quinta-feira, 4 de julho de 2013

PODE??? - Esquizofrenia institucional



(As minhas desculpas aos doentes com esquizofrenia, o texto que segue pode ser ofensivo para eles, mas esquizofrenia foi a melhor palavra que encontrei para classificar o fora da realidade, a “realidade” paralela. E, infelizmente, no contexto, sem tratamentos nem medicamentos que lhe valham.)

A União Europeia pretende manter o impossível, ou seja, uma união monetária sem união financeira (não é preciso ser financeiro, nem economista, nem historiador para se saber que isso não existe, basta ser atento e estar minimamente informado. E na génese da UE estava, obviamente, a união financeira seguir-se à união monetária). Decorrente deste fora da realidade e de outro fora da realidade que é a rédea livre permitida pelos governos em geral, dentro e fora da UE, aos denominados “mercados”, está em curso um crise financeira na Europa (e não só).

Neste país à beira-mar plantado  essa crise bateu forte e feio. E um bando de impreparados sedentos de poder, com a grande ajuda de outro impreparado que graças aos impreparados portugueses que nele votaram – ou se abstiveram de votar permitindo a sua eleição - estava na presidência da república (e continua a estar), aproveitou a situação para derrubar o governo em funções (que, do meu ponto de vista e para que fique bem clara a minha posição, não era “flor que se cheire”, e eu abominava, mas era bastante mais preparado quer do ponto de vista político quer do ponto de vista técnico do que o bando sedento de poder que tudo fez para o derrubar). E os portugueses impreparados deram a vitória nas urnas ao bando de impreparados sedentos de chegar ao poder, embora uma vitória que os obrigou a uma coligação com outro bando talvez menos impreparado mas não menos sedento de poder ao qual só consegue ascender em coligações (mais uma vez porque os impreparados portugueses votaram neles ou porque não puseram lá os pés, se abstiveram). E se já estávamos no descalabro, cada vez mais no descalabro ficámos. Dois anos após, durante os quais o bando de impreparados que se ocupou do governo nada mais fez do que “baixar as calcinhas” aos poderosos do bando fora da realidade da UE e aos “sacrossantos mercados”, exaurindo completamente o país, chega a cena mor da esquizofrenia.

O Ministro das Finanças (e de Estado) admite publicamente que errou mas em vez de se manter no cargo e emendar os erros... demitiu-se.
O PM em vez de aproveitar a situação para arranjar um novo MF que emendasse os erros do anterior, conduziu ao cargo uma secretária de estado do anterior ministro, não só seguidora das suas políticas (que ele próprio considerou) erradas como, ainda por cima, na berlinda há meses por ter sido anteriormente responsável numa das muitas empresas públicas que estão no centro de (mais uma) escandaleira de mau uso de dinheiros públicos com investimentos (???) em SWAPS (ver post "PODE??? - Um país").
Então o chefe do bando menor da coligação, que ocupava o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros (e de Estado) desagradado com a indicação da senhora SWAP para MF... demitiu-se.
E o PM veio dizer que não aceitava essa demissão e que também não se demitia.
E o PR disse que quem tinha de resolver a confusão criada era a Assembleia da República.
E o PM e o demissionário MNE passaram horas reunidos e no final dessas horas de reunião descobriram que têm uma solução para manter o governo de coligação que vão apresentar ao PR, que segundo eles próprios dizem é uma solução a título pessoal (carece  portanto do aval dos partidos a que pertencem e que compõem e sustentam a coligação) e que mais ninguém além deles próprios sabe que solução é.
Entretanto há uma interpelação na AR sobre políticas de austeridade e sustentabilidade da dívida onde o Governo é representado não pela Ministra das Finanças Sra. SWAP mas sim  pelo Ministro da Saúde, que era o ministro que o demissionário MNE e chefe do partido minoritário da coligação pretendia que tivesse ocupado o cargo de MF em vez da Sra. SWAP.
Se isto não é esquizofrenia institucional em último grau... não sei o que seja?!?!?
Acabo de ouvir o PM, afinal o que foi a título pessoal foi a demissão do MNE (???) quanto a solução para a manutenção da coligação ainda não existe nenhuma, o PM e o ex-MNE (que se demitiu só a título pessoal e portanto continua a negociar em representação do colectivo que preside) ainda não chegaram a nenhum acordo.
Reitero e reforço: se isto não é esquizofrenia institucional em último grau... não sei o que seja?!?!?
Aguardam-se os próximos capítulos do delírio.

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