“O São Jorge já está atrasado, nem parece inglês.”
(não estava atrasado,
a procissão iniciou-se pontualmente na hora marcada)
“Esta procissão é muito antiga, começou por causa da guerra”
(o culto, como o nome "da Saúde" da Nª Senhora indica, começou por causa da peste, não da guerra)
“Olha, olha, até cá está a Mocidade Portuguesa.”
(a “Mocidade Portuguesa”, que era uma instituição do Estado Novo que, obviamente, deixou de existir
há décadas, era, no caso e na realidade, um batalhão de militares do Regimento
de Transmissões de Odivelas com farda caqui)
“Olha o António Costa, este é socialista mas pelos vistos
converteu-se.”
(António Costa é o presidente da câmara da cidade que, evidentemente, participa na procissão independentemente de ser ou não devoto, a sua participação é o cumprimento de uma tradição)
Miúda vendo a imagem de São Jorge a cavalo: “Ó Mãe, quando as
pessoas morrem depois põem-nas em cima de um cavalo, não é?”
Velhota para outra velhota que a acompanhava e que apanhou um bocado de rosmaninho do chão
antes da procissão passar, “Deita fora, esse não presta, ainda não foi pisado
por Nª Senhora”.
(nos dois anos que assisti a procissão o que vi foi quase
toda a gente a apanhar o rosmaninho, às molhadas, mal é lançado da camioneta
que precede a procissão, - no ano passado até assisti cenas de pancadaria por causa do rosmaninho que a
polícia teve de acalmar -, mas acho que o que esta velhota disse faz sentido
embora por motivos diferentes dos dela, o rosmaninho supostamente deveria ficar
no chão até a procissão passar, para
libertar o seu perfume ao ser pisado.)
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