sexta-feira, 20 de abril de 2012

COISAS QUE NÃO ENTENDO - Pequenos ridículos

Leggings – há imenso mulherio a usá-las com o “rabo de fora”, isto é, com camisolas ou camisas curtinhas que terminam na cintura, ou acima da cintura, que não cobrem o rabo. Mesmo quando as ‘leggings’ são totalmente ‘outwear’ (ou seja, são de malha grossa opaca, sem costuras nem reforços) e os rabos que as vestem bonitos, bem feitos, parece que se esqueceram de vestir a saia ou os calções mas... enfim...  Acontece que na maior parte dos casos é bem pior, os rabos são gordos, descaídos, feios, e as ‘leggings’ são totalmente ‘underwear’, pouco grossas, pouco opacas, com reforços, com costuras, autênticos ‘collants’ sem pés (o que por vezes nem se percebe, só se suspeita, já que a portadora usa botas ou botins). É tão deselegante e tão ridículo que dá mesmo vontade de ir dizer à mulher em questão que se esqueceu de vestir uma peça de roupa. E pelos olhares, dirigidos a estas (tristes) figuras, que observo em outros transeuntes, olhares de crítica, de escândalo, de escárnio, não sou a única a achar que se esqueceram de vestir uma peça de roupa...

Franjas tapa-olho – é uma moda entre os putos adolescentes, uma franja até à ponta do nariz “artisticamente” penteada para o lado, cobrindo metade da cara  e um olho. Dá para perceber que usam uma franja dessas a “kms” de distância pois muito antes de se ver a franja vê-se o tique comum a todos eles, inclinam a cabeça ligeiramente para a frente e para o lado oposto ao da franja e depois lançam-na para trás, para o lado da franja, com um movimento brusco. Acho que vão levar meses para se livrarem desse tique depois do momento em que decidirem eliminar a franja...

Unhas dos pés impecavelmente arranjadas e pintadas... dentro de sandálias de tirinhas totalmente abertas, expondo todo o pé, com calcanhares nojentos, cheios de calosidades, desidratados, com gretas e às vezes até sujidade. ???? não olham para a parte de trás dos pés? acham que as unhas pintadas são o bastante para ter os pés bonitos? Há muitos calcanhares, em exibição em sandálias, maltratados, com péssimo aspecto, mas quando as unhas estão, quando muito, apenas cortadas... é feio mas coerente, a pessoa não arranja os pés, limita-se a cortar as unhas. Agora quando as unhas são impecavelmente arranjadas, verniz incluído, como é possível deixar o resto do pé em mísero estado?

domingo, 15 de abril de 2012

DE PASSAGEM - No autocarro

Nos transportes públicos gosto de viajar próximo das portas, para ir apanhando ar fresco quando a porta abre nas paragens e não “sucumbir” ao ar viciado que me faz espirrar, tossir, chorar, enfim, ter uma manifestação "brava" de rinite alérgica.
Entrei no autocarro e o único lugar sentado vago próximo duma porta era ao lado duma senhora, na faixa etária dos setentas, oitentas, que levava a sua mini malinha e um mini-mini saquinho de plástico pousados no lugar livre e não fez qualquer menção de os retirar de lá quando me aproximei para me sentar. Tive de pedir-lhe que os retirasse, o que fiz com toda a delicadeza e boa educação. Sem sequer se mexer respondeu-me “Há muitos lugares livres lá para trás!”. Talvez já tivesse enxotado outras pessoas com essa resposta mas comigo teve azar, disse-lhe: “Pois há. Mas eu não quero ir lá para trás, quero ficar aqui. Portanto a senhora por favor tira as suas coisas para eu me sentar.” Tirou mas ficou furiosa. E desatou a refilar contra mim, (falando para “a geral”,  não para mim),  dizendo que as pessoas eram umas mal educadas, não tinham nenhum respeito pelos mais velhos, e blá, blá, blá. Eu sentei-me e ignorei-a. Mas no lugar atrás ia outra senhora da mesma idade dela que aproveitou a ocasião para também refilar. E tomou a minha defesa respondendo-lhe que mal educada tinha sido ela a mandar-me lá para trás em vez de tirar logo a mala ao meu primeiro pedido, que eu até tinha sido muito bem educada, e isto e aquilo e aqueloutro. Eu continuei caladinha. Depois... azar!, a senhora ao meu lado saiu e eu  fui obrigada a dar um pouco de atenção à  minha defensora,  que continuou a repisar o assunto dirigindo-se a mim, até (uf!) chegar a minha vez de sair do autocarro.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

PODE??? - Agente Imobiliária

Eu andava à procura de casa em Lisboa e tinha marcado com uma senhora de uma imobiliária a visita a duas casas, uma na Praça das Flores, outra na Rua da Costa do Castelo. Combinámos encontrar-nos na casa da Praça das Flores e quando saímos da visita a essa casa, que não me interessou, a senhora perguntou-me “Quer ir de Metro ou a pé?”. Das alternativas que ela ofereceu, caminhar até ao Largo do Rato, a estação de Metro mais próxima, andar a trocar de linha por uma ou duas vezes e tornar a caminhar até ao destino a partir dos Restauradores ou da Praça da Figueira, ou fazer o percurso directamente a pé, eu, que adoro caminhar, que estou habituada a caminhar, que uso calçado apropriado para caminhar... escolhi, obviamente, irmos a pé. Era mais directo, era tão ou mais rápido, era mais agradável pois estava um dia bonito com uma temperatura amena, e, embora a distância seja grande, eu não tinha nenhum problema em a percorrer a pé. Percebi então que ela não fazia a menor ideia de que caminho devíamos tomar. Felizmente eu sabia e iniciámos o percurso. Ainda só íamos na Rua do Século em direcção à Calçada do Combro (nem a 1/3 do percurso) já ela estava toda “escaqueirada” e a perguntar-me se faltava muito... Apesar de ter seguramente menos uns vinte anos do que eu, não tinha calçado apropriado para caminhar, era notório que não estava habituada a caminhar, e era evidente que não fazia a mais pálida ideia de qual a distância até à Costa do Castelo. Como lhe expliquei que ainda íamos ter muito para andar perguntou-me então se não havia algum transporte que pudéssemos tomar. Disse-lhe que sim e tomámos o eléctrico na Calçada do Combro. Quando o eléctrico ia a descer para a Baixa, repito e realço, ia a descer para a Baixa, ela perguntou-me “Já vamos a subir para o Castelo?”. Respondi-lhe o óbvio e aproveitei para perguntar em que sítio da Costa do Castelo ficava a casa,  para decidir se saiamos do eléctrico na Madalena ou na Sé, ou só em Sta. Luzia. Com um tom firme respondeu-me “Saímos em Sta. Luzia.” Quando chegámos a Sta. Luzia,  ela nem se mexeu, fui eu que tive de anunciar “Sta. Luzia é aqui.”. E ela entrou em pânico, com medo de não conseguir chegar a tempo à porta porque nós íamos sentadas e o eléctrico ia a abarrotar de turistas. Claro que, como sempre, os turistas saíram quase todos para irem visitar o Castelo pelo que não havia razão nem para preocupação quanto mais para pânico, mas ela não sabia. E também não sabia como ir de Sta. Luzia para a Costa do Castelo. Mais uma vez, por sorte, eu sabia. Lá chegadas, descemos, e descemos, e descemos, até que, finalmente, chegámos à casa que ficava muito mais perto da Rua da Madalena do que de Sta. Luzia.   
Google Maps 

terça-feira, 10 de abril de 2012

BANALIDADES - Deduções (i)lógicas

Há tempos estava numa esplanada de um café ao lado duma florista. Às tantas a senhora florista veio ter comigo. Trazia  um agrafador e uma caixa de agrafos e perguntou-me se eu sabia colocar agrafos no agrafador. Disse-lhe que sim e recarreguei o agrafador. Ela agradeceu e acrescentou “Se a senhora sabe carregar um agrafador é porque trabalha num escritório, então deve saber esclarecer-me uma dúvida.” e começou a fazer-me perguntas sobre direito de trabalho. Tive de lhe explicar que leis são assunto de juristas e que eu não sou jurista, ((: ...apesar de saber colocar agrafos num agrafador... :))

Recentemente tomei conhecimento da campanha  “Papel por comida” do Banco Alimentar e comecei a ir entregar os jornais (que habitualmente coloco no ecoponto) a uma Associação que é um dos pontos de recolha da campanha. À 3ª vez que fui a senhora da Associação passou a tratar-me por “Senhora doutora”. Como não sou doutora e a senhora não me conhece senão de eu lá ir entregar os jornais...  suponho que o “doutora” foi deduzido a partir dos jornais, quem compra jornais... é doutor. Acho que nem me vou dar ao trabalho de lhe dizer que não sou doutora, não vale a pena, aguento o tratamento uma vez por semana enquanto durar a campanha (excepto se ela resolver começar a fazer-me perguntas sobre leis, ou doenças...).

 Banco Alimentar

segunda-feira, 9 de abril de 2012

PODE??? - Rede Nacional de Expressos

Viajei num autocarro da Rede Nacional de Expressos de Lisboa para Coimbra um dia de manhã. Precisando estar em Lisboa novamente dois dias depois  às 9H00, adquiri logo em Lisboa um bilhete de regresso para o dia seguinte num autocarro que sairia de Coimbra às 17H00.

No entanto, na noite do dia em que viajei para Coimbra soube que o compromisso que tinha em Lisboa  tinha sido adiado. Assim, e porque me convinha aproveitar para ficar em Coimbra mais tempo, na manhã do dia para o qual tinha o bilhete de regresso às 17H00 dirigi-me ao terminal da Rede Nacional de Expressos em Coimbra, pelas 9H30, para saber se era possível alterar a viagem para o dia a seguir e, caso sim, proceder à alteração do bilhete.

Quando fui atendida na bilheteira entreguei o bilhete, adquirido em Lisboa para o autocarro que saia de Coimbra  pelas 17H00 daquele dia,  explicando à senhora que estava a atender na bilheteira a situação e perguntando se era possível alterar a viagem para um autocarro que saísse de Coimbra depois do almoço do dia seguinte.

A senhora respondeu-me que só era possível alterar no momento de saída do autocarro que eu quisesse tomar se houvesse lugares disponíveis. Considerei aquela resposta completamente absurda pois a RNE iria perder a possibilidade de utilizar o lugar que eu tinha adquirido para aquele dia e eu corria o risco de passar a tarde toda no terminal de autocarros no dia seguinte sem nunca conseguir um lugar para regressar a Lisboa. E disse isto mesmo à senhora. Que me respondeu, de forma bastante agressiva, que o facto de eu trocar o bilhete já ia sempre prejudicar a RNE pois o lugar que eu tinha adquirido em Lisboa ia ser sempre meu mesmo que eu não o utilizasse, e que muita sorte tinha eu por a RNE trocar os bilhetes sem cobrar taxas, e insistindo que eu só poderia trocar o bilhete indo para o terminal no dia seguinte “tentar a minha sorte”.

Em pleno século XXI, num mundo global, com sistemas informáticos avançados e Internet, não percebi nada daquela resposta e, já irritada, decidi esquecer a troca do bilhete e viajar naquele mesmo dia no autocarro para o qual tinha adquirido o bilhete em Lisboa. E, num tom firme e duro – que verbalizava a minha irritação - disse à senhora da bilheteira: “Esqueça! Devolva-me o bilhete. Eu viajo hoje.”.

Pelos vistos eu desistir era a condição necessária para ela resolver o assunto. Perguntou  de imediato em que autocarro eu queria viajar e emitiu e entregou-me um bilhete para o autocarro que sairia de Coimbra no dia seguinte pelas 15H00, continuando, no entanto, a invectivar-me por a minha troca de bilhete ir prejudicar a RNE. (De tal maneira que quase me “senti obrigada” a pedir desculpas pelo prejuízo...)

Quando no dia seguinte tomei o autocarro que saiu de Coimbra pelas 15H00 e ocupei o lugar marcado no bilhete em meu poder, entrou outro passageiro no autocarro com um bilhete para o mesmo lugar. Chamado o motorista para resolver o ‘qui-pro-quo’ percebi que o meu bilhete (chamado “de ligação” ?!?!?) não tinha  lugar marcado apesar de ser emitido com um lugar marcado e que, por isso, outro bilhete adquirido originalmente para aquele mesmo autocarro tinha o mesmo número de lugar que o meu. Viajar naquele lugar ou em qualquer outro era-me indiferente e o passageiro com o mesmo lugar que eu não tinha nenhuma responsabilidade na trapalhada pelo que, depois de ouvir a explicação do motorista, mudei para um  lugar vago. Mas a confusão de lugares era escusada. Se o meu bilhete “de ligação sem direito a marcação de lugar” não tivesse número de lugar marcado, eu teria esperado que todos os passageiros estivessem instalados para ocupar um lugar vago.

Na conversa com o motorista percebi que o problema da troca é o sistema informático da RNE que não consegue cruzar dados entre os terminais de venda de bilhetes não conseguindo  em Coimbra eliminar o bilhete original adquirido em Lisboa (daí o “prejuízo” que a senhora da bilheteira tanto me acusou de ir causar à RNE). Fiquei sem perceber o absurdo do “bilhete de ligação” que não é ligação nenhuma mas sim uma troca, e o absurdo de ser emitido um bilhete com marcação de número de lugar que na realidade é um bilhete sem marcação de lugar e que pode por isso duplicar com outro bilhete com marcação de lugar. Apesar de ter feito uma reclamação sobre o assunto à RNE pois a RNE nunca sequer se dignou responder-me.

sábado, 7 de abril de 2012

HISTÓRIAS ANTIGAS - Tommy

Durante muitos anos morei num 4º andar onde tinha muitas plantas mas nenhum animal. Um dia andava a limpar o quarto e fui à despensa buscar um produto de limpeza. Ao atravessar o ‘hall’, 3 ou 4 passos entre o quarto e a despensa, olhei distraidamente para a sala. Mal cheguei à porta da despensa, de onde a sala já não era visível,  tive a muito estranha sensação de que tinha visto um gato sentado na sala no meio das plantas. Dei dois passos atrás para voltar a olhar com atenção e perceber o que é que me tinha parecido um gato. Não parecia, era mesmo, um lindo gato cinzento sentado no meio dos vasos, com o maior desplante, como se estivesse na casa dele. Entrei na sala aproximando-me dele e ouvi na varanda do prédio do lado, que confinava com a varanda da minha casa, as vozes do casal que lá morava chamando “Tommy! Tommy! Tommy!”.  Chamei Tommy ao gato, fiz-lhe umas festinhas e, quando me assegurei de que podia pegar-lhe sem correr o risco de ser  toda esgatanhada, agarrei-o pelo cachaço, dirigi-me com ele à varanda, chamei os vizinhos e devolvi-lhes o gato. Esta foi a primeira de muitas visitas que recebi do Tommy, um gato maluco que passava de uma varanda para a outra ultrapassando um vão do comprimento dele, numa largura de não mais de 15 cm, entre dois muros com uma guarda de metal no topo. Manobra arriscada, tão arriscada que o Tommy caiu à rua por 3 vezes, fracturou o maxilar e quebrou dentes e fez luxações nas patas, mas logo que recuperava das maleitas voltava a aventurar-se. Um dia, logo de manhã, ouvi os donos do Tommy a chamarem-me. Fui à varanda falar com eles. Queriam saber se o Tommy estava em minha casa porque tinha desaparecido e já tinham ido à rua procurá-lo, pensando que ele teria caído mais uma vez, mas não o tinham encontrado. Eu não tinha visto nem sentido o Tommy mas, mesmo assim, dei uma volta à casa à procura dele. Em vão, ele não estava em minha casa. Pensei, e os donos do Tommy também, que se ele  não tinha caído à rua mais uma vez, só podia estar na casa dos meus vizinhos do outro lado, do outro apartamento do 4º andar do meu prédio, entre a minha varanda e a deles havia um peitoril contínuo (das janelas das salas) com 60 cm de largura, uma autêntica autoestrada para um gato. Mas esses vizinhos saiam muito cedo para trabalhar, naquela hora já não estavam em casa, só ia dar para lhes perguntar se o Tommy estava lá pelo fim da tarde. Os donos do Tommy e eu saímos também para trabalhar. Quando regressei a casa no final da tarde os meus vizinhos ainda não tinham chegado. Deixei-lhes um bilhete colado na porta a pedir para irem falar comigo quando chegassem. Eles foram. A meio da noite tinham sido acordados por uns ruídos na sala. Levantaram-se assustados, julgando ter um ladrão em casa e ao chegarem à porta da sala o susto passou a terror quando viram uns olhões brilhantes no meio da escuridão. Claro que no momento seguinte perceberam que era um gato (embora isso não tenha melhorado muito a situação de susto e medo porque tinham fobia de gatos) e claro que o tinham enxotado para a escada pois pensaram que era por aí que ele tinha entrado, esgueirando-se sorrateiramente no momento em que eles tinham chegado. Como eles me disseram que ele tinha fugido escada acima, subi para o procurar. No patamar intermédio entre o 5º e o 6º andar estava um “armazém” de pequenas peças de mobiliário e lá bem escondido, só com o rabo de fora, o Tommy. Falei com ele, chamei-o, ele respondia com miaus angustiados mas não se mexia. Não me atrevi a agarrá-lo à força, gosto muito de gatos mas não gosto de ser arranhada e aquele gato não me conhecia assim tão bem, nem eu a ele, e estava assustado. Resolvi ir buscar leite para tentar atraí-lo, afinal ele devia estar ali enfiado há quase 24 horas sem comer, uma tigela de leite seria apetecível. Resultou, embora não da maneira que eu tinha pensado, ele não tocou no leite mas julgo que a minha oferta o fez perceber que as minhas intenções eram amistosas. E saiu do esconderijo e seguiu-me até casa. Aí encaminhei-o para a varanda e ele de imediato fez a manobra arriscada entre as varandas e foi para casa.  Algum tempo depois eu mudei de casa e o Tommy saiu da minha vida.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

DE PASSAGEM - Augustos

Uma senhora velhinha está numa janela de um r/c com um ar muito aflito dizendo “Ajudem, ajudem!”.
Paro e pergunto-lhe o que precisa, se quer que eu telefone a pedir uma ambulância. Responde-me  “Não, só quero que chame o Sr. Augusto.”
Digo-lhe que tem de me explicar quem é o Sr. Augusto porque não sei. Com um ar espantado diz  “Não sabe? Mas a senhora não mora aqui?”, respondo que sim, que moro no fundo da rua, mas que não conheço toda a gente do bairro e não conheço o Sr. Augusto.
Ela replica "É muito estranho não conhecer o Sr. Augusto, ele está sempre à janela."
Olho para os prédios em volta e não há ninguém à janela. Digo-lhe isso mesmo e repito que não sei quem é o Sr. Augusto, para poder chamá-lo ela tem de me explicar onde ele mora.
Finalmente ela explica que é na janela logo ao lado da dela, no r/c do prédio ao  lado. A janela está fechada, bato com os dedos no vidro. Não vem ninguém à janela, em vez disso abrem a porta do prédio.
Entro no prédio, a porta do r/c do Sr. Augusto está fechada, toco a campaínha. Uma rapariga de uns 30 anos abre a porta. Digo-lhe que é a senhora do r/c do prédio do lado que está na janela a pedir ajuda e me pediu para chamar o Sr. Augusto. Ela pergunta-me “Quem? A Sra. Augusta?”. ..
Explico-lhe que não conheço a senhora e não sei o nome dela, apenas ia a passar na rua e  falei com ela porque a vi a pedir ajuda na janela, e repito que a senhora está na janela do r/c do prédio do lado e me pediu para eu chamar o Sr. Augusto.
Responde-me “O Sr. Augusto está doente.”
Fico a olhar para ela em silêncio, pensando que estava metida numa história de loucos, que tinha de ir dizer à Sra. Augusta que o Sr. Augusto estava doente e que ela me ia pedir para chamar outro Sr. Augusto e admirar-se por eu não o conhecer e... , quando, perante o meu silêncio, ela acrescenta  “Eu vou lá ver o que ela precisa.” 
E sai comigo e vai falar com a senhora.
Uf! lá consegui sair da história e retomar o meu caminho.

terça-feira, 3 de abril de 2012

DE PASSAGEM - No supermercado

Fui ao supermercado aqui da rua comprar cerveja eram umas 5 da tarde. Um velhote, mesmo muito velhote, que mora também na rua um pouco mais acima do supermercado e costuma andar sempre a "zanzar" por aí, estava ao pé das prateleiras do vinho que ficam ao lado das da cerveja. Reparei nele e reparei que estava a mexer nas garrafas, mas não prestei muita atenção, achei que ele estava a escolher um vinho, ou a entreter o tempo lendo os rótulos. Peguei na cerveja e fui para a fila da caixa. Uns 5 minutos depois, ainda eu estava na fila pois havia imensa gente e só uma caixa a funcionar, sai o velhote à sua máxima velocidade com um empregado do supermercado atrás dele a mandá-lo embora, “Vá embora e não volte, sempre a mesma coisa!!!”. O velhote saiu e o empregado falou para a colega que estava na caixa “Viste bem aquele senhor? Ele está proibido de entrar aqui.”
Eu já estava a imaginar o que tinha acontecido quando a minha imaginação foi confirmada pelo empregado que correra com ele. Indagado por outro cliente, que estava na fila para trás de mim, sobre qual a razão para ter expulso o velho do supermercado, explicou que ele estava sempre a ir lá beber o vinho que está à venda. Eh! Eh! Será que ele leva um saca-rolhas? Será que só bebe os vinhos de tampita? Será que vai beber ao supermercado porque não tem dinheiro para comprar vinho? Ou pelo prazer de prevaricar? Ou porque está proibido de beber e tem algum tipo de controlo, por parte da família, ou de conhecidos, para cumprir a proibição e portanto não pode comprar nem beber às claras? Aquele supermercado é roubado a torto e a direito (quando a coisa piora contratam temporariamente um segurança), eu própria já vi pessoas a roubar e já ouvi várias histórias sobre roubos,  mas esses ladrões têm todos um ponto em comum, são jovens. Esta do velhote que rouba vinho bebendo-o lá... é inédita.

domingo, 1 de abril de 2012

PODE??? (Call-Center 2)

Início duma minha conversa telefónica com a Lisboa Gás:
LG: "Lisboagás, bom dia, fala Gonçalo, em que posso ser útil?"
Eu: "Bom dia, estou a falar relativamente ao local com a referência 7 0 5 3 9 5 8"
LG: "753..."
Eu (falando mais lentamente): " 7 0 5 3 9 5 8"
LG: "705358"
Eu (falando muito lentamente): "Não. É: 7 0 5 3 9 5 8"
LG: "753..."
Eu (gritando muiiiito lentamente): "7  0  5  3  9  5  8"
(loooooonnnnngoooooooo silêncio)
Eu (pensando que o Gonçalo tinha desligado): Alô!?!?!?
LG: 7053958

(Uf!!! Felizmente que, após esta introdução, o meu assunto implicou a transferência da chamada para outro LG, duvido que eu aguentasse tratar o assunto com o Gonçalo...)