O Sr. L, funcionário dos serviços
administrativos, na época com uns cinquenta e picos anos, era uma pessoa
desagradável e muito irritante. Achava-se o máximo, arvorava-se em chefe dos
colegas, aos quais passava a vida a “picar os miolos” metendo-se onde não era
chamado, e era, de um modo geral, antipático e arrogante para toda a gente.
Além destas características que o tornavam 'persona non grata' para toda a gente
dentro da empresa, ainda era um fulano cheio de manias, parvas como todas as
manias, mas das quais fazia gala pois achando-se o máximo achava também o máximo as
suas manias. Um dia, por uma questão estética, a administração trocou as
cadeiras do bar da empresa, daquelas vulgares cadeiras de café em plástico côr
de laranja, por outras exactamente iguais mas em côr azul forte que ficavam
melhor com os tons cinza, branco e amarelo das paredes, portas, balcões e
mesas. O Sr. L dedicou meia-hora a experimentar todas as cadeiras para
“escolher a mais confortável” para os seus problemas de coluna. E escolhida uma
colou-lhe uma etiqueta na parte de baixo do assento. Ficámos então a saber,
pelos funcionários do bar, que já nas cadeiras côr de laranja ele tinha feito o
mesmo. E decidimos, eu e um grupinho de colegas que detestávamos o homem e
adorávamos fazer brincadeiras e pregar partidas, dar-lhe cabo do juízo com as
etiquetas até ele desistir. Foi uma semana de gáudio. Com a conivência dos
funcionários do bar e das funcionárias da limpeza, para nos contarem as
reacções e actos do Sr. L, e para inspeccionar as cadeiras, e para nos darem
acesso ao bar quando estava encerrado, começámos a campanha “Irritar o Sr. L”.
Primeiro tirámos a etiqueta que ele tinha posto. Ele voltou a experimentar as
cadeiras e a etiquetar uma. Nós voltámos a tirar a etiqueta. Ele voltou a experimentar as cadeiras e a etiquetar
uma delas. Então nós arranjámos etiquetas iguais e etiquetámos metade das
cadeiras do bar exactamente da mesma maneira como ele tinha etiquetado a “sua
cadeira”. Aparentemente ele desistiu. Ou então arranjou alguma maneira de
identificar a “sua cadeira” que nós não conseguimos descobrir, ou nunca
percebeu que a cadeira etiquetada não era uma mas sim metade das cadeiras do
bar.
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