terça-feira, 13 de setembro de 2016

HISTÓRIAS ANTIGAS - Colegas estranhos: o Sr. L



O Sr. L, funcionário dos serviços administrativos, na época com uns cinquenta e picos anos, era uma pessoa desagradável e muito irritante. Achava-se o máximo, arvorava-se em chefe dos colegas, aos quais passava a vida a “picar os miolos” metendo-se onde não era chamado, e era, de um modo geral, antipático e arrogante para toda a gente. Além destas características que o tornavam 'persona non grata' para toda a gente dentro da empresa, ainda era um fulano cheio de manias, parvas como todas as manias, mas das quais fazia gala pois achando-se o máximo achava também o máximo as suas manias. Um dia, por uma questão estética, a administração trocou as cadeiras do bar da empresa, daquelas vulgares cadeiras de café em plástico côr de laranja, por outras exactamente iguais mas em côr azul forte que ficavam melhor com os tons cinza, branco e amarelo das paredes, portas, balcões e mesas. O Sr. L dedicou meia-hora a experimentar todas as cadeiras para “escolher a mais confortável” para os seus problemas de coluna. E escolhida uma colou-lhe uma etiqueta na parte de baixo do assento. Ficámos então a saber, pelos funcionários do bar, que já nas cadeiras côr de laranja ele tinha feito o mesmo. E decidimos, eu e um grupinho de colegas que detestávamos o homem e adorávamos fazer brincadeiras e pregar partidas, dar-lhe cabo do juízo com as etiquetas até ele desistir. Foi uma semana de gáudio. Com a conivência dos funcionários do bar e das funcionárias da limpeza, para nos contarem as reacções e actos do Sr. L, e para inspeccionar as cadeiras, e para nos darem acesso ao bar quando estava encerrado, começámos a campanha “Irritar o Sr. L”. Primeiro tirámos a etiqueta que ele tinha posto. Ele voltou a experimentar as cadeiras e a etiquetar uma. Nós voltámos a tirar a etiqueta. Ele voltou a experimentar as cadeiras e a etiquetar uma delas. Então nós arranjámos etiquetas iguais e etiquetámos metade das cadeiras do bar exactamente da mesma maneira como ele tinha etiquetado a “sua cadeira”. Aparentemente ele desistiu. Ou então arranjou alguma maneira de identificar a “sua cadeira” que nós não conseguimos descobrir, ou nunca percebeu que a cadeira etiquetada não era uma mas sim metade das cadeiras do bar.

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