sábado, 24 de setembro de 2016

PODE??? - Gente xereta até dizer basta



Aproveitando as portas do prédio e do apartamento abertas e o facto do apartamento ser no rés-do-chão, a vizinha xereta do prédio ao lado veio xeretar a mudança com o maior dos descaramentos. E fez-me um interrogatório e falou do prédio dela e do senhorio dela e fui-lhe dando alguma conversa, sem nenhuma informação, durante alguns minutos até me fartar e a despachar com um “adeus” como sou perita em fazer. Alguns dias depois venho a chegar a casa e ela está a sair do apartamento ao lado. Digo-lhe “boa tarde” e ela responde e aproveita logo para tentar xeretar, outra vez, para dentro do meu apartamento aproximando-se até estar mesmo ao meu lado “Então, já está instalada?”. A partir daí foi um esforço para eu não me rir. Porque, apesar de estar com a chave na mão, decidi que não ia dar-lhe o gostinho de “meter o nariz” e não ia abrir a porta até ela se ir embora. Depois de lhe responder que estava quase instalada virei a conversa do interrogatório sobre a minha vida que ela se preparava para fazer para a vida dela e ela, como eu esperava, não se fez rogada, falou das doenças, do marido, do prédio dela, das obras no prédio ao lado, do meu prédio, da vizinha de casa de quem estava a sair quando eu entrara, etc. etc. etc. De vez em quando afastava-se na direcção da porta do prédio para logo voltar para o meu lado quando pensava que eu ia abrir a porta. E eu... nada, chave na mão sem sequer a dirigir à fechadura. Parecia um bailado, ela ia e ela voltava, e tornava a ir e tornava a voltar, e ia novamente e novamente voltava, e eu comecei a também ir uns passos atrás dela quando ela se afastava a ver se ela percebia que eu não ia abrir a porta enquanto ela ali estivesse. A coisa estava difícil, a curiosidade da senhora deve ser gigantesca e ela não queria desistir, e eu controlar a vontade de rir também estava cada vez menos fácil. Já eu estava a pensar numa solução alternativa, fingir que me tinha esquecido de fazer algo na rua e sair do prédio com ela na próxima vez que ela se afastasse como se fosse sair, quando ela finalmente! desistiu e foi mesmo embora.

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