domingo, 30 de junho de 2013

COISAS DE QUE EU GOSTO - Passeio guiado no Alto do Pina


Ontem fui participar numa palestra/passeio, com o  historiador-olissipógrafo Sarmento de Matos como guia,  pelo Alto do Pina. Integrado na actividade “Deste-me nome de rua” do Ciência Viva, foi basicamente centrado na toponímia e na zona do Alto do Pina conhecida por Bairro dos Actores  por 90% das suas ruas terem como topónimo nomes de actores. Na realidade, e embora tenha gostado muito de ouvir o senhor, não aprendi nada que já não soubesse das minhas investigações por conta própria e até tive oportunidade de o esclarecer sobre uma coisa que ele não sabia, a Rua desse bairro que se chama Henrique Galvão e as casas dessa rua, (quer o traçado da rua, quer o nome, quer a cércea e arquitectura das casas não têm nada a ver com o resto do bairro), que foram as primeiras construções da zona, mandadas edificar pela Câmara Municipal de Lisboa para alojamento de seus funcionários, e que originalmente se chamava Bairro Marechal Carmona. Tudo o que ele disse serviu-me apenas para confirmar (de fonte fidedigna) as informações que já tinha obtido através de várias fontes disponíveis na Internet que, como se sabe, são umas mais fidedignas do que outras e algumas até mesmo completamente erradas. No pequeno grupo de participantes havia um velhote que a meio do passeio já me estava a pôr os cabelos em pé e quando terminou o passeio eu já nem o podia ver nem ouvir. Estava sempre a interromper o guia, botando faladura do alto dos seus 50 anos de morador no bairro, sempre para não dizer nada de jeito, na realidade a única coisa que dizia era que a sogra dele (já morta e enterrada há muitos anos) sabia tudo sobre a história do bairro, mas, pelos vistos, ele não fixou nada dos conhecimentos da sogra e portanto mais valia estar calado, estávamos ali para aprender coisas sobre a zona e não para sabermos que tinha lá morado uma senhora, sogra dele, que tinha imensos conhecimentos sobre o assunto. Na introdução que fez, o guia disse que achava que as Juntas de Freguesia podiam fazer e distribuir folhetos com a história e toponímia da freguesia pois a maior parte das pessoas não faz a menor ideia nem sobre o passado das zonas onde mora, nem sobre quem foi a pessoa que dá nome à sua rua. O que é verdade, tirando curiosos como eu, que passo a vida a fazer investigações no género, não só da zona onde moro mas da cidade em geral, por conta própria, as pessoas não fazem a menor ideia sobre o assunto. O máximo exemplo que eu tenho disso é a senhora que foi minha empregada, que mora também aqui na zona, que insiste em chamar à Rua Barão de Sabrosa "Rua Simão Sabrosa”, (jogador de futebol da actualidade), e por mais que eu lhe diga que a rua se chama Barão de Sabrosa e que se chama assim desde uma época em que o Simão Sabrosa ainda nem sequer tinha nascido (nem os pais dele, nem os avós)... não adianta, para ela o nome da rua é  "Simão Sabrosa".

sábado, 29 de junho de 2013

PODE??? - Serviço de Finanças

Ontem fui às Finanças. Cheguei às 11H00, a senha que tirei tinha o número 140 e a pessoa que estava a ser atendida naquele momento era a senha 30 (pode???). O espaço, naquele serviço de finanças bem grande, estava repleto de gente. Eu fui passear, comer, fazer compras, arejar, fumar um cigarro, mas sempre pelas proximidades e com passagens frequentes por lá, para ver qual o número que estava a ser atendido pois nunca se sabe a que velocidade vai decorrer o atendimento, depende da quantidade de funcionários disponíveis, da demora dos assuntos que as pessoas vão tratar, e da quantidade de pessoas que desiste ou que vai arejar longe demais e perde a vez. Pelas 13H30 as senhas já iam no número 125 pelo que decidi ficar lá. E pelas 14H e picos fui finalmente atendida (3 horas de espera, pode???). E, não sei porque raio de coincidência, fui atendida por um funcionário que me sai na rifa 90% das vezes que vou lá. Não tenho nenhuma queixa do homem em relação ao atendimento que me faz, pelo contrário, esclarece-me sempre bem. Mas não sei porque carga de água (enquanto espero vejo-o atender outras pessoas e não o vejo fazer o mesmo), talvez porque ache (e acha bem) pelas questões que eu vou colocar que eu acho que o governo e as leis e as regras são inclassificáveis de tão maus, passa todo o tempo em que estou a ser atendida a bradar, em altíssima voz, contra o governo e a dizer que não tem medo de dizer o que pensa, que não tinha medo nem no tempo da ditadura, e blá, blá, blá, extravasando a revolta que sente (pode???). Independentemente de eu lhe dar toda a razão (as notificações enviadas pelo Ministério das Finanças a praticamente toda a gente que neste país tem, ou teve, um automóvel para irem pagar um imposto que em mais de 50% dos casos nem sequer é devido, mas que é o contribuinte que tem de ir provar que o liquidou (pode???), é só um exemplo recente da incompetência que prejudica os contribuintes e os funcionários dos serviços de finanças), não acho que pôr-se a bradar em alta voz  contra o governo enquanto me atende seja uma maneira correcta de manifestar a sua revolta, mas ele acha que sim e, como já referi, levo quase sempre com ele. E lá lhe vou dando razão, em voz baixa e sem dar muita conversa, pois para escandaleira já basta a gritaria que ele faz.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

COISAS DE QUE EU GOSTO - A Marcha saíu à rua



A Marcha do Alto do Pina andou a desfilar por aqui esta noite. Foi giro vê-los de cima, da janela. Na saída iam todos alinhados, com o par de mascotes, uns mínimos de 4 ou 5 anos, à frente, uma ala de homens e mulheres, a banda, e outra ala de homens e mulheres, uma revoada de verde e vermelho dos fatos de marchantes 2013, todos com a coreografia certinha, marcha ritmada. E, claro, um bando de povo atrás. Seguiram rua fora e andaram (suponho) a desfilar pelas ruas do bairro. Voltaram a passar em sentido oposto cerca de uma hora depois vindos da Alameda. Continuavam a tocar e a cantar mas já vinham todos em desalinho. O parzinho de mascotes vinha ao colo, as alas vinham um para cá outro para lá, um mais à frente outro mais atrás, e até a banda já vinha cada um para seu lado. O que, depois de uma hora a marchar e de terem subido a (íngreme de deixar qualquer um com a língua de fora) Alameda, ... não é de estranhar!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

COMO??? - Fica impedida?

A EPAL (Empresa Portuguesa das Águas Livres) é o fornecedor de água em Lisboa. Assim, as obras que faz no espaço público são reparações, substituições, ou novas instalações do sistema de fornecimento de água da cidade.

No Público (em papel) de hoje, uma notícia da secção "Local", assinada por Inês Boaventura, sob o título "Polémicas da reunião camarária de ontem"  diz o seguinte:

«Salgado faz ameaça à EPAL
Questionado por Álvaro de Castro (PSD) sobre a falta de sinalização horizontal na Rua Conde de Almoster, em Benfica, Manuel Salgado explicou que a situação, que se arrasta há meses, se deve à existência de "um conflito entre a Câmara e a EPAL". 
Segundo o vereador, a empresa realizou uma obra no local mas não repôs a situação pré-existente. Se não fôr alcançado um acordo até à próxima semana, ameaçou, "A EPAL fica impedida de fazer mais obras no município de Lisboa"»

Como???
Será que ele está a pensar pôr a Câmara a substituir a EPAL em tudo o que seja necessário durante o impedimento? Ou está a pensar deixar os munícipes sem água nas torneiras e/ou submersos por inundações sempre que haja uma rotura numa conduta? Seja qual fôr a hipótese o "castigo" nunca seria para a EPAL, seria, isso sim, ou para a Câmara, ou para os munícipes...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

PODE???? - O Arraial

Aqui na rua, felizmente longe suficiente da minha casa, há um terreno vago entre dois prédios. Já existiu lá um prédio mas há já muiiiiitos anos foi demolido sei lá porquê e também sei lá porquê até hoje não foi lá construído outro. Não sei se é propriedade particular ou da Câmara mas costuma estar vedado com uma vedação de arame. Este ano alguém (o meu suspeito, com 99% de certeza, é a colectividade que fica ao lado) decidiu fazer lá um arraial dos Santos Populares. Desde o início deste mês, todas as sextas, todos os sábados e todas as vésperas de feriado, está armado o salsifré, música ao vivo e aos berros até às 3 da manhã. Como já disse, felizmente suficientemente longe da minha casa para não me incomodar, ouço a música mas só a ouço ao longe. Mas imagino os coitados que moram nos prédios mesmo lá em volta, é como se tivessem o arraial dentro de casa. Nem percebo como é que a Câmara autorizou o arraial naquele sítio, se calhar não autorizou nem deixou de autorizar porque os promotores não pediram autorização?!?! Já tinha lá passado várias vezes em horas e dias em que não havia função, tem um palco, um estaminé de comes e bebes, uma barraquinha de farturas e outra barraquinha com memorabilia da dita cuja colectividade que suspeito ser a promotora do arraial. Outro dia resolvi ir lá numa noite de função ver em que paravam as modas (e comer uma fartura). E para meu espanto, apesar de ainda não ser meia-noite, toda aquela barulheira de banda ao vivo a debitar música aos berros tinha como assistência apenas meia dúzia de gatos pingados. Imagino que eram os moradores dos prédios próximos que levam com a música mesmo que estejam em casa e assim sendo, mal por mal, vão para lá... Se não eram é porque foram morar para outro lado até ao fim do mês e do arraial, ou são todos surdos que nem portas, ou  têm paciência de santo e aguentam aquilo sem se queixarem. Mas, fossem quem fossem, o facto é que eram no máximo dos máximos umas 20 pessoas e aquele arraial  é mesmo um caso de muito barulho por nada!

sábado, 22 de junho de 2013

BANALIDADES - Lisboa em Si



Ontem à noite fui assistir ao “Lisboa em Si”, um concerto tocado com os sons da cidade, apitos de barco, apitos de comboio, campainhas de eléctricos, sirenes e sinos. Fui um pouco mais cedo, de metro até ao Cais do Sodré e depois a pé pela beira Tejo até ao Terreiro do Paço. O rio estava lindo, cheio de barcos-“instrumentos-musicais” iluminados, e a beira-rio cheia de gente. Estava ainda à beira-rio mas já no Terreiro do Paço quando o concerto começou. Ali só ouvia os apitos dos barcos  e dos comboios. Desloquei-me para o meio da praça onde consegui ouvir também as campainhas dos eléctricos e as sirenes. Quanto aos sinos... eram só um som muito fraco e longínquo. Como os eléctricos participantes estavam todos concentrados ali acho que em nenhum dos outros locais sugeridos para assistir ao concerto se conseguiriam ouvir todos os “instrumentos”, talvez se ouvissem melhor os sinos mas os eléctricos iam deixar de se ouvir completamente. A ideia foi gira, não dei o tempo por perdido (até pela quantidade de pessoas absolutamente invulgar naquela zona da cidade àquela hora), mas a coisa ficou muito aquém das expectativas (das minhas seguramente e julgo que das de toda a – muita – gente que foi para a rua ouvir o concerto). Acho que podem repetir mas têm de pôr eléctricos a tocar noutros locais além da Praça do Comércio, na Praça da Figueira, no Camões, em Santa Luzia, por exemplo. E se mantiverem os barcos todos concentrados entre o Cais do Sodré e a Praça do Comércio como ontem estavam, é melhor que, contrariamente ao que fizeram desta vez,  não aconselhem essa zona ribeirinha como um dos locais onde se pode ouvir o concerto.
Acabado o concerto iniciei o trajecto para voltar ao metro e a casa. Fui pela Rua Augusta mas mal dei três passos voltei atrás e fui  para a Rua do Ouro pois na Rua Augusta havia um verdadeiro “engarrafamento” de peões. A Rua do Ouro tinha bastante gente mas dava para caminhar. O trânsito de automóveis é que estava uma loucura, acho que o trânsito foi parado naquela zona durante o concerto e os automobilistas não só eram imensos, pior do que em hora de ponta, como estavam irritados, durante o pouco tempo que percorri a Rua do Ouro (virei na Rua de São Nicolau para a Rua Nova do Almada), assisti a montes de travagens, buzinadelas e insultos, parecia que todos os condutores tinham enlouquecido. 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

BANALIDADES - Adeus rua pedonal

Não sei se já repararam completamente o buraco e as causas do mesmo (hoje saí e entrei pelo outro lado da rua) mas sei que o trânsito, autocarros incluídos, já está a circular normalmente. Que pena... a rua estava um sossego. Mas, mesmo assim, não foi mau, foram 8 dias de rua pedonal.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

BANALIDADES - O afectado



Gosto muito da minha cabeleireira (trabalha bem, não é careira, é simpática) mas nunca estar disponível quando me dá uma súbita vontade de ir lá... irrita-me um bocado.  Até porque, atendendo ao facto de que quando vou lá com hora marcada nunca sou atendida na hora marcada, tenho sempre de esperar e às vezes essa espera é quase exasperante de tão longa, acho que a indisponibilidade de me atender sem hora marcada é mais má vontade (não em relação a mim em particular, mas em relação a atender sem marcação prévia) do que impossibilidade real. Ontem, precisando cortar um pouco o cabelo que já estava sem corte nenhum por ter crescido desde o último corte, telefonei para lá à hora do almoço a perguntar se podia ir lá alguma hora durante a tarde. Que não, que tinha o tempo todo ocupado, que podia marcar para as 11H30 hoje. Não marquei. Não gosto de ir ao cabeleireiro e, por isso, gosto de aproveitar as vontades súbitas para ir logo e não de marcar para ir num qualquer dia e hora em que o mais certo é não me apetecer nada ir. Como tudo o que eu queria era cortar uma coisinha de nada só para refazer o corte, decidi ir para a rua procurar um qualquer cabeleireiro que não fosse mais caro do que ela, pois achei que por muito mau que fosse não dava para fazer grandes estragos. Aqui mesmo na rua, lá mais para o fundo, encontrei um. Tinha os preços na porta e o corte era ainda mais barato do que na minha cabeleireira. Entrei, o mini-salão estava vazio, só lá estava o cabeleireiro, um jovem de cabelo amarelo e óculos de aros vermelhos e tão, tão, tão afectado que dava para perceber que era gay a kms de distância. Expliquei-lhe o que queria fazer muito bem explicadinho e entreguei-me nas mãos dele. Correu lindamente, pedi para me lavar a cabeça esfregando com força porque detesto lavar a cabeça suavemente e ele cumpriu a rigor, foi uma lavagem mesmo a meu gosto. Depois cortou o que eu queria e como eu queria e ficou bem. Apesar de – com os meus muitos anos de frequência de cabeleireiros e sempre observando bem o que fazem e como fazem – ter achado que ele não tinha muita técnica, nem muita prática, pela maneira como executou o corte, se ele continuar a trabalhar naquele sítio vou continuar a usá-lo sempre que queira fazer uma coisa simples como queria ontem. Ele é simpático, a afectação dele divertiu-me (a maneira de falar era de tal maneira afectada que primeiro até fiquei na dúvida se ele era português ou brasileiro, só depois de alguma conversa tive certeza de que era português, e tratou-me por “querida” o tempo todo :)), o corte ficou bem feito e exactamente o que eu queria e ainda paguei menos 3 euros do que pago na minha cabeleireira.  Resumindo, depois de ontem passei a ter dois cabeleireiros, uma para coisas mais técnicas e complicadas que não vou ter outro remédio senão marcar, e outro para as coisas simples onde posso ir quando me der na veneta sem qualquer marcação.

terça-feira, 18 de junho de 2013

DE PASSAGEM - O buraco abençoado

Finalmente hoje começaram a reparar o buraco. Passei por lá à tarde e parece que a coisa é grave e não vai ser reparada rapidamente. Ao que percebi o problema (como já tinha suspeitado) foi uma canalização subterrânea rota que foi libertando água e minando a terra até o piso da rua abater. Os trabalhadores ao serviço da CML escavaram um buracão ainda muito maior para poderem fazer a reparação e agora é que os carros não podem mesmo passar porque o buraco vai de um ao outro lado da rua. Brilhante! A rua vai continuar pedonal ainda por mais algum tempo.

sábado, 15 de junho de 2013

HISTÓRIAS ANTIGAS - Sustos afro-aéreos



Preâmbulo: eu tinha sempre evitado viajar de avião porque tinha medo, um medo irracional já que nunca tinha experimentado. Até que um dia tive a oportunidade de ir passar férias a Moçambique, tinha companhia e tinha alojamento gratuito. Como sempre tinha tido curiosidade de conhecer África, decidi esquecer o medo de andar de avião e fui fazer o meu baptismo de vôo em grande, uma viagem intercontinental de 12 horas de Lisboa a Maputo. Correu bem, não enjoei, não tive sequer entupimento dos ouvidos pela pressão da altitude, o vôo feito com a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) foi tranquilo, sem grandes turbulências nem poços de ar e a aterragem foi perfeita, tirando a pequena apreensão quando o avião decola e aterra (que acho que toda a gente sente) não tive medo nenhum.

O plano das férias incluía, além da estadia em Maputo, uma ida a Joanesburgo de autocarro e uma ida ao arquipélago de Bazaruto... de... avião. Já baptizada pela viagem de Lisboa a Maputo, embarquei sem temores no aviãozinho perereca de 15 lugares que fazia a ligação de Maputo a Bazaruto. A mesma apreensão na decolagem e na aterragem, esta a rasar o oceano que, embora sendo o lindíssimo Índico, aumentava a apreensão, mas nada a dizer da viagem de uma hora e tal, correu bem, não tive medo. Depois de uns dias em Bazaruto, na ilha do mesmo nome, voltei a embarcar no aviãozinho para regressar a Maputo. Tinham saído em Bazaruto passageiros que vinham de Maputo e nós que iamos para Maputo completámos a lotação juntando-nos aos passageiros também provenientes de Maputo que iam ficar noutra ilha do arquipélago, Banguerra, onde o avião ia escalar antes do regresso a Maputo. Então o avião começa a acelerar pela pista (de terra batida e erva), acelera, acelera, acelera, sem nunca levantar as rodas do chão, trava a fundo no final da pista, volta para trás, volta a arrancar em aceleração máxima, acelera, acelera, acelera sem nunca levantar as rodas do chão, trava a fundo no fim da pista, volta para trás, volta a acelerar. À 4ª tentativa, já com todos os passageiros a suar em bica do calor e do susto, finalmente levanta vôo. E segue rasando o Índico até Banguerra onde ia deixar os restantes passageiros vindos de Maputo e recolher outros tantos que iam regressar a Maputo. Aterra sem problema, saem passageiros e entram outros tantos. E repete-se o susto da decolagem, acelera, acelera, acelera, trava a fundo no final da pista, volta para trás, acelera de novo, volta a não levantar, volta a travar, não levanta nem à 4ª tentativa. Então a tripulação (dois pilotos e uma hospedeira) pede para os passageiros que tinham entrado ali em Banguerra sairem, diz que vai deixar os outros (onde eu me incluía) a Vilanculos e que volta para buscá-los e voltar a Vilanculos embarcar toda a gente. Só com metade dos passageiros o avião levantou à primeira tentativa. Supostamente rumo a Vilanculos que fica no continente. Mas de repente começa a baixar na direcção de outra ilha do arquipélago. Eu pensei – e pelo pânico em que muita gente já estava acho que todos os passageiros pensaram o mesmo – que íamos aterrar no meio do mato, nas dunas, numa praia, por o avião estar com problemas. Mas não, aterrámos suavemente numa pista de betão da ilha de Magaruque, onde, tal como nas outras de onde vínhamos, havia um alojamento turístico (um Lodge como, por influência Sul-africana, chamam em Moçambique). Desembarcámos para o avião ir buscar os outros passageiros que tinham ficado em Banguerra. Eu fiquei na beira da pista a olhar o avião, queria ter a certeza de que ia levantar sem problemas antes de voltar a enfiar-me nele quando regressasse para nos buscar e rumar a Maputo. Levantou à primeira, sem qualquer problema. Mais aliviada viro-me para caminhar até ao ‘lodge’ que estava a poucos metros nas minhas costas e para meu espanto reparo que estou sózinha, nenhum dos meus companheiros de viagem, nem sequer a amiga com quem eu estava, tinha tido a mesma preocupação que eu. Tinham corrido todos logo para o ‘lodge’, onde andavam entre o bar e a lojinha de recordações, a ter ataques consumistas, a comer, a beber, a comprar coisas.  A minha amiga insistia para eu pelo menos beber uma cerveja, de que eu gosto muito mas que era a última coisa que me apetecia fazer naquele momento, até porque me aguardava uma hora e picos dentro de um aviãozinho sem casa de banho. Concluí que toda a gente estava muito mais descontrolada com a situação do que eu e que o ataque consumista que estavam a ter era a maneira de compensarem o stress em que estavam. Não comi, nem bebi, nem comprei nada, fiquei a vê-los comer, beber e comprar, fumei uns cigarros, e fui olhando o céu à espera do regresso do avião que também queria ver aterrar. O avião regressou, fui vê-lo aterrar, aterrou tranquilamente sem problemas. Entretanto os meus companheiros de viagem vieram também para a pista e pararam todos atrás de mim, a hospedeira abriu a porta e baixou a escada e nós nada, ninguém se mexeu. Ela perguntou “Então? Não querem regressar a Maputo?”, eu respondi “Não sei se queremos. Isso vai voar até Maputo ou vai ficar pelo caminho?”, ela riu-se “Claro que vai voar até Maputo, não há problema nenhum.” Embora meio duvidosos, lá embarcámos. E, de facto, o avião levantou à primeira tentativa e o vôo até Maputo e a aterragem em Maputo foram totalmente tranquilos, embora algumas pessoas se tenham sentido mal pois já tinham tido tanto medo que já nada os tranquilizava enquanto estivessem dentro daquele avião. Já no aeroporto, quando estava a apanhar a bagagem, vi a tripulação e fui falar com eles. Só então percebi o que tinha acontecido (e que se eles tivessem explicado na altura tinha reduzido pelo menos 90% o susto dos passageiros), o dia estava extraordinariamente quente, na ordem dos 40º, e isso aliado ao atrito das rodas do avião na terra e erva seca fazia com que o avião tivesse dificuldade em levantar daquelas pistas estando com a carga máxima. Duma pista de betão já levantava sem problema. Por isso tinham decidido ir a Vilanculos. Mas como ao aproximarem-se de Magaruque se tinham lembrado de que ali também havia uma pista de betão tinham decidido aterrar lá pois era muito mais perto de Banguerra do que Vilanculos.

No ano seguinte voltei a Moçambique. A amiga com quem tinha lá estado de férias tinha entretanto ido trabalhar temporariamente para lá e portanto eu tinha novamente alojamento gratuito, desta vez no norte do país, em Pemba. Por essa altura eu já era “pro” em viagens de avião, além dos vôos Lisboa-Maputo-Lisboa  e da aventura do vôo Maputo-Bazaruto-Maputo do ano anterior, já tinha aproveitado o  ter perdido o medo de aviões e tinha ido a Inglaterra. Foi portanto com o maior à vontade que embarquei sózinha no vôo para Maputo e cheguei a Maputo sem nenhum percalço depois de mais uma viagem de 12 horas. E três ou quatro dias depois embarquei num vôo para Pemba. Nada de aviãozinho perereca, Moçambique é muito grande e a distância de Maputo a Pemba é mais ou menos a mesma de Lisboa a Berlim, portanto o avião era um normalíssimo avião de médio curso. À excepção de mim própria os passageiros eram todos Moçambicanos com todo o ar de habituados àquela viagem. O avião decolou na boa, voou até Nampula na boa, aterrou em Nampula na boa e levantou de Nampula na boa. No entanto à chegada a Pemba a coisa complicou-se. O avião fazia-se à pista e quando estava quase a aterrar subia de novo, dava uma voltas e voltava a fazer-se à pista e voltava a levantar e a dar umas voltas e a fazer-se à pista e isto foi-se repetindo até, finalmente, à 6ª tentativa ter aterrado. Apesar de ser uma situação um bocadinho assustadora..., não tive realmente medo, já tinha a experiência das tripulações não darem explicações aos passageiros e todos os meus companheiros de viagem estavam com o ar mais tranquilo do mundo, isto aliado a termos aterrado e levantado em Nampula pouco tempo antes sem qualquer problema, fez com que eu ficasse apenas um pouco mais apreensiva do que numa aterragem normal e muito curiosa sobre a razão daquelas várias tentativas de aterragem. Que mais uma vez esclareci no aeroporto indo falar com a tripulação quando estava à espera da bagagem. Aterrar em Pemba é mesmo assim, é uma zona de ventos fortes e cruzados pelo que uma aterragem à primeira é praticamente impossível.

E então, novamente com a mesma amiga que já tinha entretanto regressado, terminado o trabalho em Pemba, fui a São Tomé. Vôo tranquilo de Lisboa até lá, só oito horas de viagem em vez das doze para Maputo, aterragem um bocadinho assustadora porque o extremo da pista do aeroporto é mesmo em cima do mar, mas o avião aterrou sem nenhum problema. Na programação que tínhamos feito para as férias estava uma ida à Ilha do Príncipe, de avião, claro. Depois de dois dias a ir ao aeroporto e voltar para trás porque não havia vôo por causa das trovoadas, lá embarcámos. Noutro aviãozinho perereca, das linhas aéreas de São Tomé. A decolagem foi tranquila mas a meio da viagem, sobre o mar entre as duas ilhas, apanhámos uma trovoada gigantesca e apanhar uma trovoada gigantesca num aviãozinho perereca é gigantescamente assustador (já tinha apanhado por essa altura e já voltei a apanhar depois disso trovoadas a aterrar em Heathrow/Londres mas dentro de um avião grande e... não tem comparação). O aviãozinho saltava, pulava, estrondeava, abanava, chocalhava, descia abruptamente, subia outra vez, e pelas janelinhas só se via negritude e relâmpagos, enfim, de SUSTO mesmo. Os passageiros, alem de mim e da minha amiga, eram são tomenses e ninguém entrou em pânico embora toda a gente tenha ficado, obviamente, muito assustada. Só houve uma coitada duma passageira, que estava a viajar de avião pela primeira vez para ir visitar uns parentes ao Príncipe, que apesar de não ter entrado em pânico ficou tão aterrorizada que a cara dela, que era negra, ficou branca, a sério, eu nem imaginava que fosse possível porque a côr da pele é dada pela melanina, o pigmento da pele, mas é verdade, apesar de ser negra e bastante escura com o medo nem a melanina resistiu à falta de irrigação sanguínea e ficou tão pálida, tão pálida, tão pálida, que ficou branca, literalmente. Eu concentrei a minha atenção nos pilotos (o avião perereca não tinha cabine, os pilotos eram visíveis pelos passageiros) porque pensei que se/enquanto eles não entrassem em pânico devíamos estar safos. Eles não panicaram, apenas estavam  hiper concentrados e em esforço a levar o avião pelo meio da tempestade. E levaram, e pouco depois, já sem trovoada, fomos compensados pela visão maravilhosa da verde ilha do Príncipe, (menos a pobre passageira de primeira viagem que embora já tivesse recuperado a côr se recusou a tirar os olhos do chão enquanto o avião não aterrou, e suspeito que ficou a viver no Príncipe com os parentes para não voltar a entrar num avião) onde aterrámos sãos e salvos. Mas, à cautela, no dia em que fui de novo embarcar no perereca para regressar a São Tomé, antes de entrar no avião fui perguntar à tripulação se não corríamos o risco de apanhar outra trovoada (se corrêssemos eu preferia ficar mais uns dias no Príncipe até ter um vôo num dia sem trovoadas). Garantiram que não. E garantiram bem,o vôo de regresso a São Tomé foi completamente tranquilo.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

PODE??? - Abençoado buraco

Desde a noite de anteontem que o trânsito está condicionado aqui na rua, com os autocarros da carreira que aqui passa a circularem sei lá por onde e o trânsito de veículos particulares reduzido aos moradores. O corte está sinalizado por grades colocadas de um lado ao outro da rua com fitas dos bombeiros enroladas, sem qualquer sinalização prévia e sem nada que as ilumine. Ontem à noite pelo menos dois automóveis bateram na grade que está aqui mais próxima da minha casa e mesmo em cima de um cruzamento, é fácil que quem circula vindo da transversal só veja a grade quando embate nela. Mas foram só encostos sem danos pois foram embora tranquilamente e se tivessem danificado os automóveis  teriam chamado a polícia. E tudo isto porque o piso da rua abateu lá mais para baixo e há um enorme buracão, diria mesmo uma cratera, numa das faixas de rodagem. A Câmara de Lisboa até costuma ser rápida a reparar este tipo de coisas portanto desconfio que os serviços da Câmara não têm conhecimento da situação, pois não terem vindo reparar ontem foi mais ou menos normal porque era feriado, mas não terem vindo reparar hoje já é muito estranho. Se fosse outra situação eu própria a teria já reportado à Câmara mas sobre esta não vou dizer nada, eu nem sequer tenho carro portanto o buracão não me afecta e estou a achar o máximo estar numa rua que de cheia de trânsito barulhento passou a pedonal, é um sossego, por mim o buracão é abençoado e ficava para sempre. Se algum automóvel se estampar mesmo contra as grades - isto é se levar as grades à frente e ficar com a lata amolada e não apenas se encostar às grades como aconteceu ontem à noite - é porque vem depressa demais, apesar das grades não terem nenhuma iluminação a rua tem iluminação suficiente para serem visíveis, e é um merecido castigo pelo excesso de velocidade  ter de ir queixar-se dos bombeiros e /ou da Câmara para ser ressarcido dos estragos.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

DE PASSAGEM – E é, e é, e é, a Marcha do Alto do Pina é que é!



Apesar de não morar em nenhum bairro histórico este “bairro” onde agora moro tem uma marcha e, ainda por cima, uma marcha que ganhou o concurso das marchas dois anos seguidos, em 2011 e o ano passado.  A colectividade organizadora é o Ginásio do Alto do Pina. Hoje quando vim para casa pelas 16H00 vinha decidida a passar na colectividade para saber se a Marcha desfilava por aqui quando saísse para o desfile na Avenida da Liberdade. No entanto os ânimos estavam tão exaltados na porta da colectividade, numa conversa de um grupo de pessoas sobre um apedrejamento feito aos marchantes pelos apoiantes da Marcha de Alfama (não percebi onde mas presumo que no dia em que se apresentaram no Pavilhão Atlântico), que eu desisti de ir lá perguntar o que fosse pois não só ia ser difícil fazer-me ouvir como ainda corria o risco de, sendo uma desconhecida, “sobrar” para mim. Mas uns passos adiante cruzei com duas raparigas trajadas com roupas verdes e vermelhas nitidamente de marchantes e interpelei-as “Olá, boa tarde, vocês são da marcha, não são?” – a pergunta era retórica, apenas uma “muleta” para abordar duas desconhecidas, pois vestidas daquela maneira só podiam ser da marcha. A resposta que recebi com a maior agressividade foi “DA BAIXA?!?!?!?”, tal é o bairrismo e os ânimos incendiados que em vez de “marcha” perceberam “baixa” (os lisboetas “de gema” dizem “Baxa” o que ajuda a entender a confusão), nome de marcha rival. Eu ri-me e disse “Qual baixa, MARCHA, Marcha do Alto do Pina!”, aí ficaram simpáticas, começaram a tratar-me por “sócia”, e deram-me a informação que eu queria. Sim, iam desfilar da colectividade até à Praça do Chile onde iriam tomar o autocarro para ir para a Avenida, a saída estava marcada para as 18H00. Agradeci e despedi-me desejando-lhes boa sorte. Pelas 18H00 passei por lá, muitos marchantes trajados para cá e para lá, música aos berros vinda da outra colectividade (Clube Musical União numa rua transversal a poucos metros do Ginásio do Alto do Pina), putos a pedirem cêntimos para o Sto. António, um “altar” de Sto. António montado num parapeito de uma montra, muita gente na rua, mas marcha organizada para desfilar... nada! Fui à Rua Morais Soares comprar uma coisa de que precisava e que não havia aqui perto de casa e voltei. Havia mais gente em geral e mais marchantes na rua, uma carrinha e uma camionete, identificadas como sendo da Marcha do Alto do Pina, à porta da colectividade a carregar os arcos, fulanos da colectividade armados em polícias a controlar o trânsito, mas marcha preparada para desfilar... nada! Perguntei a uns marchantes se ainda faltava muito para sairem, disseram-me que estavam à espera do padrinho (o actor Joaquim Monchique). Resolvi ficar por ali à espera. E esperei uma hora. Durante a qual cada vez havia mais e mais gente na rua, o trânsito era desviado pelos fulanos da colectividade, e no meio da confusão que já era o trânsito normal de carros e autocarros condicionado pelo magote de gente na rua, ainda passaram, não sei para onde, 5 carros de bombeiros, 2 grandes e 3 pequenos, uma ambulância e um carro de polícia todos tinonim-tinonim-tinonim. E voltaram a passar algum tempo depois em sentido inverso  já sem tinonins. Finalmente, depois da carrinha e da camionete carregadas com os arcos terem partido, a marcha lá arrancou. Os padrinhos e um pequeno séquito foram apresentar cumprimentos à outra colectividade e depois lá seguiram, marchando, tocando e cantando rua abaixo, com o povoléu todo atrás batendo palmas e gritando “Alto do Pina, Alto do Pina, Alto do Pina”. Eu bati palmas enquanto a marcha passou e voltei para casa. E apesar de bairrismo, nacionalismo, ou seja o que fôr que implique militância de qualquer espécie, ser a minha antítese, acho graça a estes fenómenos bairristas e  às marchas (que embora sendo na sua versão actual uma "invenção" do Estado Novo têm uma origem popular e foram re-apropriadas pelo povo). Portanto... diverti-me!

A origem das marchas 
gosto da marcha de lisboa 2013 

terça-feira, 11 de junho de 2013

PODE??? - Noção de privacidade (falta de)



Hoje estava eu no McDonald’s da Av. da República (passe a publicidade que eles nem precisam) e senta-se numa mesa à minha frente uma fulana, 40 e tais anos, não muito gorda mas daqueles gordinhos que (a mim) metem impressão porque são todos gordos, ou seja, até os pés e as mãos têm banha, carne a mais. Sandálias de salto alto com uma tira a vincar, bem enterrada, a carne gorda dos pés, (não sei como aguentam, eu nem conseguiria caminhar com um sapato a torturar-me os pés daquela maneira), e a mostrar umas unhas pintadas e uns calcanhares maltratados, vestidinho piroso metido a fino, cabelo pintado de louro platinado e esticado, até aos ombros. Mal se sentou pegou no telemóvel e ligou para uma amiga a quem tratou todo o tempo por “amiga” e por você. E eu fiquei a saber: que ela dá aulas, que mora na zona de Odivelas, que é casada, que o marido vendeu um automóvel há dois anos, que recebeu uma coima das finanças por causa da não liquidação do imposto de selo desse  automóvel, que hoje foi para as finanças de manhã para resolver esse assunto e que ainda lá estava naquele momento (3 da tarde) porque as finanças estavam cheias de gente com o mesmo problema, que uma outra amiga tinha ido passar o passado fim de semana a Óbidos onde ela própria passou um fim de semana há pouco tempo, que precisava mandar pôr umas capas nas sandálias que trazia calçadas e ia ao sapateiro que costuma usar, ali algures no Saldanha, quando acabasse de comer, que a amiga com quem estava a falar anda a ser (ou elas acham que anda a ser) encornada pelo marido  e teme que ele se balde a ir com ela um casamento para que estão convidados no próximo fim de semana e ela aconselha-a a não dizer ao marido a que horas é o casamento para ele não ter oportunidade de inventar outro compromisso para a mesma hora.  Eu não fiz esforço nenhum para ouvir tudo isto, pelo contrário, teria era de fazer esforço para não ouvir. E não ouvi mais porque entretanto acabei de comer e fui à minha vida. Há (muitas) pessoas não se enxergam, não têm a menor noção de privacidade, falam ao telefone em público como se estivessem em casa.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

COMO??? - Santa ignorância


Numa reportagem sobre uma Feira quinhentista a decorrer na Madeira, uma rapariga dos seus vinte e tais anos que estava a vender não sei o quê, é indagada pelo repórter sobre o preço do que está a vender. E, com o ar mais natural do mundo, responde: "Agora custa 2 euros e meio mas na época era 2 tostões e 50 centavos".

É incrível como se consegue dizer tanta asneira em tão poucas palavras... 2 tostões equivaliam a 20 centavos portanto "2 tostões e 50 centavos" não são dois tostões e meio, serão, quando muito e numa maneira (muiiiiito) estranha de dizer, 70 centavos; tostões e centavos são divisões do Escudo e no século XVI não sei bem qual era a moeda usada em Portugal (houve muitas e eu não sou especialista nem em História nem em moedas), seria o Vintém, o Cruzado, o Real, mas Escudo não era de certeza pois o Escudo é emitido na República (e, se bem me lembro dumas pesquisas sobre moedas que fiz há uns anos também existiu uma moeda chamada Escudo, por um curto período, nos primórdios da nacionalidade, ou seja, séculos antes do século XVI); e finalmente o sistema decimal na moeda só é implementada em Portugal no século XIX pelo que no século XVI, fosse qual fosse a moeda, não havia nenhuma divisão correspondente ao centavo, ou ao tostão, do escudo, nem ao cêntimo do euro, quando muito haveria meios vinténs, ou meios cruzados, ou meios reais...

E o que eu acho mais incrível nem é a ignorância da rapariga em relação às moedas mas sim a sua total e completa ignorância da sua ignorância na matéria.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

PODE??? - Bacoradas nos média - capítulo VII

E-JN, hoje:

«O presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Miguel Seabra, foi atropelado, esta semana, em Londres, Inglaterra. O responsável sofreu uma fratura numa tíbia, "tendo já deixado o hospital onde esteve internado", afirmou, ao JN, a assessora de imprensa da FCT Ana Godinho

Lendo o resto da notícia percebe-se que quem sofreu a fractura na tíbia foi Miguel Seabra mas só por este parágrafo parece que foi o condutor do veículo que o atropelou.

O que quererá dizer este "o responsável"??? Responsável por quê? Pela FCT? Pelo atropelamento que sofreu?

quarta-feira, 5 de junho de 2013

PODE??? - O vizinho japonês

Eu ia a sair e cruzei na escada com um jovem japonês que subia a correr e ignorou completamente o boa tarde que lhe dei. Na entrada  estava o vizinho que é administrador do prédio, um senhor bem educado dos seus 70's e tais anos. Que se me lamentou que tinha estado a tentar explicar ao rapaz japonês que tinha aberto sem querer uma carta para ele proveniente da Segurança Social , porque a carta só trazia por fora a morada e o carteiro a tinha colocado na caixa de correio do apartamento dele, e que só depois de abrir a primeira parte do picotado é que viu o nome japonês do destinatário já no interior da carta e reparou que a morada era do apartamento ao lado do dele onde está o rapaz, mas que o rapaz não percebia nada de português e achava que ele não tinha percebido nada. Entretanto o rapaz voltou, com uma pasta cheia de papeladas. Eu perguntei-lhe se ele falava inglês, ele confirmou, e eu expliquei-lhe em inglês o que tinha sucedido. Ele começou a procurar no meio da papelada e sacou e mostrou a dita carta perguntando se era aquela. O senhor confirmou. E o rapaz começou a perguntar-me insistentemente e mostrando-me o conteúdo da carta, algo que eu não estava a perceber. A pronúncia inglesa dele é assaz estranha para os meus ouvidos e a pergunta também era estranha para a minha mente. Depois dele muito insistir, finalmente percebi. Queria saber se o senhor tinha fixado a informação que estava na carta. Pode???? Pode. E o mais interessante é que 1. o senhor que abriu a carta por engano só abriu a primeira parte do picotado pelo que nem sequer teve acesso à informação contida na carta e 2. o rapaz na sua ânsia de que eu compreendesse o que ele estava a perguntar mostrou-me essa informação tantas vezes que eu sim poderia tê-la fixado se estivesse interessada em fazê-lo. Não sei o que se passa com os jovens estrangeiros que vêm para Portugal. No dia da manifestação topei com o austríaco completamente "desantenado",  agora topo com um japonês desconfiadézimo e... burro!

terça-feira, 4 de junho de 2013

PODE??? - Bacoradas nos média - capítulo VI e Manipulação pelos média - capítulo I

A informação da TVI anda um mete nojo de dar vómitos de manipulação  pró governo. Ouvi o José Alberto Carvalho a dar a notícia do protesto contra a ministra Assunção Cristas em Leiria, que levou à detenção dum manifestante. Para além da bacorada de ter chamado à mulher Cristicas, ((: deve andar a ter aulas com a Judite de Sousa :)), todo o enfoque foi posto na malvadez do manifestante que tentou agredir a ministra "grávida de 7 meses", 'tadinha, e agrediu um segurança ao ser barrado por ele, as imagens mostraram só e apenas o manifestante já detido a entrar na carrinha da PSP. Como é meu costume na hora dos noticiários das TV's generalistas, faço 'zapping' e mudo para a SIC..E vejo a mesma notícia, mostra imagens de toda a situação e relata-a de acordo com as imagens mostradas, o manifestante tentou apenas aproximar-se da ministra  para lhe mostrar um cartaz, foi agredido por um segurança à paisana e devolveu a agressão para se defender, pós o que foi atirado pelos seguranças para longe, foi detido pela PSP e foi levado ao hospital porque ficou com uma lesão num tornozelo. 
Acho que a JS e o JAC ainda vão a ministros... BAH!!!

domingo, 2 de junho de 2013

DE PASSAGEM – Pela Baixa numa tarde de domingo



Andei uma hora e meia a deambular pela Baixa A fazer horas para ir a um espectáculo. Comecei por  ir à Ermida da Senhora da Saúde a ver se descobria finalmente a identidade da Santa desconhecida da procissão. Nada feito, a Ermida estava fechada e nem sequer tem um horário na porta, conseguir entrar lá é um “totoloto”, tem de se ir tentando até ter a sorte de a encontrar aberta.  Como estava um calorão, e as igrejas são fresquinhas e bonitas e interessantes e há muitas na Baixa, resolvi fazer um périplo “igregistico” para me entreter e também pensando que talvez encontrasse a santa desconhecida numa delas (não a que “mora” na Ermida da Senhora da Saúde, obviamente, mas outra imagem da mesma santa). A segunda igreja que tentei – a estranha (porque não é uma igreja como as outras, é apenas o piso térreo de um prédio pombalino como todos os outros da Baixa) Igreja de Nossa Senhora da Oliveira de onde sai a procissão de Santa Rita de Cássia – também estava fechada. Mas essa tinha o horário na porta pelo que tentarei voltar lá um dia destes. Tentei então a Igreja de São Nicolau onde tinha entrado fugazmente no dia da Procissão de Santa Rita e essa estava aberta. Deu para a visitar com calma e ver atentamente todos os santos e santas. Tem uma santa “duplicada” com a Ermida da Senhora da Saúde mas não é a desconhecida, é a Santa Bárbara, uma imagem muito maior e mais recente do que a da Ermida da Senhora da Saúde e que, não sei porquê, estava numa peanha logo na entrada da igreja em vez de no seu altar que estava vazio. Fui depois à Igreja de São Domingos que é muito interessante por várias razões: foi construída no século XIII e ao longo dos tempos sofreu várias inundações, terramotos e incêndios o último dos quais, que destruiu toda a cobertura e todo o interior que não era de pedra, já no século XX; a actual reconstrução é dos anos 90 do século XX e mantém aparente a destruição desse último incêndio; tem uma porta para o Largo de São Domingos  (a que dá entrada na Igreja) e outra com um pátio gradeado para a Rua D.Duarte (que dá para a sacristia) e, ao que li, tem outras duas laterais hoje em dia no meio de prédios e não usáveis e nas quais nunca reparei; foi a Igreja da Inquisição mas também de casamentos e baptizados reais; e tem uma data de nomes, Convento de São Domingos de Lisboa, Igreja de São Domingos, Igreja Paroquial de Santa Justa, e Igreja de Santas Justa e Rufina.  Também tem alguns santos, nomeadamente Justa e Rufina, mas a maior parte das imagens é de Nossas Senhoras e Jesus Cristos variados e nada de santa desconhecida. Entre estas duas igrejas que visitei notei um pormenor de diferença, uma delas confia nos fieis e nos visitantes, as velas estão em estantes e têm ao lado uma caixa de esmolas onde é suposto as pessoas depositarem 50 cêntimos por cada vela que tiram. A outra desconfia da honestidade dos fieis e visitantes e tem as velas bem trancadas em dispensadores de velas de onde as ditas só saem com a introdução de 50 cêntimos e também tem as velas em venda numa lojinha no interior da igreja. Na Igreja de São Domingos vi entrar um fulano gordinho e seboso, aí dos seus 60 anos, daqueles que usam um cabelo comprido por cima da cabeça a tapar a careca, que quando entrou se dirigiu pressurosamente à pia da água benta onde molhou a mão. Mas em vez de se benzer usou a água para pôr no seu sítio de tapa-careca o cabelo desalinhado pelo vento. Nas ruas dos Fanqueiros, da Prata, dos Douradores, de São Julião e da Conceição e na Praça da Figueira a poluição sonora era de loucos. Colunas de som colocadas nas paredes dos prédios debitavam música clássica em volume considerável. Em cima disto  o fado, a música africana e sei lá mais o quê, proveniente de lojas, casas, cafés e barraquinhas. Um horror! Não percebi qual a ideia daquelas colunas de som mas suponho que seja obra das paróquias da zona pois as igrejas de São Nicolau e da Madalena tinham as fachadas engalanadas em comemoração de um qualquer jubileu. Se eu morasse por ali chamava a polícia, queixava-me à Câmara, acho que até pegava num escadote e numa tesoura e cortava os fios para calar aquelas colunas, aquilo é uma verdadeira tortura sonora. Depois de sair da Igreja de São Domingos fiquei alguns minutos a ouvir uma pequena tuna universitária feminina que tocava e cantava no início da Rua das Portas de Santo Antão. Ligeiramente à minha frente estava, também a ouvir e ver a tuna, um fulano grandalhão de roupinha afiambrada (quero dizer, demonstradora de muito dinheiro e pouco bom gosto). De repente, aparece uma fulana, baixinha e redonda e vestida de igual modo que se dirige a ele e diz:  “E se em vez de estares aí a ouvir essas putas viesses ajudar-me a escolher (.... – não percebi o quê) aqui na loja.?!?!?” E zarpou para dentro da loja nas minhas costas. Ele ignorou-a completamente, nem replicou, e ficou impávido e sereno no mesmo sítio.

sábado, 1 de junho de 2013

DE PASSAGEM - O fim das manifestações



Não, não é o fim das manifestações no sentido das manifestações terem acabado (aliás, dada a conjuntura, acho que ainda vão “no adro”), é mesmo o fim das manifestações, ou seja o final das ditas cujas. Como moro muito perto da Alameda (Afonso Henriques) decidi ir sempre ver o final das manifestações que terminam lá. E assim fui ver o final da última manifestação da CGTP e fui ver hoje o final da manifestação convocada pelo movimento “Que se lixe a troika”. E: 1. a manifestação da CGTP tinha à vontade (e para mais que não para menos) 20 vezes mais pessoas do que a de hoje; 2. A PSP exerce uma segurança muito maior nas manifestações da CGTP do que nas do “Que se lixe a troika”; 3. Há jovens austríacos muito “fora” (no mau sentido de não saberem nada de nada do que se passa no mundo).

A primeira conclusão: a Alameda vista do topo acima da fonte luminosa, era um mar compacto de gente desde a fonte luminosa até à Almirante Reis na manifestação da CGTP e hoje nem 1/4 do relvado logo em frente à  fonte luminosa estava coberto de gente. A segunda: na manifestação da CGTP a PSP não deixava ninguém ir para o terraço sobre a fonte. Como tentei (em vão) convencer um polícia a deixar-me ir fiquei a saber que a proibição era porque tinham medo que alguém atirasse alguma coisa para o palanque dos discursos montado em frente à fonte. Hoje o terraço estava disponível para quem quisesse ir para lá. E embora o “Que se lixe a troika” não tivesse um palanque tinha uma camioneta-palco exactamente no mesmo sítio do palanque da CGTP. Só não sei se a menor preocupação da parte da PSP é por achar que é mais provável que alguém ataque a CGTP do que o “Que se lixe a troika”, ou se porque se preocupa mais em proteger a CGTP do que em proteger o “Que se lixe a troika”?!?!? E a terceira: mal eu tinha chegado ao topo da Alameda um fulano nórdico e grandalhão para aí com uns 30 anos dirigiu-se a mim perguntando se eu falava inglês. Disse-lhe que sim e ele perguntou-me o que é que se estava a passar. Expliquei-lhe. E ele perguntou-me de onde é que eu era?!?!? Disse-lhe que era daqui mesmo e ele fez um ar admirado. Depois perguntei-lhe de onde ele era e porque estava cá e ali. Disse-me que era austríaco, que estava cá a trabalhar e que tinha chegado há pouco tempo e estava instalado no Hotel Dah (que fica logo depois do cruzamento da Alameda com a Barão de Sabrosa). Atendendo à admiração por eu ser de cá (não tenho ar de não ser portuguesa e portugueses que falam inglês é o que mais há por aí) e a não fazer a mínima ideia do que se estava a passar quando esta manifestação de hoje aconteceu a nível europeu... não abona muito a favor do “antenamento” do rapaz...

DE PASSAGEM - Merecia mesmo era um chapadão



Quando estou na fila da caixa de um supermercado com um cesto cheio de compras e vejo atrás de mim alguém com uma, ou duas, ou três coisinhas na mão, sou eu própria que tomo a iniciativa de dar-lhe passagem à minha frente. Quando sou eu que tenho uma, duas ou três coisinhas na mão, raramente peço para passar à frente de quem está à minha frente com carros a abarrotar, muito de vez em quando é-me dada passagem por iniciativa de quem está à minha frente com carros a abarrotar, e, obviamente, jamais passo por duas ou três pessoas sem dizer “água-vai” para pedir a quem está mais à frente com um carro a abarrotar que me dê passagem porque só tenho uma ou duas ou três coisinhas para pagar. Hoje eu estava numa fila de supermercado com três coisas na mão e tinha à minha frente uma senhora com um carro a abarrotar e à frente dela 2 ou 3 pessoas com cestos com algumas compras e atrás de mim também 2 ou 3 pessoas com cestos com algumas compras. Veio uma esperta, com apenas uma compra na mão, passou por mim (e por quem estava atrás de mim) e dirigiu-se à senhora à minha frente com o carro a abarrotar pedindo-lhe para lhe passar à frente por só ter uma compra. A senhora disse que sim mas eu passei-me e disse-lhe que ela tinha de perguntar a todos na fila e não só à pessoa que estava mais à frente com mais compras e que por acaso eu importava-me que ela passasse à minha frente por só ter uma compra porque eu só tinha três compras. Ficou furibunda. Nesse instante abriu outra caixa, a senhora do carro a abarrotar mudou-se para ela e eu não estive para me chatear e resolvi ficar na mesma fila pelo que a esperta conseguiu mesmo passar à frente. E ainda foi o tempo todo a refilar alto e bom som  contra mim com a máxima (imbecil como ela e que era um carapuço que lhe servia mesmo bem a ela) que este país não andava para a frente por causa de pessoas como eu. Este tipo de gentalha ordinária irrita-me tanto, mas TAAAANTO, que ainda bem que não sou fortuda nem gosto de violência ou acho que ia passar a vida a ir parar à esquadra e ao tribunal porque a vontade que me dá é enfardar-lhes um chapadão sem mais conversa.