O
comércio em Portugal prima pela falta de cordialidade e de empenho na resolução
de problemas dos seus clientes com as mercadorias que adquirem. Excepcionando-se
as grandes cadeias de super e hipermercados, em quase todo o lado é uma complicação trocar
uma mercadoria defeituosa e, pior, nem sequer admitem o defeito e desculpam-se
insistentemente afirmando que não há nenhum defeito na mercadoria mas sim culpa do cliente que fez alguma coisa errada. Acabou
de me acontecer com a loja A.Justo – Tricots Brancal da Rua dos Fanqueiros. No
início deste mês adquiri lá 5 meadas de fio de algodão. Dobei as 4 primeiras
sem qualquer problema, há mais de 20 anos que uso fios em meada e que sou eu
que dobo as meadas e até tenho uma dobadoura. Ao tentar ontem dobar a última
meada, para terminar o trabalho que fiz com o fio, a tarefa revelou-se uma missão
de pôr os nervos e a paciência à prova, e de ocupar várias horas, porque a
meada está toda embaraçada, em meia hora consegui apenas fazer um novelo do
tamanho de uma noz. Hoje telefonei para lá a explicar a situação e a perguntar
se trocavam a meada. A resposta do proprietário da loja que me atendeu
deixou-me com vontade de o mandar à merda. Não só não trocam, como não se
ofereceram para dobarem eles a meada, como, ainda por cima, levei com um
discurso sobre a impossibilidade da meada estar embaraçada e de, portanto, ser óbvio
que fui eu que a embaracei por não saber dobar meadas de fio. Como já referi eu
sei dobar meadas de fio, tenho a certeza absoluta de que não fiz nada errado
com a meada e tenho também a certeza absoluta de que a dita meada, por alguma
razão, está toda embaraçada de origem, não fui eu que a embaracei. Mas vou ter
de ser eu a gastar horas e a esturrar a paciência a desembaraçá-la porque o
proprietário da loja onde a adquiri se está a marimbar para os seus clientes, a
única coisa que lhe interessa é defender que a mercadoria que vende tem uma
qualidade seguramente 100% irrepreensível. Consegui não o mandar à merda no fim
da conversa, limitei-me a cortar o longo discurso dele, de que só podia ter
sido eu a embaraçar a meada, de uma maneira abrupta e a desligar o telefone. Mas
ele perdeu uma cliente pois eu nunca mais lá vou comprar nada. E depois
queixam-se de que não têm clientes e põem as culpas nos centros comerciais. Se
calhar era preferível fazerem um exame de consciência e perceberem que perdem
clientes por causa do seu próprio comportamento que não é focado no cliente em
nada desde os horários praticados até ao atendimento das reclamações
apresentadas.
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