terça-feira, 21 de outubro de 2014

DE PASSAGEM - Tiodete

Há uma ou duas semanas uma senhora, dos seus setenta e tais anos, com quem cruzei na rua aqui perto da zona onde moro, meteu conversa comigo por ambas termos o cabelo cortado curtinho. Ontem vi a senhora a dois ou três metros de distância e acenei-lhe em cumprimento. Ela gritou que não me estava a reconhecer. Fui ter com ela e lembrei-a do nosso encontro anterior. Ela lembrou-se, reconheceu-me, pediu desculpa de não me ter reconhecido à distância por não ver bem ao longe e fez mais um bocado de conversa, dizendo-me que o bairro dela é Alcântara e que só veio morar aqui na zona da Alameda depois de ter regressado da Alemanha onde esteve vários anos emigrada. E perguntou o meu nome. Eu disse-lhe e perguntei o dela. E ela respondeu-me "Tiodete". Achei estranhíssimo. Nunca tinha ouvido tal nome. E disse-lhe. Ela riu-se. Chama-se Odete, mas em Alcântara é conhecida por Ti(a) Odete e achou que para mim podia ser também Ti Odete. A nossa conversa ficou por ali e segui o meu caminho. A rir. Não só por eu ter achado que ela podia chamar-se Tiodete como porque me lembrei de um senhor da aldeia do meu pai, onde, tal como no Bairro de Alcântara, é normal tratar as pessoas mais velhas por Ti(o ou a), que se chamava Tibúrcio mas toda a gente achava que se chamava Búrcio e que o Ti era o tratamento que lhe davam como davam à Ti Laurinda, ao Ti Manel, à Ti Maria.

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