Numa reportagem sobre uma Feira quinhentista a decorrer na Madeira, uma rapariga dos seus vinte e tais anos que estava a vender não sei o quê, é indagada pelo repórter sobre o preço do que está a vender. E, com o ar mais natural do mundo, responde: "Agora custa 2 euros e meio mas na época era 2 tostões e 50 centavos".
É incrível como se consegue dizer tanta asneira em tão poucas palavras... 2 tostões equivaliam a 20 centavos portanto "2 tostões e 50 centavos" não são dois tostões e meio, serão, quando muito e numa maneira (muiiiiito) estranha de dizer, 70 centavos; tostões e centavos são divisões do Escudo e no século XVI não sei bem qual era a moeda usada em Portugal (houve muitas e eu não sou especialista nem em História nem em moedas), seria o Vintém, o Cruzado, o Real, mas Escudo não era de certeza pois o Escudo é emitido na República (e, se bem me lembro dumas pesquisas sobre moedas que fiz há uns anos também existiu uma moeda chamada Escudo, por um curto período, nos primórdios da nacionalidade, ou seja, séculos antes do século XVI); e finalmente o sistema decimal na moeda só é implementada em Portugal no século XIX pelo que no século XVI, fosse qual fosse a moeda, não havia nenhuma divisão correspondente ao centavo, ou ao tostão, do escudo, nem ao cêntimo do euro, quando muito haveria meios vinténs, ou meios cruzados, ou meios reais...
E o que eu acho mais incrível nem é a ignorância da rapariga em relação às moedas mas sim a sua total e completa ignorância da sua ignorância na matéria.
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