Viajei num autocarro da Rede Nacional de Expressos de Lisboa para Coimbra um dia de manhã. Precisando estar em Lisboa novamente dois dias depois às 9H00, adquiri logo em Lisboa um bilhete de regresso para o dia seguinte num autocarro que sairia de Coimbra às 17H00.
No entanto, na noite do dia em que viajei para Coimbra soube que o compromisso que tinha em Lisboa tinha sido adiado. Assim, e porque me convinha aproveitar para ficar em Coimbra mais tempo, na manhã do dia para o qual tinha o bilhete de regresso às 17H00 dirigi-me ao terminal da Rede Nacional de Expressos em Coimbra, pelas 9H30, para saber se era possível alterar a viagem para o dia a seguir e, caso sim, proceder à alteração do bilhete.
Quando fui atendida na bilheteira entreguei o bilhete, adquirido em Lisboa para o autocarro que saia de Coimbra pelas 17H00 daquele dia, explicando à senhora que estava a atender na bilheteira a situação e perguntando se era possível alterar a viagem para um autocarro que saísse de Coimbra depois do almoço do dia seguinte.
A senhora respondeu-me que só era possível alterar no momento de saída do autocarro que eu quisesse tomar se houvesse lugares disponíveis. Considerei aquela resposta completamente absurda pois a RNE iria perder a possibilidade de utilizar o lugar que eu tinha adquirido para aquele dia e eu corria o risco de passar a tarde toda no terminal de autocarros no dia seguinte sem nunca conseguir um lugar para regressar a Lisboa. E disse isto mesmo à senhora. Que me respondeu, de forma bastante agressiva, que o facto de eu trocar o bilhete já ia sempre prejudicar a RNE pois o lugar que eu tinha adquirido em Lisboa ia ser sempre meu mesmo que eu não o utilizasse, e que muita sorte tinha eu por a RNE trocar os bilhetes sem cobrar taxas, e insistindo que eu só poderia trocar o bilhete indo para o terminal no dia seguinte “tentar a minha sorte”.
Em pleno século XXI, num mundo global, com sistemas informáticos avançados e Internet, não percebi nada daquela resposta e, já irritada, decidi esquecer a troca do bilhete e viajar naquele mesmo dia no autocarro para o qual tinha adquirido o bilhete em Lisboa. E, num tom firme e duro – que verbalizava a minha irritação - disse à senhora da bilheteira: “Esqueça! Devolva-me o bilhete. Eu viajo hoje.”.
Pelos vistos eu desistir era a condição necessária para ela resolver o assunto. Perguntou de imediato em que autocarro eu queria viajar e emitiu e entregou-me um bilhete para o autocarro que sairia de Coimbra no dia seguinte pelas 15H00, continuando, no entanto, a invectivar-me por a minha troca de bilhete ir prejudicar a RNE. (De tal maneira que quase me “senti obrigada” a pedir desculpas pelo prejuízo...)
Quando no dia seguinte tomei o autocarro que saiu de Coimbra pelas 15H00 e ocupei o lugar marcado no bilhete em meu poder, entrou outro passageiro no autocarro com um bilhete para o mesmo lugar. Chamado o motorista para resolver o ‘qui-pro-quo’ percebi que o meu bilhete (chamado “de ligação” ?!?!?) não tinha lugar marcado apesar de ser emitido com um lugar marcado e que, por isso, outro bilhete adquirido originalmente para aquele mesmo autocarro tinha o mesmo número de lugar que o meu. Viajar naquele lugar ou em qualquer outro era-me indiferente e o passageiro com o mesmo lugar que eu não tinha nenhuma responsabilidade na trapalhada pelo que, depois de ouvir a explicação do motorista, mudei para um lugar vago. Mas a confusão de lugares era escusada. Se o meu bilhete “de ligação sem direito a marcação de lugar” não tivesse número de lugar marcado, eu teria esperado que todos os passageiros estivessem instalados para ocupar um lugar vago.
Na conversa com o motorista percebi que o problema da troca é o sistema informático da RNE que não consegue cruzar dados entre os terminais de venda de bilhetes não conseguindo em Coimbra eliminar o bilhete original adquirido em Lisboa (daí o “prejuízo” que a senhora da bilheteira tanto me acusou de ir causar à RNE). Fiquei sem perceber o absurdo do “bilhete de ligação” que não é ligação nenhuma mas sim uma troca, e o absurdo de ser emitido um bilhete com marcação de número de lugar que na realidade é um bilhete sem marcação de lugar e que pode por isso duplicar com outro bilhete com marcação de lugar. Apesar de ter feito uma reclamação sobre o assunto à RNE pois a RNE nunca sequer se dignou responder-me.
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