Um dia, há muitos anos, na rua onde eu morava disparou um
alarme dum carro, daqueles tipo buzina de camião, por volta da meia-noite. E
uma hora depois ainda continuava a buzinar. Eu queria ir dormir e a primeira
coisa que pensei foi chamar a polícia. Mas já farta de ser sempre eu a ter de
me chatear a chamar a polícia, apesar de existirem mais milhentos incomodados, e
sendo o meu quarto para as traseiras da casa, um pátio privado e oposto à rua
onde estava a buzina, decidi fechar totalmente todas as janelas e estores e
portas interiores e enfiar uma almofada em cima da cabeça, medidas que eliminaram
para mim o barulhão do alarme, e deixar a solução do problema
para os outros incomodados sem recursos iguais ao meu para resolver o incómodo,
os (muitos) vizinhos que tinham os quartos virados para a rua. No dia seguinte
de manhã, quando saí no bairro, fresca e
bem dormida, encontrei imensos vizinhos, ensonados e cheios de olheiras, a
queixarem-se de dores de cabeça e a lamentarem-se porque não tinham conseguido
dormir nada à conta da buzina que, segundo disseram, tinha atroado os ares
ininterruptamente até às 7 da manhã. E – como é possível?!?!!? - nenhum desses, muitos, lamentosos ensonados
tinha feito absolutamente nada para tentar parar aquela barulheira.
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