quarta-feira, 12 de junho de 2013

DE PASSAGEM – E é, e é, e é, a Marcha do Alto do Pina é que é!



Apesar de não morar em nenhum bairro histórico este “bairro” onde agora moro tem uma marcha e, ainda por cima, uma marcha que ganhou o concurso das marchas dois anos seguidos, em 2011 e o ano passado.  A colectividade organizadora é o Ginásio do Alto do Pina. Hoje quando vim para casa pelas 16H00 vinha decidida a passar na colectividade para saber se a Marcha desfilava por aqui quando saísse para o desfile na Avenida da Liberdade. No entanto os ânimos estavam tão exaltados na porta da colectividade, numa conversa de um grupo de pessoas sobre um apedrejamento feito aos marchantes pelos apoiantes da Marcha de Alfama (não percebi onde mas presumo que no dia em que se apresentaram no Pavilhão Atlântico), que eu desisti de ir lá perguntar o que fosse pois não só ia ser difícil fazer-me ouvir como ainda corria o risco de, sendo uma desconhecida, “sobrar” para mim. Mas uns passos adiante cruzei com duas raparigas trajadas com roupas verdes e vermelhas nitidamente de marchantes e interpelei-as “Olá, boa tarde, vocês são da marcha, não são?” – a pergunta era retórica, apenas uma “muleta” para abordar duas desconhecidas, pois vestidas daquela maneira só podiam ser da marcha. A resposta que recebi com a maior agressividade foi “DA BAIXA?!?!?!?”, tal é o bairrismo e os ânimos incendiados que em vez de “marcha” perceberam “baixa” (os lisboetas “de gema” dizem “Baxa” o que ajuda a entender a confusão), nome de marcha rival. Eu ri-me e disse “Qual baixa, MARCHA, Marcha do Alto do Pina!”, aí ficaram simpáticas, começaram a tratar-me por “sócia”, e deram-me a informação que eu queria. Sim, iam desfilar da colectividade até à Praça do Chile onde iriam tomar o autocarro para ir para a Avenida, a saída estava marcada para as 18H00. Agradeci e despedi-me desejando-lhes boa sorte. Pelas 18H00 passei por lá, muitos marchantes trajados para cá e para lá, música aos berros vinda da outra colectividade (Clube Musical União numa rua transversal a poucos metros do Ginásio do Alto do Pina), putos a pedirem cêntimos para o Sto. António, um “altar” de Sto. António montado num parapeito de uma montra, muita gente na rua, mas marcha organizada para desfilar... nada! Fui à Rua Morais Soares comprar uma coisa de que precisava e que não havia aqui perto de casa e voltei. Havia mais gente em geral e mais marchantes na rua, uma carrinha e uma camionete, identificadas como sendo da Marcha do Alto do Pina, à porta da colectividade a carregar os arcos, fulanos da colectividade armados em polícias a controlar o trânsito, mas marcha preparada para desfilar... nada! Perguntei a uns marchantes se ainda faltava muito para sairem, disseram-me que estavam à espera do padrinho (o actor Joaquim Monchique). Resolvi ficar por ali à espera. E esperei uma hora. Durante a qual cada vez havia mais e mais gente na rua, o trânsito era desviado pelos fulanos da colectividade, e no meio da confusão que já era o trânsito normal de carros e autocarros condicionado pelo magote de gente na rua, ainda passaram, não sei para onde, 5 carros de bombeiros, 2 grandes e 3 pequenos, uma ambulância e um carro de polícia todos tinonim-tinonim-tinonim. E voltaram a passar algum tempo depois em sentido inverso  já sem tinonins. Finalmente, depois da carrinha e da camionete carregadas com os arcos terem partido, a marcha lá arrancou. Os padrinhos e um pequeno séquito foram apresentar cumprimentos à outra colectividade e depois lá seguiram, marchando, tocando e cantando rua abaixo, com o povoléu todo atrás batendo palmas e gritando “Alto do Pina, Alto do Pina, Alto do Pina”. Eu bati palmas enquanto a marcha passou e voltei para casa. E apesar de bairrismo, nacionalismo, ou seja o que fôr que implique militância de qualquer espécie, ser a minha antítese, acho graça a estes fenómenos bairristas e  às marchas (que embora sendo na sua versão actual uma "invenção" do Estado Novo têm uma origem popular e foram re-apropriadas pelo povo). Portanto... diverti-me!

A origem das marchas 
gosto da marcha de lisboa 2013 

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