Estava eu sentada num banco de jardim comendo uns bolinhos de queijo (de São Jorge, comprados no Espaço Açores, muito bons) quando um homem veio sentar-se no banco ao meu lado. Eu estava mesmo alapada no meio do banco e cheguei-me mais para a ponta oposta, para lhe dar mais espaço e ficar também eu com mais distância dele. Ele disse "obrigado" e eu respondi "de nada". Depois reparei que ele estava com um cigarro e um isqueiro na mão, nitidamente hesitando em o acender dada a minha presença e o facto de eu estar a comer. E disse-lhe "Pode fumar à vontade, sou fumadora, não me incomoda que fume mesmo eu estando a comer.". Ele fez um ar espantado e disse "Fala português muito bem." Eu ri-me "Claro! Sou portuguesa.", e ele "É???? Não parece nada!". Ainda tentei que ele me explicasse porque é que eu não parecia nada portuguesa mas ele apresentou-se "João Smart" e lançou-se numa converseta de que falava inglês "very good", que o pai dele era inglês (daí o "Smart") e etc.. Fui-lhe dando alguma "trela" (pouca, só o suficiente para manter a conversa, que me estava a divertir, mas sem dar azo a esticanços) e algum tempo depois ele foi levado por um amigo que queria que ele o acompanhasse não sei onde. Mas sei perfeitamente porque é que ele achou que eu não era portuguesa. Porque o estereótipo da portuguesa cinquentona não anda a passear sózinha, não se senta a comer um farnel num banco de jardim, quem faz isso são as estrangeiras turistas ou residentes.
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