quarta-feira, 9 de abril de 2014

A MINHA RUA É UM FARWEST - Muitos grãos na asa - Cena 8

A borrachona do prédio da frente voltou a atacar ontem à noite. Desde Setembro que andava sossegadita. Acho que é uma bêbeda sazonal, só se enfrasca quando está calor. Eram umas 10 e picos da noite quando comecei a ouvir a voz inconfundível dela. Toda entaramelada, não se percebia o que dizia. Estava sentada na floreira aqui mesmo à porta do meu prédio, lata de cerveja na mão, ora falava, ora estava calada. Depois foi para casa e veio para a varanda atirar a roupa e os sapatos do marido para a rua, sempre aos berros. Ele veio à rua apanhar as coisas. Também estava um bocado alcoolizado, os passos eram incertos. Passado um bocado ela voltou à varanda e voltou a atirar a roupa e os sapatos para a rua. Um bom samaritano qualquer que ia a passar (e que provavelmente não percebeu que era uma adulta bêbeda que estava a atirar as coisas para a rua, deve ter pensado que era uma cena de criança) apanhou tudo e entrou no prédio. Não o vi sair mas enquanto ele esteve dentro do prédio ela continuou a atirar roupa para a rua que lá ficou. Ou seja, o bom samaritano percebeu entretanto que era uma cena de bebedeira e já não se deu ao trabalho de apanhar as coisas. Um pouco mais tarde chegou a polícia. Esteve algum tempo dentro do prédio e depois saiu acompanhada do marido. Ele não ia detido, ia apenas a acompanhar os polícias. Suspeito que ia dormir para a esquadra para dar tempo a que ela curtisse a bebedeira e se acalmasse. Antes de entrar no carro da polícia ele apanhou as roupas que ainda estavam espalhadas na rua e foi pô-las dentro do prédio. Depois disso ela ficou calma, não voltou a berrar nem a atirar nada para a rua.

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