Eu mudei de casa, de rua, e até de zona. Mas
o ‘farwest’ continua (quase) igual. (Começo a achar que escolhi mal o título, devia ser «Lisboa é um 'farwest'»).
Quatro
da tarde. Como é sábado o trânsito é pouco e tudo estava sossegado. De repente
começo a ouvir uns altos berros que nem dava para perceber se eram um
chamamento, um lamento, uma brincadeira, ou o quê. Como os berros não paravam
acabei por ir à janela. Na rua um casal que mora num dos prédios aqui em
frente. Ela com a mão direita levantada e embrulhada num pano da loiça cheio de
sangue, aos berros e a dar pontapés nele. Ambos notoriamente com grandessíssimas bebedeiras. Outro casal,
também morador no dito prédio, e em estado normal de sobriedade, tentava
acalmá-los. Chegou uma ambulância do INEM e esse casal, que aparentemente se
deparara com a situação do casal vizinho ao sair do prédio, seguiu caminho rua
fora. A fulana do casal de bêbedos entrou na ambulância recusando que o seu
parceiro de bebedeira (e de vida, suponho) entrasse também. Passado um bocado os
INEM’s abriram a porta da ambulância para dizer ao homem que iam para Santa
Maria. Foi uma trabalheira para se livrarem dele e conseguirem voltar a fechar
a porta da ambulância para seguirem viagem. Ele também queria ir, ela
continuava a não querer que ele fosse, e quando, finalmente, se convenceu a não
ir continuou sem arredar pé a perguntar onde é que era o Santa Maria.
Finalmente lá conseguiram livrar-se dele e arrancar. E foi por um triz que ele
não foi mesmo para Santa Maria com ela. Atravessou a rua andando aos S’s, por detrás da
ambulância e sem olhar, e só não foi atropelado por um automóvel em sentido contrário porque o dito vinha devagar e o condutor conseguiu parar antes de embater nele. Se já estão neste estado de alcoolemia às quatro
da tarde... imagino que as noites deles em vez de serem de sono são de coma
alcoólico.
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