Saí
de casa eram quase 3 da tarde e apanhei um susto mal pus o pé na rua, dois
enormes carros de bombeiros e bombeiros por todo o lado, carros da polícia municipal e os polícias
respectivos, carro e pessoal da protecção civil. Não cheirava a queimado
pelo que o meu susto inicial reduziu de nível. O fosse o que fosse que estava a
acontecer era na rua transversal de e para onde acontecia todo o movimento.
Caminhei nessa direcção (que era a minha direcção), a rua estava com a passagem
impedida a uns metros do cruzamento por fitas e polícias, no meio da rua
estavam duas ambulâncias e uma tenda-câmara de descontaminação, bombeiros todos
cobertos, tipo astronauta, com fatos protectores anti contaminação a entrarem e
saírem, com a ajuda de uma escada, pela
janela de um apartamento, carregando grandes sacos pretos e sendo
descontaminados, eles e os sacos, de cada vez que saiam. Depois saíram do
prédio os tripulantes do INEM também vestidos “de astronauta” e carregando uma
pessoa numa maca com máscara de oxigénio e soro. Isto foi o que vi. O que consegui descobrir da conversa que tive
com o senhor da papelaria, que fica exactamente no cimo da rua da
confusão, e onde eu ia e fui, foi que os habitantes do dito apartamento eram
vários ucranianos e que tudo começou porque eles próprios chamaram o
INEM . Veio o INEM, que já entrou no apartamento com fatos protectores, e
levou dois deles com máscara de oxigénio e soro, o que eu vi e outro antes de eu chegar (e parece
que são mais mas ninguém viu os outros). E logo depois veio a polícia e a protecção civil que proibiram os
outros moradores do prédio de sair (tipo ninguém sai e ninguém entra, vi
moradores a chegar enquanto estive na rua e não entraram) e os mandaram abrir
as janelas. E depois os bombeiros e o aparato que já contei.
Quando
regressei, cerca de 3 horas depois, os bombeiros já tinham ido embora, a rua já estava aberta ao trânsito
mas continuava um batalhão de polícias, municipais e também PSP's, na rua... E lá continuavam
quando fui dormir. Achei que só podiam estar a fazer uma espera aos restantes moradores do
apartamento que não foram levados pelo INEM...
No
dia seguinte estava tudo tranquilo e resolvi “puxar o assunto” no comércio
local onde fui. O senhor da papelaria não sabia mais nada além do que me tinha
contado na véspera. A versão no mini-mercado era a seguinte 1. eram romenos; 2.
foi uma tentativa de suicídio de um casal; 3. o meio que usaram para se
suicidar foi espalhar cloreto de sódio por toda a casa, ou, melhor dizendo,
soda cáustica, na versão de outro empregado. (Foi um esforço eu controlar o
riso). Na farmácia não havia clima para cusquices, estava cheia. No meu tasco
preferido da zona a versão era o suicídio mas sem mais pormenores.
Juntando
o que vi com o que me contaram, as únicas certezas com que fiquei foi que
eram um homem e uma mulher cidadãos de leste, que aparentemente não trabalhavam
pois andavam sempre por aí, que viviam mais cidadãos de leste na casa ou, pelo
menos, a frequentavam assiduamente, que o dito casal foi levado para
o hospital com oxigénio e soro, que o seja lá o que fôr que havia na casa
obviamente não era cloreto de sódio, nem sequer soda-cáustica. Fosse o que
fosse era altamente tóxico, ou a protecção civil e os bombeiros não teriam tido
os cuidados que tiveram. ‘Googlei’ sódio (dadas as versões Sal e Soda-cáustica)
e descobri que há uma substância chamada oxalato de sódio que é altamente
tóxica por inalação e também... usada no fabrico de explosivos.
Alguns
dias depois a mulher voltou e continua a
circular por aí, o homem que foi levado de ambulância e todos os outros nunca
mais ninguém os viu.
Era
oxalato de sódio que tinham em casa? Foi uma tentativa de suicídio ou foi um
acidente na manipulação do produto? Fabricavam bombas? Guardavam aquele material? Era dos outros e
eles nem sabiam o que era e mexeram-lhe inadvertidamente?
Ficou
o mistério...
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