Quando saí estava um par de sapatos (estampado leopardo e salto alto) no muro da igreja que há no fundo da rua. Era apenas mais um par de sapatos que alguém não queria mais e deixou na rua, como muitos que passo todo o tempo a ver por aí (assunto sobre o qual já escrevi um 'post', "COISAS QUE NÃO ENTENDO - Onde Judas perdeu as botas"). Mas quando regressei, alguém com sentido de humor e de oportunidade, tinha-os transformado numa coisa divertida. Continuavam no mesmo sítio, no muro da igreja, mas tinham um letreiro, um quadrado de papel branco com uma letra muito bem desenhada a preto "TAMANHO 38 - 5 EUROS".
No autocarro, que tomei para atravessar metade da cidade e ir à Cordoaria à Feira de Antiguidades para a qual tinha um convite, entrou, duas paragens depois de mim, uma velhota com uma folha de palmeira na mão (hoje é, para os cristãos, Domingo de Ramos). Dado o local onde entrou no autocarro e o que se seguiu vinha seguramente da IURD . Até sair do autocarro, em Campolide, foi todo o tempo a abanar a palma, ou a passá-la pela cabeça e pelo corpo, a cantar Hossana! Hossana! e Aleluia! Aleluia! e a contar, para todo o mundo e ninguém, que o pastor tinha dito isto e aquilo e feito isto e aquilo. Quando saiu do autocarro continuou rua fora abanando a palma e cantando Hossana! e Aleluia! Felizmente não havia no autocarro mais nenhum velhote a "bater mal da bola" ou o mais certo era ter-se armado um "salsifré".
A IURD anda sempre muito activa nesta época. Já vieram este ano, tal como no ano passado, tocar à campainha aqui de casa a dizer que queriam convidar-me para o aniversário da morte de Jesus (o que não deixo de achar estranho, não pelo proselitismo, que abomino mas já sei que eles praticam, mas porque não percebo porquê o aniversário da morte e não o aniversário da ressurreição?!?!? Será que eles, ao contrário dos católicos, não acreditam na ressurreição de Jesus????) e hoje, no regresso a casa, cruzei com uma verdadeira horda deles (a sério, eram à vontade uns 30), de coletes vermelhos, a tentarem impingir o seu jornalzinho prosélito aos passantes (e, presumo, a colocá-lo nas caixas de correio). Recusei os jornais que tentaram dar-me e desta vez, como estava em andamento e nem abrandei, não tentaram dar-me seca perante a recusa.
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