Ontem, cerca das 11H00 da noite, fui à janela ver em que
paravam as modas da tempestade. Aqui na rua estava tudo mais ou menos calmo mas
dei de cara com um bêbedo mijão. “Escondido”, como gato com rabo de fora, atrás
de uma árvore fez uma mija tão, tão, tão, tão grande que concluí que tinha
ingerido um barril de cerveja. E a minha conclusão deve ter sido uma muito boa
aproximação da realidade. Quando acabou de mijar deu dois passos e caiu em cima
dum automóvel, voltou à posição vertical e avançou aos esses atravessando a
rua, depois de três passos caiu para a
frente redondo no chão. Logrou levantar-se de novo e andou, aos esses mas em recuo, outra vez para o lado
da rua de onde tinha saído onde caiu novamente, desta vez de costas. Sentou-se,
tentou levantar-se, em vão, três ou quatro vezes, e acabou por arrastar-se de
rabo no chão para junto do passeio, apanhou o chapéu que tinha caído e rolado
quando ele caíra de costas (era um homem jovem, ataviado de fato, gravata e
chapéu) e voltou a pô-lo na cabeça e ali ficou sentado, na beira da rua,
encostado a um automóvel estacionado em cima do passeio. Pensei em chamar a polícia
para vir tomar conta dele antes que se estatelasse novamente no meio da rua e
fosse passado a ferro por um automóvel ou um autocarro. Mas depois reparei que
um senhor que vinha na rua a caminho do restaurante aqui do prédio ao lado, que
ainda estava aberto, o tinha visto e resolvi recolher-me e borrifar no assunto
porque chamar a polícia é uma seca, demoram a chegar e ainda vêm chagar quem os
chamou com perguntas e mais perguntas porque entretanto, como demoram imenso a
aparecer, a razão porque os chamámos já passou, e também porque pensei que um bêbedo
daquele calibre se fosse atropelado não era desmerecido e que o senhor que o
tinha visto provavelmente impediria que isso acontecesse. Passado algum tempo
voltei à janela só para espreitar se o borrachão ainda era visível (atropelado ainda não fora com certeza ou eu teria percebido pelos sons). Não era visível, mas
pelas conversas audíveis provenientes da porta do dito restaurante deu para
perceber que ele estava lá na companhia de outras pessoas. Pareceu-me bem
já que fora, seguramente, lá que ele se enchera de álcool muito para lá de
todos os limites.