Diálogo entre duas senhoras, na casa dos 70 anos, que se encontram no
corredor de um Centro Comercial: “(...) e do meu filho mais novo também já
tenho uma netinha. E tu?”, “Eu não tenho nada.”, “Então? Os teus filhos estão
atrasados?”.
A pressão social para se casar e ter filhos está bem patente
nesta amostra de conversa que ouvi. Quem não casa e/ou não tem filhos é uma aberração.
Por isso a senhora cujos filhos não cumpriram as “regras” em vez de dizer “eu
ainda não tenho netos” ou "eu não tenho netos", diz “eu não tenho NADA”, por isso a outra pergunta se os
filhos dela "estão atrasados".
Eu, enquanto “aberração” que nunca quis ter filhos, acho mesmo que o "atraso" é de quem acha que casar e ter filhos é uma
obrigação, de quem acha que casar
e ter filhos tem de ser objectivo de toda a gente. E senti alguma pressão social para ter filhos apesar de ter tido a sorte de não a ter sentido por parte da minha
família. Agora a pressão desapareceu porque já passei da idade de ter filhos, (já
sou uma “aberração” sem remédio... eh! eh!).
E toda a gente que toma
essas opções sente essa pressão. Ainda há pouco tempo, numa reportagem que
assisti na TV sobre o assunto, as pessoas entrevistadas que tomaram a opção de
não ter filhos afirmaram que diziam que não podiam ter filhos porque não
estavam dispostas a lidar com a incompreensão que recebiam se dissessem a
verdade, ou seja, que não queriam ter filhos.
Estamos mesmo no século XXI????
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