Ontem andei uns bons quilómetros a pé por Lisboa. Com algumas paragens pelo caminho devo ter andado cerca de 5 quilómetros. E só não foram mais porque decidi terminar o percurso de autocarro. O que foi uma má escolha já que um autocarro da carreira que eu ia tomar avariou e estive mais de uma hora na paragem o que dava perfeitamente para ter terminado o percurso a pé. Fui do Alto do Pina à Paiva Couceiro, tomei depois a Morais Soares até à Parada do Alto de S. João, segui a Rua Lopes, desci pela Igreja para a Afonso III, entrei na D. Fuas Roupinho onde fiz uma paragem, voltei à Afonso III, desci até à Nelson de Barros, segui pela Cruz da Pedra e Santa Apolónia e Bica do Sapato e Caminhos de Ferro até Santa Apolónia (estação), segui depois pela Rua do Jardim do Tabaco de onde me enfiei por Alfama em direcção à Sé de Lisboa (graças às minhas várias incursões por Alfama já consigo, mais ou menos, orientar-me naquele labirinto, não sei bem que ruas tomei mas fui dar à Rua Cruzes da Sé e à Sé como pretendia). Daí desci para a Rua da Madalena e depois para a dos Fanqueiros por onde segui até à Praça da Figueira, e daí para o Rossio, depois para os Restauradores e subi a Av. da Liberdade até ao Marquês de Pombal. Subi a Fontes Pereira de Melo, tomei depois a Andrade Corvo para a Duque de Loulé e fui até à Praça José Fontana local onde tomei a estúpida decisão de apanhar um autocarro para as Olaias. Conclusão desta caminhada: Lisboa está cheia de turistas e de tuc-tuc's de várias "marcas". Não havia nenhum navio de cruzeiro atracado em Sta. Apolónia. Há obras, diversas, por todo o lado. Há muitos prédios antigos restaurados e renovados e também muitos a cair aos pedaços. E também alguns que já foram demolidos e onde estão a construir de novo, presumo que monstros horrorosos que não têm nada a ver com a envolvente como é costume. E há vários buracões, verdadeiras crateras, no meio do piso, em várias ruas, assinalados com grades e fitas "oficiais" (da polícia, da câmara, dos bombeiros) ou assinalados com caixotes e trapos vermelhos e outras coisas informais nitidamente colocados por residentes ou comerciantes da zona. Nem um único a ser reparado. Lisboa é linda mas está muito maltratada.
quarta-feira, 29 de junho de 2016
sexta-feira, 24 de junho de 2016
COISAS DE QUE EU GOSTO - Locais que não mudam
Hoje fui a um sítio onde ia muitas vezes há 30 e tal anos,
quando morava em Oeiras e trabalhava na Baixa de Lisboa e parava lá ao fim da
tarde a tomar uma cerveja antes de apanhar o comboio para casa, e onde já não
entrava para aí há uns 20 anos. Fui lá porque passei à porta e reparei que
tinha um letreiro – raro – de local para fumadores, estranhamente exclusivo
para fumadores, não tem área para não fumadores. O local é o British Bar, no
Cais do Sodré. Que continua igual ao que era há 30 e tal anos. Nos móveis e na
decoração, na grande variedade de cervejas e na permissão de fumar. Além disso
tem um prato do dia a preço de McDonalds que não me lembro se tinha ou não “in
illio tempore” e um serviço simpático mas pouco competente que tenho ideia que
já tinha. Enquanto lá estive fartei-me de rir (para dentro) com a cena de 3
pessoas, um homem obeso até à 5ª casa (metade do rabo dele ficava a transbordar
da cadeira) e duas mulheres, todos na faixa etária 40/50 anos, que entraram no
momento a seguir a eu ter entrado e foram lá almoçar. Pediram uma tábua de
queijos, dois pratos do dia e um prego no pão. Antes de lhes trazerem a tábua de
queijos trouxeram os pratos do dia. Eles passaram-se. Reclamaram que não fazia
sentido nenhum servirem-lhes o prato principal antes das entradas. A empregada pediu desculpa e
disse-lhes que não tinha problema, que cancelavam o pedido da tábua de queijos.
Mas o gordalhão não quis cancelar, nitidamente preferia comer os queijos ao
mesmo tempo ou depois do prato do que dispensá-los. E depois de uma grande
demora trouxeram o prego no pão que era para uma das fulanas. O prego estava
mal passado e ela achou que estava crú e pediu para o passarem melhor. O
empregado levou o prego. E passado um grande bocado voltou a trazê-lo ainda não
tão passado como a cliente pretendia. O empregado tentou convencê-la de que o
prego mais passado do que estava ia ficar uma porcaria. (E tinha razão, bife de
vaca super passado é mesmo uma porcaria, se aquela mulher só gosta de carne
esturricada devia abster-se de comer bifes de vaca). Mas ela não se convenceu e
lá voltou o prego para a cozinha. E quando eu saí ainda não tinha voltado para
a mesa. Vou (re) começar a ir lá tomar uma cerveja quando passar no Cais do
Sodré. Adorei.
segunda-feira, 20 de junho de 2016
HISTÓRIAS ANTIGAS - Valentões de treta
A empresa onde eu trabalhava estava a falir e tinha imensas
dívidas a fornecedores. Uma manhã apareceram à porta da empresa dois matulões
muito mal encarados a exigir o pagamento duma dívida a um despachante. Queriam
falar com o proprietário e administrador da empresa. A directora financeira foi
falar com eles, mentiu dizendo que o administrador não estava lá, e conseguiu que eles saíssem das instalações.
Mas saíram ameaçando que não iam embora dali e que esperavam o que fosse
preciso pelo administrador. À hora de almoço saí para almoçar com um grupo de
colegas (já tínhamos combinado ir almoçar em dois grupos, cada um de sua vez, e
trazer almoço para o administrador para ele não sair) e fomos olhando à procura
dos matulões mal encarados. Apesar de estarmos preocupados com a situação, íamos morrendo de riso quando os topámos, qual filme de espionagem de 3ª
categoria, sentados dentro de um carro estacionado, com jornais abertos à
frente das caras (suponho que tinham uns buracos nos jornais para controlar a
porta da empresa). Quando estávamos a almoçar, num restaurante das proximidades,
os matulões apareceram lá. Falaram com o empregado e foram embora. Perguntámos
ao empregado, que conhecíamos bem pois íamos àquele restaurante quase todos os
dias, o que é que os matulões tinham falado com ele. Tinham perguntado se algum
dos homens do nosso grupo era o administrador. Ele disse que não e por isso eles
saíram. Durante toda a tarde os meus colegas andaram armados em valentões
dizendo ao administrador que se os matulões aparecessem faziam e aconteciam. Só
eu fui avisando o administrador que se os matulões aparecessem era a primeira a
fugir e a fugir bem rapidamente. Depois de fugir chamava a polícia mas não ia
arriscar-me a levar porrada. Alguns de nós fomos saindo, dois a dois, por
alguns minutos, para tomar café e controlar os matulões que lá continuavam no
carro estacionado com os seus jornais a tapar as caras. Mas ao fim da tarde os
meus colegas valentões foram todos saindo e eis senão quando só lá ficámos eu e
o administrador. Que como habitualmente, mas com um ar completamente “enfiado”
me perguntou “Queres boleia para casa?”, eu respondi “Querer não quero, sair
daqui contigo hoje é muito perigoso, mas tudo bem, como os meus colegas
valentões já se piraram todos... eu saio
à frente a ver se os matulões ainda estão por aí. Se não estiverem fico à tua
espera, se estiverem continuo a andar e chamo a polícia para te tirar
daqui.” Ele concordou e assim
combinados, eu saí. Observei cuidadosamente todas as redondezas e nem sinal dos
matulões. Fiquei portanto à espera como tínhamos combinado e ele saiu também e
deu-me boleia para casa. A situação resolveu-se no dia seguinte com uma reunião
com o despachante que tinha enviado os matulões.
sexta-feira, 17 de junho de 2016
BANALIDADES - Não é má-língua, é só crítica
Na fila para ser atendida numa papelaria a senhora que
estava atrás de mim olhando as capas das revistas no escaparate ao nosso lado
foi dizendo mal de todas as pessoas retratadas nessas capas, do Bruno de
Carvalho porque fez plástica e porque isto e aquilo, da Cristina Ferreira
porque se ri muito e quem ri muito não é de confiança e mais isto e aquilo, da
Ana Rita Clara por ter sido fotografada grávida e em topless, e ainda debitou
uma qualquer teoria da conspiração sobre a morte do filho da Judite de Sousa e
a própria Judite, “paga o justo pelo pecador”, que nem sequer percebi. Toda
esta conversa era dirigida a mim. E embora eu seja excelente a dar conversa a
desconhecidos sou ainda melhor a não dar quando a conversa não me interessa
nada. E foi o que fiz neste caso. Às tantas ela deve ter tomado a minha falta
de réplica por censura e resolveu
justificar-se “Isto não é má língua, é só crítica.”, respondi-lhe “Quero lá
saber, não conheço nenhuma dessas pessoas, por mim está à vontade para dizer o
que lhe apetecer sobre elas.” Estranhamente, (ou, pensando bem, talvez não tão
estranhamente assim), esta minha resposta mudou radicalmente o tema da conversa
e ela começou a contar-me que lhe doía imenso a canela porque no supermercado,
ao desviar-se para dar passagem a uma
zorra com mercadoria para reposição (conduzida por uma funcionária que ela
identificou com nome e cargo como se eu soubesse quem era), tinha batido com a
perna no tubo metálico de retenção dos carrinhos de compras. Não percebi como
porque no supermercado que ela referiu o armazém tem a porta directamente para
a área de compras e o local de arrumação dos ditos carrinhos é completamente
fora da área de compras, as zorras com mercadoria para reposição não
circulam perto do estacionamento dos carrinhos. Mas lá lhe dei então um pouco de
conversa, enquanto era atendida pois tinha chegado entretanto a minha vez. Suponho
que ela queria era conversa, não importava o tema, e deve ter ficado
arrependida de ter gasto tanto tempo a fazer “só críticas” às pessoas nas capas
das revistas em vez de ter logo falado do hematoma na canela.
segunda-feira, 13 de junho de 2016
COISAS DE QUE EU GOSTO - Procissão de Santo António
Decidi ir à procissão de Santo António quando descobri que é
mais uma procissão sui generis de Lisboa. Esta descoberta já aconteceu o ano
passado mas no dia da procissão estava a chover e ir meter-me por Alfama no
meio duma multidão de guarda-chuvas não se coadunava com os meus planos de ir
indo à frente da procissão e fotografando os santos de todas as igrejas da zona
que o Santo António vai buscando para integrar a sua procissão. Fui este ano. Em matéria de Santos a procissão
ganha por um à procissão da Senhora da Saúde. Em matéria de espectáculo fica
muito aquém. Mas tem graça. Santo António sai da sua igreja, recebe uma enorme
salva de palmas da multidão, e dirige-se à igreja de São João da Praça onde São
João da Praça (São João Baptista) se junta ao cortejo, continuam depois para a
igreja de São Miguel onde S. Miguel se junta à procissão que continua
serpenteando por Alfama. Santo Estevão vem ter com a procissão à rua nas
traseiras da sua igreja e entra também no cortejo. De seguida encontram-se com
São Vicente que vem da sua igreja até à Rua das Escolas Gerais para integrar a
procissão. E finalmente sai da sua igreja o São Tiago e integra também a procissão em
Santa Luzia. Cada imagem de santo que entra toma a dianteira da procissão. Todos
os santos, à excepção de Santo António, que é uma imagem muito grande e que é
transportado por um carro de bombeiros, e de Santo Estevão que é carregado por homens, têm os andores carregados por mulheres.
À frente, a abrir o cortejo, vão as lanternas e o turíbulo. Depois do desfile
de santos, com o Santo António a encerrar, segue o bispo, as autoridades civis
(o presidente da Câmara e alguns deputados municipais), uma banda de música, representantes de várias irmandades e um altifalante onde alguém vai
debitando rezas, e povo, muito povo (em quantidade de povo esta procissão também
ganha à da Senhora da Saúde) que vai
também rezando alto. Eu fui ver a saída do Santo António que inicia a procissão
e depois dei a volta por trás e fui sempre andando à frente da procissão até
todos os santos estarem integrados no cortejo. Nessa altura parei para ver toda
a procissão desfilar e depois integrei-a, junto com o resto do povo, até ela virar na Calçada do Correio Velho de
regresso à Igreja de Santo António pois para divergir do cortejo antes tinha de
dar uma grande volta para chegar à Baixa (que era para onde queria ir) e não me
apeteceu, já tinha ido a pé de casa para a procissão e caminhado meia
Alfama à frente da procissão.
Santo António sai da sua igreja |
São João da Praça sai da sua igreja |
São Miguel sai da sua igreja |
Santo Estevão aguarda a procissão |
São Vicente aguarda a procissão |
São Tiago aguarda a procissão |
Lanternas e turíbulo abrem a procissão já com todos os santos integrados no cortejo |
São Tiago na procissão |
São Vicente na procissão |
Santo Estevão na procissão |
São Miguel na procissão |
São João da Praça na procissão |
Santo António na procissão |
O Bispo seguido das autoridades civis |
E a banda de música |
terça-feira, 7 de junho de 2016
DE PASSAGEM - Concorrência de supermercados II
Depois de ter aberto um "Meu Super" num espaço exíguo na Rua Morais Soares (meu 'post' DE PASSAGEM - Concorrência de supermercados), o Continente vai agora abrir na Rua Carlos Mardel (transversal da Morais Soares) a dois prédios de distância de um dos Pingo-Doce da zona, num espaço enorme que já foi uma garagem de recolha de automóveis e depois uma loja de tudo-e-mais-alguma-coisa de chineses, um Continente Bom-dia. Decididamente o Continente está interessado nesta zona. E agora sim, com esta dimensão - e suponho que com as promoções do Continente porque ao contrário do Meu Super que é Continente sem ser Continente (acho que são comerciantes individuais apoiados pelo Continente na gestão e nas compras em grupo), o Bom Dia é mesmo Continente, apenas é segmento supermercado e não hipermercado como os Continente sem Bom-dia - vai mesmo fazer concorrência aos outros supermercados da zona, incluindo o coitado do minúsculo Meu Super a poucos metros de distância e o Pingo Doce que fica mesmo ao lado. Aliás hoje ouvi comentários na rua, de passantes que estavam parados a apreciar as obras que estão a ser feitas no espaço quando eu passei por lá, dizendo que o Pingo Doce ia fechar aquela loja e abrir na Rua da Palma. Não sei se é verdade mas faz algum sentido. O Pingo Doce tem várias lojas mais ou menos próximas da da Carlos Mardel, uma mesmo muito próxima, na Almirante Reis perto da Praça do Chile, outra na Av. de Paris e outra nas Olaias e não tem quase loja nenhuma na zona da Baixa-Martim Moniz, apenas uma, aliás bastante pequena, na Rua 1º de Dezembro. E pelos vistos, dada a quantidade de supermercados que por aqui existem, esta é uma zona muito apetecível para estas lojas.
quinta-feira, 2 de junho de 2016
BANALIDADES - Pombas estúpidas
Um casal de pombas fez ninho e postura, que anda a chocar pressurosamente, numa reentrância da parede do meu prédio abaixo das minhas janelas que tem apenas 20x14 cm. Vai dar asneira. Os borrachos quando estão em condições de voar e deixar o ninho têm praticamente o tamanho de uma pomba adulta. E até chegarem a esse ponto fazem exercícios de espanejamento das asas. Naquele espaço mal vão caber mesmo quietinhos. E quietinhos eles só vão ficar enquanto forem recém nascidos. Vão ser mais dois borrachos que não vão chegar a adulto, muito antes de saberem voar e subsistir sózinhos vão cair do ninho. E mesmo que não morram da queda vão morrer de fome porque os pais pombas não são capazes de ir buscá-los nem alimentá-los fora do ninho.
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