Cena 1, 23H00, (estou sentada, a ler)
BAAAM!
BAM!
(não oiço mais nada, nem gritos, nem vozes, e não me apetece interromper a leitura, não vou à janela ver o que aconteceu)
Cena 2, 23H30, (acabo de ler e vou à janela)
Uma carrinha estacionada em 2ª fila, na via direita da faixa de rodagem, um carro batido na sua traseira e com a traseira toda amolada, outro carro a metro e meio de distância com a frente amoladíssima e os ‘air-bag’ insuflados. Um homem deitado no chão ao lado deste carro. E montes de gente. O homem deitado no chão não parece estar muito mal, conversa com algumas das pessoas que estão à volta.
Cena 3, 23H45, (ando de um lado para o outro, a preparar-me para ir dormir)
Vozearia, gritaria, uma voz que se destaca: “Sim, sim, eu bati, mas...”
(volto à janela)
É a voz do homem que estava deitado no chão e que, agora, anda de um lado para o outro afagando insistentemente o queixo. Continua a gritar repetidamenter, “Sim, sim eu bati mas...”, não consigo perceber qual é o mas.
Cena 4, meia-noite, (volto à janela para espreitar o acontecimento uma última vez antes de ir dormir)
Chega a polícia. O homem que continua a afagar o queixo nem os deixa sair do carro, dirige-se imediatamente a eles e fala-lhes pela janela: “Eles estavam aqui estacionados na estrada, eu vinha a subir e quando reparei não consegui desviar-me e bati. Assim que saí do carro ele (aponta para outro homem, supostamente o dono do outro carro) veio direito a mim e deu-me um murro (aponta para o queixo) que me atirou ao chão.
Dei por finda a história e fui dormir. Com pena de não ter ido à janela logo que ouvi o BAAAM! e assim ter perdido o momento do murro...
(De manhã os únicos vestígios eram uns cacos de vidro e de plástico na valeta.)
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