segunda-feira, 16 de junho de 2014

DE PASSAGEM - Belo sítio para dormir

Esta manhã, em plena luz do dia, numa rua bastante movimentada, um homem estava deitado no meio do passeio, de barriga para cima, mãos cruzadas sobre a dita, sapatos pousados ao seu lado, a dormir placidamente, até ressonava. Era, nitidamente, pelo tipo físico e pelas roupas, um cigano Romani dos muitos que vivem na cidade. Achei a cena curiosa e caricata até porque a dita rua é uma transversal da Alameda Afonso Henriques onde há relvados e bancos, bastante mais simpáticos para dormir na rua do que o empedrado de um passeio com montes de gente a passar. Mas o que achei mesmo interessante foram os comentários dos passantes. Desde os que acharam insólito e até divertido, aos que acharam escandaloso e até aos que, xenófobos, ficaram a refilar que eram estas pessoas que vinham para o país dar-lhe má fama e a dizer que alguém devia chamar a polícia para o tirar dali. Não sei se alguém chamou a polícia, ou se ele lá ficou até terminar a sua soneca, porque eu não fiquei, só passei.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

BANALIDADES - Noite de Santo António



Fui ver, mais uma vez, a Marcha do Alto do Pina a sair para a Avenida. Mas acabei por não ver porque, também  mais uma vez, a marcha não saiu na hora marcada e quando o atraso já era de uma hora desisti. Tinha uma sardinhada à minha espera, no quintal de uns amigos, e achei que uma hora de atraso já era abuso. De qualquer modo não dei por mal empregado o tempo que estive na rua à espera da marcha. É uma confusão e é divertido. Este ano não houve carros de bombeiros nem ambulâncias a passar no meio da confusão pré-saída da marcha mas houve um trânsito imenso e intenso, absolutamente inusitado aqui na rua, não faço ideia porquê mas imagino que por estar a ser desviado, por alguma razão, da rua  por onde é costume passar que é uma via rápida com várias faixas de rodagem. Como não bastasse a fila contínua de trânsito, ainda houve um imbecil, com idade para ter juízo e que obviamente não tinha, a andar de mota para baixo e para cima, a acelerar feito doido e a fazer cavalinhos. Tudo isto com os marchantes e o resto do povo da colectividade para cá e para lá, com o maior à vontade, como se a rua estivesse cortada ao trânsito. Acho que o Santo António deve mesmo protegê-los ou em vez de irem marchar iam para o hospital atropelados. Já vi hoje que ficaram em quarto lugar. Atendendo a que devem chegar à Avenida todos ou quase todos bêbados, à medida que vão ficando prontos, vestidinhos com as suas bonitas fatiotas de marchantes, vão esperando a ordem de marcha bebendo copos pelos tascos da rua, até que é uma boa classificação. Não sei o que se passa com as marchas dos outros bairros mas esta, pelo menos o ano passado e este ano, é uma desorganização completa. Uns vestem-se na colectividade que organiza a marcha, outros vestem-se na colectividade vizinha, outros vão vestir-se aos tascos, outros a casas particulares, uns chegam a tempo, outros chegam atrasadézimos, e em vez de sairem na hora marcada andam uma hora, ou mais, a zanzar e a beber copos. Depois fui para a sardinhada. Foi divertido e simpático e familiar. Havia sardinhas e febras, pão e broa, azeitonas, saladas e fruta e tarte de maça e, claro! vinho tinto E no final apanhámos limões do limoeiro do quintal. Gostei!
 


Perto da 1 da manhã, já eu estava de volta a casa, passaram os marchantes de regresso da Avenida. Tão contentes e a fazerem tanto barulho, gritando a plenos pulmões “E é, e é, e é, a Marcha do Alto do Pina é que é!”, que até pensei que tinham ganho o primeiro lugar. Quando hoje percebi que só conseguiram o quarto concluí que o entusiasmo devia ser alcoólico. E às 6 da manhã fui acordada por uma barulheira infernal. Um bêbado qualquer de passagem atirou para o meio da rua todos os caixotes do lixo de todos os prédios. Vá lá que estavam vazios. E viva o Santo António!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

DE PASSAGEM - A sorte de ser magra

Eu estava na fila para a caixa do supermercado - (sim, é verdade, vou muitas vezes ao supermercado porque detesto fazer compras de empreitada, prefiro ir muitas vezes comprar poucas coisas, à medida das necessidades, e como tenho muitos supermercados por perto é o que faço) - e começou uma conversa entre a mulher que estava à minha frente e a mulher que estava atrás de mim. Uma era mesmo gorda e a outra não era gorda mas era bem mais cheínha do que eu que sou mesmo magra. Elas conheciam-se e a conversa começou mesmo com a não gorda a dizer à gorda, que já não via há muito tempo, que ela estava gorda. "Eu também já estive mais gorda", "eu engordei com a mudança de idade", "são os nervos" e blá blá do género, sempre comigo "ensanduichada" na conversa, até que a não gorda pergunta à gorda que idade é que ela tem e ela diz que tem 44 anos. Aí a não gorda diz "Eu já tenho 48!", com um ar impante de orgulho por não ser gorda sendo mais velha e lança esse olhar, de tanto orgulho que sentiu, também para mim. Aí eu estraguei tudo porque quando ela olhou directamente para mim com aquela afirmação, a rebentar de orgulho e contentamento, como quem diz "estás a ver, sou muito mais velha do que ela e ela é gorda e eu não sou", eu, que completo 57 anos daqui a menos de 2 meses, disse "Não olhe para mim,  eu  tenho 57 anos.". Eh! Eh! Ficaram um monte de tempo a dizer que não parecia nada e que se eu pintasse o cabelo ainda pareceria mais nova e blá blá blá. Eu só disse que não queria parecer mais nova e que gostava muito do meu cabelo com brancos e não dei mais conversa, continuando a ouvir o blá blá delas. Mas foi divertido.

domingo, 1 de junho de 2014

BANALIDADES - Não há dois 'sui generis' sem três

Hoje, e também aqui na rua embora não à porta de casa, vi mais um transporte 'sui generis'. Um fulano de moto com uma caixa de transporte como as habitualmente usadas nas motos, mas... a dita caixa não estava presa à moto mas sim às costas dele, com umas alças, como se fosse uma mochila. Não ando de moto mas  suspeito que carregar uma maleta daquelas às costas não deve ser grande ajuda para o motociclista manter o equilíbrio.

BANALIDADES - Transporte 'sui generis'

Ontem foi o dia das mudanças 'sui generis'. À noite fui fechar uma janela e vejo um carro a arrancar transportando um colchão no tejadilho, no tejadilho mesmo, não havia nenhuma grade de transporte instalada no carro. E preso como? Pelas mãos de 3 passageiros, um ao lado do condutor e dois atrás, um de cada lado, com os braços esticados fora das janelas segurando as alças laterais do colchão. Terão conseguido chegar ao destino sem o colchão ir parar ao meio da rua numa qualquer curva, ou subida, ou descida?