Gosto
muito da minha cabeleireira (trabalha bem, não é careira, é simpática) mas
nunca estar disponível quando me dá uma súbita vontade de ir lá... irrita-me um
bocado. Até porque, atendendo ao facto
de que quando vou lá com hora marcada nunca sou atendida na hora marcada, tenho
sempre de esperar e às vezes essa espera é quase exasperante de tão longa, acho
que a indisponibilidade de me atender sem hora marcada é mais má vontade (não
em relação a mim em particular, mas em relação a atender sem marcação prévia) do
que impossibilidade real. Ontem, precisando cortar um pouco o cabelo que já
estava sem corte nenhum por ter crescido desde o último corte, telefonei para
lá à hora do almoço a perguntar se podia ir lá alguma hora durante a tarde. Que
não, que tinha o tempo todo ocupado, que podia marcar para as 11H30 hoje. Não
marquei. Não gosto de ir ao cabeleireiro e, por isso, gosto de aproveitar as
vontades súbitas para ir logo e não de marcar para ir num qualquer dia e hora
em que o mais certo é não me apetecer nada ir. Como tudo o que eu queria era
cortar uma coisinha de nada só para refazer o corte, decidi ir para a rua
procurar um qualquer cabeleireiro que não fosse mais caro do que ela, pois
achei que por muito mau que fosse não dava para fazer grandes estragos. Aqui
mesmo na rua, lá mais para o fundo, encontrei um. Tinha os preços na porta e o
corte era ainda mais barato do que na minha cabeleireira. Entrei, o mini-salão
estava vazio, só lá estava o cabeleireiro, um jovem de cabelo amarelo e óculos
de aros vermelhos e tão, tão, tão afectado que dava para perceber que era gay a
kms de distância. Expliquei-lhe o que queria fazer muito bem explicadinho e
entreguei-me nas mãos dele. Correu lindamente, pedi para me lavar a cabeça
esfregando com força porque detesto lavar a cabeça suavemente e ele cumpriu a
rigor, foi uma lavagem mesmo a meu gosto. Depois cortou o que eu queria e como
eu queria e ficou bem. Apesar de – com os meus muitos anos de frequência de
cabeleireiros e sempre observando bem o que fazem e como fazem – ter achado que
ele não tinha muita técnica, nem muita prática, pela maneira como executou o
corte, se ele continuar a trabalhar naquele sítio vou continuar a usá-lo sempre
que queira fazer uma coisa simples como queria ontem. Ele é simpático, a afectação
dele divertiu-me (a maneira de falar era de tal maneira afectada que primeiro
até fiquei na dúvida se ele era português ou brasileiro, só depois de alguma
conversa tive certeza de que era português, e tratou-me por “querida” o tempo
todo :)), o corte ficou bem
feito e exactamente o que eu queria e ainda paguei menos 3 euros do que pago na
minha cabeleireira. Resumindo, depois de ontem passei a
ter dois cabeleireiros, uma para coisas mais técnicas e complicadas que não vou
ter outro remédio senão marcar, e outro para as coisas simples onde posso ir
quando me der na veneta sem qualquer marcação.
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