Era quase meia-noite quando comecei a ouvir a voz inconfundível da vizinha borrachona. Ela estava dentro de casa e não consegui perceber o que dizia. Passado pouco tempo ouvi um estrondo e uns "triz" de algo de vidro ou louça a quebrar. Fui à janela. A borrachona não estava visível mas na rua em frente ao prédio dela eram bem visíveis cacos de louça branca em grande quantidade. Fosse o que fosse que ela lançou da varanda do 3º andar onde mora era um objecto de dimensões apreciáveis pois a cacaria era muita. No passeio do lado do prédio onde moro estava um casal a olhar para a varanda da borrachona e a comentar que aquilo quase lhes ia caindo em cima, que era de loucos alguém atirar coisas assim para a rua. Presumo que eles fossem a passar no passeio do outro lado e que tenham atravessado depois do lançamento. Por mim, desde o dia que vi a borrachona arrancar um pedação do estore da janela da varanda e atirá-lo para a rua, nunca mais passei naquele pedaço de passeio junto ao prédio onde ela mora. Mas quem não sabe que mora lá uma borrachona insana passa normalmente. Algum dia alguém leva mesmo com algo na cabeça. Algum tempo depois desta cena chegou uma ambulância dos bombeiros. Quando saíram, o motorista, um homem já dos seus 50 e tal anos, foi o primeiro a sair e vinha furioso, a refilar e a fazer gestos de "merecias era levar porrada" para o prédio. Depois saíram os dois socorristas com a borrachona. Que vinha amparada por eles e com uma mão nas costas como se as costas lhe doessem, (provavelmente doíam, deve ter-se estampado de costas com a bebedeira), e seguiu na ambulância.
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