(As
minhas desculpas aos doentes com esquizofrenia, o texto que segue pode ser
ofensivo para eles, mas esquizofrenia foi a melhor palavra que encontrei para
classificar o fora da realidade, a “realidade” paralela. E, infelizmente, no
contexto, sem tratamentos nem medicamentos que lhe valham.)
A
União Europeia pretende manter o impossível, ou seja, uma união monetária sem
união financeira (não é preciso ser financeiro, nem economista, nem historiador
para se saber que isso não existe, basta ser atento e estar minimamente
informado. E na génese da UE estava, obviamente, a união financeira seguir-se à
união monetária). Decorrente deste fora da realidade e de outro fora da
realidade que é a rédea livre permitida pelos governos em geral, dentro e fora
da UE, aos denominados “mercados”, está em curso um crise financeira na Europa (e não só).
Neste
país à beira-mar plantado essa crise
bateu forte e feio. E um bando de impreparados sedentos de poder, com a grande
ajuda de outro impreparado que graças aos impreparados portugueses que nele
votaram – ou se abstiveram de votar permitindo a sua eleição - estava na
presidência da república (e continua a estar), aproveitou a situação para derrubar o governo em
funções (que, do meu ponto de vista e para que fique bem clara a minha posição,
não era “flor que se cheire”, e eu abominava, mas era bastante mais preparado
quer do ponto de vista político quer do ponto de vista técnico do que o bando
sedento de poder que tudo fez para o derrubar). E os portugueses impreparados
deram a vitória nas urnas ao bando de impreparados sedentos de chegar ao poder,
embora uma vitória que os obrigou a uma coligação com outro bando talvez menos
impreparado mas não menos sedento de poder ao qual só consegue ascender em
coligações (mais uma vez porque os impreparados portugueses votaram neles ou porque não puseram lá os pés,
se abstiveram). E se já estávamos no descalabro, cada vez mais no descalabro
ficámos. Dois anos após, durante os quais o bando de impreparados que se ocupou
do governo nada mais fez do que “baixar as calcinhas” aos poderosos do bando fora
da realidade da UE e aos “sacrossantos mercados”, exaurindo completamente o
país, chega a cena mor da esquizofrenia.
O
Ministro das Finanças (e de Estado) admite publicamente que errou mas em vez de
se manter no cargo e emendar os erros... demitiu-se.
O
PM em vez de aproveitar a situação para arranjar um novo MF que emendasse os
erros do anterior, conduziu ao cargo uma secretária de estado do anterior
ministro, não só seguidora das suas políticas (que ele próprio considerou)
erradas como, ainda por cima, na berlinda há meses por ter sido anteriormente
responsável numa das muitas empresas públicas que estão no centro de (mais uma)
escandaleira de mau uso de dinheiros públicos com investimentos (???) em SWAPS (ver post "PODE??? - Um país").
Então
o chefe do bando menor da coligação, que ocupava o cargo de Ministro dos
Negócios Estrangeiros (e de Estado) desagradado com a indicação da senhora SWAP
para MF... demitiu-se.
E
o PM veio dizer que não aceitava essa demissão e que também não se demitia.
E
o PR disse que quem tinha de resolver a confusão criada era a Assembleia da
República.
E
o PM e o demissionário MNE passaram horas reunidos e no final dessas horas de
reunião descobriram que têm uma solução para manter o governo de coligação que
vão apresentar ao PR, que segundo eles próprios dizem é uma solução a título
pessoal (carece portanto do aval dos
partidos a que pertencem e que compõem e sustentam a coligação) e que mais
ninguém além deles próprios sabe que solução é.
Entretanto
há uma interpelação na AR sobre políticas de austeridade e sustentabilidade da dívida onde o Governo é representado não pela Ministra das Finanças Sra. SWAP mas sim
pelo Ministro da Saúde, que era o ministro que o demissionário MNE e chefe
do partido minoritário da coligação pretendia que tivesse ocupado o cargo de MF
em vez da Sra. SWAP.
Se
isto não é esquizofrenia institucional em último grau... não sei o que
seja?!?!?
Acabo de ouvir o PM, afinal o que foi a título pessoal foi a demissão do MNE (???) quanto a solução para a manutenção da coligação ainda não existe nenhuma, o PM e o ex-MNE (que se demitiu só a título pessoal e portanto continua a negociar em representação do colectivo que preside) ainda não chegaram a nenhum acordo.
Reitero e reforço: se
isto não é esquizofrenia institucional em último grau... não sei o que
seja?!?!?
Aguardam-se
os próximos capítulos do delírio.