Ia sair com um grande vidro (de um quadro) na mão, a caminho do vidraceiro
onde ia pedir orçamento para um igual porque aquele estava com as pontas
quebradas. Pousei-o no patamar para depois fechar a porta mas a porta decidiu
adiantar-se e fechou-se na minha cara com as chaves lá dentro. Nem sequer tinha
telemóvel porque estava sem carga nenhuma quando o peguei para sair e deixei-o
a carregar já que não adiantava levá-lo sem carga. Resolvi ir fazer o que tinha
a fazer e deixar para o regresso a solução do problema de como ia entrar em
casa. Em última hipótese pedia a um vizinho para chamar os bombeiros mas não me
apetecia nada, mete polícia e comprovativos de residência e ainda se paga um
balúrdio (embora de outra vez – “BANALIDADES – Reacção automática” - não me
tenha acontecido nada disso mas foi por sorte). No regresso fui ao café aqui do
lado, onde me conhecem há muito tempo, muito antes de eu aqui morar porque
tenho uma amiga que mora nesta rua há 40 e tal anos e comecei a ir a esse café
com ela já há imensos anos, e perguntei se não conheciam um ladrão que pudesse
vir abrir-me a porta. Os senhores do café, um casal dos seus setenta e tais
anos, riram-se e disseram-me que ladrões não conheciam mas para eu ir à loja de
ferragens da rua e falar com o senhor Fulano que ele se pudesse resolvia o
problema. Respondi-lhes que já me tinha
ocorrido mas que o senhor Fulano não me conhecia de parte alguma e temia que
ele pensasse que eu queria arrombar uma casa. Eles disseram para eu dizer que
ia da parte deles. Lá fui. Apresentei-me ao senhor Fulano, disse que tinham
sido os senhores do café a indicar-mo e ao que ia. Ele foi super solícito e
simpático. Fechou a loja e veio comigo munido de uma radiografia mas foi-me
dizendo que sabia como se fazia e porquê resultava mas que nunca tinha feito e
não sabia se ia conseguir. Por sorte a entrada no prédio foi fácil porque
estavam uns senhores a arranjar a fechadura que tem estado avariada impedindo a
abertura através do automático. E depois foi quase uma hora de tentativas em
que o senhor Fulano nunca desistiu e em que contei com a solidariedade de vários
vizinhos que entretanto foram aparecendo (o que foi bom não só pela
solidariedade mas também porque o senhor Fulano ficou com a certeza absoluta de
que a casa era minha). Finalmente, UF!!!, o senhor Fulano conseguiu soltar o
trinco da porta e eu voltei a ter acesso à casa. Melhor ainda o senhor Fulano não
me cobrou nada pelo trabalho. Amanhã vou ao café agradecer terem-me recomendado o
senhor Fulano e perguntar se ele costuma lá ir e o que costuma tomar para lhe
deixar uns cafézinhos, ou o que seja, pagos em agradecimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário