procissão da Senhora da Saúde. Em matéria de espectáculo fica muito aquém. Mas tem graça. Santo António sai da sua igreja, recebe uma enorme salva de palmas da multidão, e dirige-se à igreja de São João da Praça onde São João da Praça (São João Baptista) se junta ao cortejo, continuam depois para a igreja de São Miguel onde S. Miguel se junta à procissão que continua serpenteando por Alfama. Santo Estevão vem ter com a procissão à rua nas traseiras da sua igreja e entra também no cortejo. De seguida encontram-se com São Vicente que vem da sua igreja até à Rua das Escolas Gerais para integrar a procissão. E finalmente sai da sua igreja  o São Tiago e integra também a procissão em Santa Luzia. Cada imagem de santo que entra toma a dianteira da procissão. Todos os santos, à excepção de Santo António, que é uma imagem muito grande e que é transportado por um carro de bombeiros, e de Santo Estevão que é carregado por homens, têm os andores carregados por mulheres. À frente, a abrir o cortejo, vão as lanternas e o turíbulo. Depois do desfile de santos, com o Santo António a encerrar, segue o bispo, as autoridades civis (o presidente da Câmara e alguns deputados municipais), uma banda de música, representantes de várias irmandades e um altifalante onde alguém vai debitando rezas, e povo, muito povo (em quantidade de povo esta procissão também ganha  à da Senhora da Saúde) que vai também rezando alto. Eu fui ver a saída do Santo António que inicia a procissão e depois dei a volta por trás e fui sempre andando à frente da procissão até todos os santos estarem integrados no cortejo. Nessa altura parei para ver toda a procissão desfilar e depois integrei-a, junto com o resto do povo,  até ela virar na Calçada do Correio Velho de regresso à Igreja de Santo António pois para divergir do cortejo antes tinha de dar uma grande volta para chegar à Baixa (que era para onde queria ir) e não me apeteceu, já tinha ido a pé de casa para a procissão e caminhado meia Alfama à frente da procissão.
Santo António sai da sua igreja

São João da Praça sai da sua igreja

São Miguel sai da sua igreja

Santo Estevão aguarda a procissão

São Vicente aguarda a procissão

São Tiago aguarda a procissão

Lanternas e turíbulo abrem a procissão já com todos os santos integrados no cortejo

São Tiago na procissão

São Vicente na procissão

Santo Estevão na procissão

São Miguel na procissão

São João da Praça na procissão

Santo António na procissão
O Bispo seguido das autoridades civis

E a banda de música


terça-feira, 7 de junho de 2016

DE PASSAGEM - Concorrência de supermercados II

Depois de ter aberto um "Meu Super" num espaço exíguo na Rua Morais Soares (meu 'post' DE PASSAGEM - Concorrência de supermercados), o Continente vai agora abrir na Rua Carlos Mardel (transversal da Morais Soares) a dois prédios de distância de um dos Pingo-Doce da zona, num espaço enorme que já foi uma garagem de recolha de automóveis e depois uma loja de tudo-e-mais-alguma-coisa de chineses, um Continente Bom-dia. Decididamente o Continente está interessado nesta zona. E agora sim, com esta dimensão - e suponho que com as promoções do Continente porque ao contrário do Meu Super que é Continente sem ser Continente (acho que são comerciantes individuais apoiados pelo Continente na gestão e nas compras em grupo), o Bom Dia é mesmo Continente, apenas é segmento supermercado e não hipermercado como os Continente sem Bom-dia - vai mesmo fazer concorrência aos outros supermercados da zona, incluindo o coitado do minúsculo Meu Super a poucos metros de distância e o Pingo Doce que fica mesmo ao lado. Aliás hoje ouvi comentários na rua, de passantes que estavam parados a apreciar as obras que estão a ser feitas no espaço quando eu passei por lá, dizendo que o Pingo Doce ia fechar aquela loja e abrir na Rua da Palma. Não sei se é verdade mas faz algum sentido. O Pingo Doce tem várias lojas mais ou menos próximas da da Carlos Mardel, uma mesmo muito próxima, na Almirante Reis perto da Praça do Chile, outra na Av. de Paris e outra nas Olaias e não tem quase loja nenhuma na zona da Baixa-Martim Moniz, apenas uma, aliás bastante pequena, na Rua 1º de Dezembro. E pelos vistos, dada a quantidade de supermercados que por aqui existem, esta é uma zona muito apetecível para estas lojas.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

BANALIDADES - Pombas estúpidas

Um casal de pombas fez ninho e postura, que anda a chocar pressurosamente, numa reentrância da parede do meu prédio abaixo das minhas janelas que tem apenas 20x14 cm. Vai dar asneira. Os borrachos quando estão em condições de voar e deixar o ninho têm praticamente o tamanho de uma pomba adulta. E até chegarem a esse ponto fazem exercícios de espanejamento das asas. Naquele espaço mal vão caber mesmo quietinhos. E quietinhos eles só vão ficar enquanto forem recém nascidos. Vão ser mais dois borrachos que não vão chegar a adulto, muito antes de saberem voar e subsistir sózinhos vão cair do ninho. E mesmo que não morram da queda vão morrer de fome porque os pais pombas não são capazes de ir buscá-los nem alimentá-los fora do ninho.

sábado, 7 de maio de 2016

A MINHA RUA É UM FARWEST - Confusão às 3 da manhã



Três da manhã, sou acordada por um ruído seguido de um F...-se! dito por uma voz masculina alto e bom som. Imagino que foi mais um estampanço no cruzamento. Como tenho de me levantar para ir à casa de banho esvaziar a bexiga ou não vou conseguir readormecer, resolvo ir à janela espreitar o que aconteceu. No meio do cruzamento está parada uma carrinha  da polícia com as luzes azuis ligadas a girar e  pelo menos uns doze polícias estão por ali. No chão uma mota tombada e um homem deitado. Dois polícias levantam a mota e levantam o homem e levam ambos para o passeio do outro lado. Um deles diz “Calado! Nem uma palavra! Nem uma!”. Outros dois, com papeladas na mão, atravessam a rua para o passeio do lado de cá e falam para alguém que está fora do meu raio de visão “De quem é a mota?”. A mota caída estava virada para baixo, a carrinha da polícia virada para cima, e o homem que estava deitado no chão ao pé da mota não tinha capacete. Não sei se os gajos da mota tiveram o azar de cruzar com a carrinha da polícia e cairam com o susto, ou se estavam a ser perseguidos pela carrinha da polícia e cairam ao tentar fazer uma manobra manhosa para inverter o sentido da marcha e fugir. Também não sei se além da falta de capacete de um deles havia mais prevaricações, às tantas até a mota era uma prevaricação, isto é, roubada. E não percebi porque é que um deles não podia dizer nem uma palavra enquanto que o outro (o condutor?) era interrogado. Desisti de perceber. Fui à casa de banho e voltei para a cama.

terça-feira, 5 de abril de 2016

PODE??? - Bacoradas nos média XXIV

Dou uma espreitadela à RTP1, programa da manhã. Em apenas 10 minutos saem logo duas "pérolas". Primeiro Sónia Araújo, apelando aos telefonemas para a linha de valor acrescentado, fala dos prémios "em cartão" e diz que são os colegas, fulano, beltrano e cicrano, que têm aos sábados "o privilégio de entregar o prémio a quem mais precisa". Fico logo encanitada porque não suporto essa expressão "quem mais precisa" que desde há algum tempo entrou na moda e é usada a torto e a direito. Mas a bacorada é dizer que o prémio, que é entregue por um sorteio entre todos os números de telefone que ligam para a linha de valor acrescentado, é entregue "a quem mais precisa". . É o mesmo que o Departamento de Jogos da Santa Casa dizer que os prémios do euromilhões são entregues a quem mais precisa. Logo de seguida passam a uma reportagem sobre o hospital das bonecas na Praça da Figueira em Lisboa. A repórter no local diz que está na Praça da Figueira em Lisboa mas na legenda em rodapé lê-se "Hospital das Bonecas, na Figueira da Foz desde 1830".

quinta-feira, 17 de março de 2016

DE PASSAGEM - Cara-linda



“Cara-linda! Ó Cara-linda!” grita uma voz de mulher atrás de mim na rua. Primeiro não ligo, acho que a “Cara-linda” não sou eu. Mas o chamamento continua e continua, sempre atrás de mim, pelo que resolvo olhar para trás a ver se afinal é comigo. É. Uma mulher cigana que vem a caminhar uns poucos metros atrás de mim na mesma direcção que eu. Ela não traz malas, nem óculos escuros, nem ‘scarfs’, nem camisolas nas mãos pelo que penso “Vai querer ler-me a sina. E vai massacrar-me com previsões e avisos de milhentos males para me convencer a aceitar.” (Já me aconteceu várias vezes e como eu não aceito a leitura da sina são mesmo chatas, chatas, chatas na tentativa de me convencerem, sempre com a conversa de que há gente que me quer mal, que sou vítima de invejas, que preciso de rezas e magias mil que elas farão depois de me ler a sina, etc. etc. etc.). Mas engano-me. Afinal ela quer mesmo, apesar de não trazer mercadoria visível nas mãos,  é vender-me alguma coisa. Perfumes, que traz dentro da mala. Digo-lhe que não quero. Ela diz “São só 15 euros”. Penso que não os queria nem dados, só uso perfume de boa qualidade garantida porque para usar porcaria prefiro não usar nada. E digo outra vez que não quero. Ela insiste “Faço-lhe 10 euros”. Eu mantenho-me firme a dizer que não quero. Acrescento que não preciso e que não tenho dinheiro para andar a gastar em coisas que não preciso a ver se ela desiste. Mas ainda não, “7 euros então, é só para me ajudar”. Volto a negar. Ela volta a insistir “Pronto, vendo-lhe só por 5 euros”. Eu digo que não quero uma vez mais. E ela ainda volta a insistir “3 euros, vá lá, é só para me ajudar”. Volto a dizer que não e finalmente ela desiste. Desejo-lhe felicidades e ela retribui (o que já não foi mau, já me aconteceu com outras rogarem-me pragas). Ela continua na rua onde íamos eu viro para uma transversal. Fico a pensar que aqueles perfumes devem ter sido roubados algures. Mesmo sendo porcaria suponho que 3 euros seja muito barato. E acho incrível como ela pode começar por pedir 15 euros e terminar em 3 euros. E ainda mais incrível que haja quem compre (e deve haver ou elas já teriam desistido de andar nas ruas a vender fancarias diversas).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

HISTÓRIAS ANTIGAS - Onda de desagradibilidades



Há alturas em que parece que entro numa onda de atrair desagradabilidades. Em 3 dias seguidos: dia 1 - o senhor duma tabacaria onde eu ia imensas vezes deu-me o saco, (que pedi para levar o jornal e o maço de tabaco que tinha comprado por estar com uma mala minúscula onde nenhum deles cabia e ser desconfortável levar o jornal e o maço de tabaco na mão), com modos de contrariado e com um discurso moralista de que “dantes” nem havia sacos e as pessoas levavam os jornais na mão mas que “agora” toda a gente quer sacos para levar os jornais. Não gostei mesmo nada. Porque é uma raridade eu pedir sacos, acho que nem nunca tinha pedido naquela tabacaria, pois normalmente ando com uma mala bem grandona e não peço sacos nem mesmo quando compro um jornal e uma revista e tabaco de enrolar e mortalhas e cigarros duma só vez, pois cabe tudo na minha mala. E  porque ele fez este discurso todo em alta voz , diante de outros clientes e falando para a “geral”. Perdeu uma cliente, decidi e cumpri, não voltei a pôr lá os pés (e já passaram 4 anos). Deve ser “alérgico” a sacos (ou a dar sacos?) mas está a atender clientes tem de aguentar a “alergia” e ficar calado; dia 2 - a senhora dum quiosque, onde também vou imensas vezes, respondeu-me desabridamente quando lhe perguntei, obviamente em tom de brincadeira, se podia “oferecer-lhe” um encarte publicitário que vinha no jornal que estava a comprar-lhe. Disse que também não lhe interessava nada e eu que o pusesse no lixo, apontando-me o contentor (dela) na esquina do prédio em frente, tão longe do quiosque que eu não imaginava lhe pertencesse. Também não gostei. Mas a esta ainda dei o desconto de se ter sentido ofendida por não entender que o meu “oferecer” era a brincar, ou de apenas ser rude e não saber dizer a mesma coisa de uma maneira mais simpática e delicada. Como mais de metade do dia é o marido dela que lá está e é naturalmente mais cordial e simpático do que ela,  continuei a ir lá; dia 3 - levei com o meu vizinho do rés-do-chão que além de ser super chato e desatar a falar à menor oportunidade, é mentiroso e má língua, odeia a senhora que limpa a escada, e em apenas  2 ou 3 minutos que durou a conversa, porque eu ia-lhe dando atenção mas sempre em andamento a afastar-me dele, conseguiu dizer duas mentiras e ainda falar mal da senhora da limpeza, que é Cabo-Verdiana, referindo-a como “a preta”.  Muito desagradável mesmo. Só não lhe disse que a senhora tem nome e que ele é racista, além de mentiroso, porque eu não lhe dizia praticamente nada além de bom dia, boa tarde, até amanhã, porque não queria dar-lhe confiança, apenas lhe respondia o mínimo dos mínimos para não ser mal-educada. (Deste livrei-me  quando mudei de casa embora ainda o veja de vez em quando, na rua, porque não mudei para muito longe).