Sei da existência da Procissão da Senhora da Saúde de Lisboa
desde a infância, vivida longe de Lisboa, por causa duma história, contada pela
minha avó materna e passada na infância dela vivida em Lisboa. Estava com a mãe
dela e as irmãs na dita procissão e houve pancadaria e grande rebuliço e a
minha bisavó correu, para fugir da confusão, levando a filha mais nova pela mão,
e dizendo às outras duas para a seguirem e não a perderem de vista. A minha avó
e a irmã mais velha correram atrás da mãe mas, no meio da confusão de montes de
gente a fugir, só não se perderam da
minha bisavó porque conseguiram ver sempre o penacho do chapéu que ela usava
acima das cabeças da multidão.
Quando vim morar para Lisboa a procissão já não se fazia
havia muitos anos, recomeçou a fazer-se por essa altura. Mas eu morava nos
arredores de Lisboa e não mesmo na cidade como moro desde há 5 anos, a procissão é
pouco publicitada, e passaram anos e anos sem eu satisfazer a curiosidade de ir
assistir à dita, curiosidade que, com o passar dos anos, foi aumentando.
Finalmente o ano passado descobri a tempo e horas a data da
procissão e fui assistir. Tive a sorte de ir acompanhada por um amigo recente habituado a ir à
procissão desde a infância com a mãe, que me explicou todo o cerimonial que ia
acontecer, permitindo-me assistir a tudo
o que há de interessante nesta procissão que excedeu, - e
muito -, as minhas expectativas, fiquei apaixonada.
E percebi o que tinha visto há uns dez anos, num domingo em
que subi a pé da Baixa ao Castelo, que na altura achei divertido e bizarro mas
não percebi: uma imagem de São Jorge montada num cavalo, acompanhada duma
xaranga de cavaleiros da GNR em traje de gala, a descerem para a Baixa.
Mas fiquei intrigada com o porquê de o São Jorge vir do
castelo para abrir a procissão e do porquê de, além da Senhora da Saúde e do
São Jorge, participarem também da procissão a Santa Bárbara, o Santo António e
o São Sebastião.
Pesquisando via ‘internet’ aqui e ali, lá fui encontrando
umas informações que me permitiram perceber tudo remontando às origens (conto
no próximo ‘post’).
E voltei a ir assistir à procissão este ano, e voltei a adorar. O ritual desta procissão
é fantástico (com o São Jorge a vir a cavalo do seu castelo, etc.), a Senhora da Saúde muda de roupa de ano para ano, a maior parte
das pessoas que assistem são devotos (e não meros curiosos como eu), que se ajoelham e benzem à passagem da imagem da Senhora da Saúde e que criam um clima emotivo, é uma manifestação
interessantíssima do folclore da cidade. Nem sei como é possível haver tantos lisboetas que a desconhecem (incluindo alguns católicos praticantes).
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