terça-feira, 8 de maio de 2012

COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão da Senhora da Saúde (2)


Sei da existência da Procissão da Senhora da Saúde de Lisboa desde a infância, vivida longe de Lisboa, por causa duma história, contada pela minha avó materna e passada na infância dela vivida em Lisboa. Estava com a mãe dela e as irmãs na dita procissão e houve pancadaria e grande rebuliço e a minha bisavó correu, para fugir da confusão, levando a filha mais nova pela mão, e dizendo às outras duas para a seguirem e não a perderem de vista. A minha avó e a irmã mais velha correram atrás da mãe mas, no meio da confusão de montes de gente a fugir,  só não se perderam da minha bisavó porque conseguiram ver sempre o penacho do chapéu que ela usava acima das cabeças da multidão.

Quando vim morar para Lisboa a procissão já não se fazia havia muitos anos, recomeçou a fazer-se por essa altura. Mas eu morava nos arredores de Lisboa e não mesmo na cidade como moro desde há 5 anos, a procissão é pouco publicitada, e passaram anos e anos sem eu satisfazer a curiosidade de ir assistir à dita, curiosidade que, com o passar dos anos, foi aumentando.

Finalmente o ano passado descobri a tempo e horas a data da procissão e fui assistir. Tive a sorte de ir acompanhada por um amigo recente habituado a ir à procissão desde a infância com a mãe, que me explicou todo o cerimonial que ia acontecer,  permitindo-me assistir a tudo o que há de interessante nesta procissão que excedeu,  - e  muito -, as minhas expectativas, fiquei apaixonada.

E percebi o que tinha visto há uns dez anos, num domingo em que subi a pé da Baixa ao Castelo, que na altura achei divertido e bizarro mas não percebi: uma imagem de São Jorge montada num cavalo, acompanhada duma xaranga de cavaleiros da GNR em traje de gala, a descerem para a Baixa.

Mas fiquei intrigada com o porquê de o São Jorge vir do castelo para abrir a procissão e do porquê de, além da Senhora da Saúde e do São Jorge, participarem também da procissão a Santa Bárbara, o Santo António e o São Sebastião.

Pesquisando via ‘internet’ aqui e ali, lá fui encontrando umas informações que me permitiram perceber tudo remontando às origens (conto no próximo ‘post’).

E voltei a ir assistir à procissão este ano, e voltei a adorar. O ritual desta procissão é fantástico (com o São Jorge a vir a cavalo do seu castelo, etc.), a Senhora da Saúde muda de roupa de ano para ano, a maior parte das pessoas que assistem são devotos (e não meros curiosos como eu), que se ajoelham e benzem à passagem da imagem da Senhora da Saúde e que criam um clima emotivo, é uma manifestação interessantíssima do folclore da cidade. Nem sei como é possível haver tantos lisboetas que a desconhecem (incluindo alguns católicos praticantes).

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