Um
dos prédios em frente ao prédio onde moro é habitado por um clã (ou vários) de
famílias Romani (ciganos romenos), homens novos e velhos, mulheres novas e
velhas e várias crianças, à vontade umas 30 a 40 pessoas. À parte de vez em
quando fazerem umas barulheiras entre eles que extravazam para a rua em grandes
e teatrais alaridos, ou que obrigam a deslocações da polícia (chamada por eles
mesmos) ao prédio, não incomodam. Na realidade até dão colorido à rua pelas
roupas das mulheres e das meninas, uma explosão de cores e padrões, dos lenços
que usam na cabeça, passando pelas saias até aos pés, e terminando nas sandálias
de cunha abertas que quando está frio são complementadas com meias de cores
berrantes. Ao que me tem sido dado observar os homens trabalham na construção
civil e as mulheres circulam pela cidade pedindo esmola e vendendo almanaques
Borda d’Água. E vão buscar cabazes de alimentos ao posto do Banco Alimentar da
Igreja aqui da rua, já por mais do que uma vez vi o mulherio a sair de lá
carregado de sacos de compras. O que não deixa de ser estranho pois em
contraponto também já as vi chegar a casa de táxi várias vezes...
E,
pelos vistos, também têm dinheiro para pagar bilhetes de avião, ou de comboio,
ou de autocarro... Porque ontem foram viajar. Bom... também podiam estar a
mudar de casa (não sei se as casas que habitam são arrendadas com mobília) mas
pelo adiantado da hora – passava das 10 da noite – e porque ficaram nas
varandas trotinetes, bicicletes e outras tralhas das crianças que sempre têm
estado “arrumadas” lá, presumo que apenas foram viajar, talvez visitar o resto
do clã à Roménia??? E adorava tê-los visto a entrar no meio de transporte, quer
tenha sido o check-in para um avião, ou um comboio, ou um autocarro. Porque
eram muitos, (quase todos, acho que só ficou um casal que tem apenas uma
criança e muito melhor aspecto do que todos os outros, e que embora também seja
Romani suspeito que não pertença ao mesmo clã dos restantes), e a bagagem era
constituida por sacões, sacos, saquinhos e saquetas e pacotes e pacotões à média
de 3 ou 4 volumes por cada membro do grupo. Sairam daqui em dois táxis e em 3
ou 4 viagens do carro (chaço podre de velho) de um deles que ia largar bagagem e
passageiros longe pois demorava imenso tempo a regressar.
Sem comentários:
Enviar um comentário