quarta-feira, 19 de junho de 2013

BANALIDADES - O afectado



Gosto muito da minha cabeleireira (trabalha bem, não é careira, é simpática) mas nunca estar disponível quando me dá uma súbita vontade de ir lá... irrita-me um bocado.  Até porque, atendendo ao facto de que quando vou lá com hora marcada nunca sou atendida na hora marcada, tenho sempre de esperar e às vezes essa espera é quase exasperante de tão longa, acho que a indisponibilidade de me atender sem hora marcada é mais má vontade (não em relação a mim em particular, mas em relação a atender sem marcação prévia) do que impossibilidade real. Ontem, precisando cortar um pouco o cabelo que já estava sem corte nenhum por ter crescido desde o último corte, telefonei para lá à hora do almoço a perguntar se podia ir lá alguma hora durante a tarde. Que não, que tinha o tempo todo ocupado, que podia marcar para as 11H30 hoje. Não marquei. Não gosto de ir ao cabeleireiro e, por isso, gosto de aproveitar as vontades súbitas para ir logo e não de marcar para ir num qualquer dia e hora em que o mais certo é não me apetecer nada ir. Como tudo o que eu queria era cortar uma coisinha de nada só para refazer o corte, decidi ir para a rua procurar um qualquer cabeleireiro que não fosse mais caro do que ela, pois achei que por muito mau que fosse não dava para fazer grandes estragos. Aqui mesmo na rua, lá mais para o fundo, encontrei um. Tinha os preços na porta e o corte era ainda mais barato do que na minha cabeleireira. Entrei, o mini-salão estava vazio, só lá estava o cabeleireiro, um jovem de cabelo amarelo e óculos de aros vermelhos e tão, tão, tão afectado que dava para perceber que era gay a kms de distância. Expliquei-lhe o que queria fazer muito bem explicadinho e entreguei-me nas mãos dele. Correu lindamente, pedi para me lavar a cabeça esfregando com força porque detesto lavar a cabeça suavemente e ele cumpriu a rigor, foi uma lavagem mesmo a meu gosto. Depois cortou o que eu queria e como eu queria e ficou bem. Apesar de – com os meus muitos anos de frequência de cabeleireiros e sempre observando bem o que fazem e como fazem – ter achado que ele não tinha muita técnica, nem muita prática, pela maneira como executou o corte, se ele continuar a trabalhar naquele sítio vou continuar a usá-lo sempre que queira fazer uma coisa simples como queria ontem. Ele é simpático, a afectação dele divertiu-me (a maneira de falar era de tal maneira afectada que primeiro até fiquei na dúvida se ele era português ou brasileiro, só depois de alguma conversa tive certeza de que era português, e tratou-me por “querida” o tempo todo :)), o corte ficou bem feito e exactamente o que eu queria e ainda paguei menos 3 euros do que pago na minha cabeleireira.  Resumindo, depois de ontem passei a ter dois cabeleireiros, uma para coisas mais técnicas e complicadas que não vou ter outro remédio senão marcar, e outro para as coisas simples onde posso ir quando me der na veneta sem qualquer marcação.

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