segunda-feira, 22 de abril de 2013

A MINHA RUA É UM 'FARWEST' - Cloreto de sódio



Saí de casa eram quase 3 da tarde e apanhei um susto mal pus o pé na rua, dois enormes carros de bombeiros e bombeiros por todo o lado,  carros da polícia municipal e os polícias respectivos, carro e pessoal da protecção civil. Não cheirava a queimado pelo que o meu susto inicial reduziu de nível. O fosse o que fosse que estava a acontecer era na rua transversal de e para onde acontecia todo o movimento. Caminhei nessa direcção (que era a minha direcção), a rua estava com a passagem impedida a uns metros do cruzamento por fitas e polícias, no meio da rua estavam duas ambulâncias e uma tenda-câmara de descontaminação, bombeiros todos cobertos, tipo astronauta, com fatos protectores anti contaminação a entrarem e saíremcom a ajuda de uma escada, pela janela de um apartamento, carregando grandes sacos pretos e sendo descontaminados, eles e os sacos, de cada vez que saiam. Depois saíram do prédio os tripulantes do INEM também vestidos “de astronauta” e carregando uma pessoa numa maca com máscara de oxigénio e soro. Isto foi o que vi.  O que consegui descobrir da conversa que tive com o senhor da papelaria, que fica exactamente no cimo da rua da confusão, e onde eu ia e fui, foi que os habitantes do dito apartamento eram vários ucranianos e que tudo começou porque eles próprios chamaram o INEM . Veio o INEM, que já entrou no apartamento com fatos protectores, e levou dois deles com máscara de oxigénio e soro, o que eu vi e outro antes de eu chegar (e parece que são mais mas ninguém viu os outros). E logo depois veio a polícia e a  protecção civil que proibiram os outros moradores do prédio de sair (tipo ninguém sai e ninguém entra, vi moradores a chegar enquanto estive na rua e não entraram) e os mandaram abrir as janelas. E depois os bombeiros e o aparato que já contei.
Quando regressei, cerca de 3 horas depois, os bombeiros já tinham ido embora, a rua já estava aberta ao trânsito mas continuava um batalhão de polícias, municipais e  também PSP's, na rua... E lá continuavam quando fui dormir. Achei que só podiam estar a fazer  uma espera aos restantes moradores do apartamento que não foram levados pelo INEM...
No dia seguinte estava tudo tranquilo e resolvi “puxar o assunto” no comércio local onde fui. O senhor da papelaria não sabia mais nada além do que me tinha contado na véspera. A versão no mini-mercado era a seguinte 1. eram romenos; 2. foi uma tentativa de suicídio de um casal; 3. o meio que usaram para se suicidar foi espalhar cloreto de sódio por toda a casa, ou, melhor dizendo, soda cáustica, na versão de outro empregado. (Foi um esforço eu controlar o riso). Na farmácia não havia clima para cusquices, estava cheia. No meu tasco preferido da zona a versão era o suicídio mas sem mais pormenores.
Juntando o que vi com o que me contaram, as únicas certezas com que fiquei foi que eram um homem e uma mulher cidadãos de leste, que aparentemente não trabalhavam pois andavam sempre por aí, que viviam mais cidadãos de leste na casa ou, pelo menos, a frequentavam assiduamente, que o dito casal foi levado para o hospital com oxigénio e soro, que o seja lá o que fôr que havia na casa obviamente não era cloreto de sódio, nem sequer soda-cáustica. Fosse o que fosse era altamente tóxico, ou a protecção civil e os bombeiros não teriam tido os cuidados que tiveram. ‘Googlei’ sódio (dadas as versões Sal e Soda-cáustica) e descobri que há uma substância chamada oxalato de sódio que é altamente tóxica por inalação e também... usada no fabrico de explosivos.
Alguns dias depois a mulher voltou e  continua a circular por aí, o homem que foi levado de ambulância e todos os outros nunca mais ninguém os viu.
Era oxalato de sódio que tinham em casa? Foi uma tentativa de suicídio ou foi um acidente na manipulação do produto? Fabricavam bombas?  Guardavam aquele material? Era dos outros e eles nem sabiam o que era e mexeram-lhe inadvertidamente?
Ficou o mistério...

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